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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Recordo-me de ser pequenina e a minha mamã nos fazer umas incríveis festas de anos. A casa era pequena e não eramos própriamente abastados, mas conseguia-se ter um bom nível de vida comparativamente aos tempos actuais.
Na sala de estar/ jantar afastava-se toda a mobilia para o lado e em cima da mesa, com uma toalha perfeitamente normal, colocavam-se os mais variados doces e salgadinhos, tudo caseiro e delicioso. Também havia sempre uns chupas colocados em meia batata coberta a prata (esta técnica aproveitei da minha mãe e dá um jeitaço) e uns rebuçados e a malta servia-se e pronto. E no terraço colocava-se uma mesa para os adultos, com chouricito e bifanas ou moelas, uma jolinhas e ficávamos ali todos reunidos, pequenos e graúdos, a celebrar mais um ano. Quando os miúdos estavam a chegar ao ponto D (de doidice) abria-se a porta e mandava-se tudo para a rua jogar futebol ou às escondidas em pleno bairro, sem sequer haver muita necessidade de supervisão.
E convidava-se as pessoas olhos nos olhos e nem era preciso horário. Todos sabiam onde comparecer e a que horas porque fazia parte da rotina. Porque estávamos habituados a conviver assim, com regras.
Hoje em dia há convites personalizados, espaços alugados qual baptizado, com mesas postas alusivas a um 'Tema' que se formos a ceder à pressão consumista das grandes superfícies ou lojas da especialidade nos fica numa pequena fortuna. Parece quase mal a comida ser caseira e não haver pelo menos um bolo 3D em maçapão/pasta de açúcar que corresponda à temática. E ainda é de bom tom ter um ou dois animadores.
E mesmo assim, mesmo com tanta 'oficialização' e sofisticação, parece que se perdeu algo essencial que é a educação.
No meu caso como a casa é mesmo minuscula não temos feito festas por cá, mas na sala de convivio do prédio, e talvez por eu indicar logo a hora de inicio e fim, ou porque não sendo a minha casa, as pessoas percebem quando subimos com os miúdos que estará na hora de encerramento, ou simplesmente porque a média etária dos mini-convidados é mais baixa, as coisas têm sido mais ou menos pacificas. Mas por exemplo nos aniversários dos meus sobrinhos, bem mais velhinhos, é frequente haver amiguinhos deixados por lá até tarde. E se no caso do mais velho (já com 16 anos) isso me pareça mais normal, juro que não consigo perceber o conceito de pais de crianças de 6/7 anos que largam os miudos à hora de almoço numa casa alheia e os vão buscar depois das 22h, e de muita insistência por parte da mãe do aniversariante.
Curiosamente nos ultimos tempos reparei até que o fenómeno já não se restringe apenas a festas. Mais do que a excepção à regra, agora parece que a regra é aproveitarmos os pais dos outros para babysitters dos nossos filhos. E eu até percebo o motivo económico já que estamos em crise, mas... e o respeito pelo espaço do outro? E perguntarem antes de o deixar a que horas deverão ir buscá.lo e RESPEITAR essa hora?
Juro que fiquei chocada quando há dias fui petiscar a casa da minha irmã. Era Domingo e o meu sobrinho mais novo brincava com um amiguinho. Passam-se umas horas e ninguém ligava sequer a saber do miúdo. Chega a hora de jantar e a minha irmã na dúvida se deveria contar com ele ou se os pais o viriam buscar entretanto. Quando eu comento com o miúdo:
- Vê lá se queres ligar à tua mãe, porque está quase na hora de jantar e pode ela já estar preocupada de não dizeres nada.
Ele responde com o ar mais natural do Mundo:
- Não! Ela disse logo que só me vinha buscar lá para a noitinha.
E pronto! Jantou connosco, e ficou até cerca das 22h00, que foi quando a mãe apareceu. Escusado será dizer que a minha irmã, que serviu de babysitter, ia trabalhar no dia seguinte, e tinha coisas a fazer antes de se deitar, mas acabou por ter de prolongar o serão porque não lhe podia virar costas. Não que ela sequer se queixe muito porque não tem o meu mau feitio, mas caramba... não acho normal.
E o mais incrível é que quando eu disse que achava aquilo estranhissimo ela me explicou que não seria o pior caso, já que o miúdo era um doce e os pais atendiam sempre o telemóvel, mas que no dia anterior tinha lá estado outro menino (e esse sim dava imenso trabalho já que só fazia disparates uns atrás de outros, e acaba por haver sempre confusão com o meu sobrinho) cujos pais simplesmente DESLIGARAM o telemóvel e foram buscá-lo às horas que entenderam (também depois das 22h).
Ora... serei só eu que acho isto estranho e uma falta de educação? Estarei eu assim tão desactualizada e com mentalidade retrógrada?
Reparem... é que no meu tempo também poderia dar-se o caso de ficarmos até mais tarde em casa dos amigos, mas por norma até estavamos com os nossos pais, ou então era mesmo por CONVITE dos donos da casa. Ia-se passar a noite a casa dos amigos, ia-se jantar também, claro... mas por convite, percebem? Nunca por imposição e nunca fiquei com a sensação que qualquer amigo meu fosse simplesmente abandonado em minha casa. Havia uma nítida preocupação com os miudos e muitos pais chegavam a ligar 1 ou 2 vezes a perguntar se estava tudo bem. Seria exagero? Eu não acho exagero, acho que é simplesmente boa educação...
No meio de tudo isto quastiono-me como é que eu, com o meu mau feitio, irei reagir quando os meus tiverem 6 ou 7 anos (espero que antes disso não me larguem cá as bombas-miúdo) e em vez de tomar conta de 2 me vir forçada a tomar conta de 10. Sim, tudo bem que já trabalhei uns aninhos com crianças/adolescentes, mas era paga para isso!! E num dos casos até bastante bem paga... Por isso resolvi elaborar um convite-tipo nuns moldes diferentes do habitual. Ora digam-me o que acham...