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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Como já tive oportunidade de me lamentar por aqui cá por casa tudo se tem estragado e avariado nos ultimos anos. Quando estive grávida confesso que foi um pouco por descuido que não substitui logo as cortinas da sala de estar, que se romperam por causa das tardes solarengas. Isso aliado ao facto de eu ter alguma dificuldade em dobrar-me, e os sofás de pele acabaram por não levar o tratamento de que precisavam e que eu fazia quinzenalmente. Resultado? Foram abrindo pequenos rasgos na zona das costuras, a que inicialmente nem ligámos, mas que começaram a alastrar gradualmente até um ponto que, na primavera passada, achámos que seria o limite do tolerável.
Vai daí lá andei eu de loja em loja a ver sofás e optei por mandar fazer um à medida, pois queria com tulha e com cama para que o meu sobrinho mais velho -desprovido agora do escritório com o belo sofá-cama, que foi agora transformado em quarto para os bebés- tivesse onde dormir quando nos vem visitar. É mais que lógico que demorou mais que o previsto, ou não estivessemos nós em Portugal e que quando chegou, ao abrirmos a parte que supostamente faria cama, detectámos logo um defeito daqueles que, vá-se lá saber porquê, não é detectado na fábrica. Algo tão simples quanto ficarem 2 vãos de mais de 10cm (conforme ilustrado na foto para verem que não será exagero meu) na zona onde supostamente deveria unir. E sim... para quem dorme de bruços até pode ser que dê jeito para meter por lá os braços, mas eu não gostei muito da ideia. Felizmente quem tratou da entrega foi o responsável da empresa, que se prontificou a deixar cá aquele provisóriamente (já lá vai mais de 1 mês) e a corrigir o erro.
Ora com tudo isto queriamos de certa forma proteger o sofá novo mas dar alguma liberdade aos miúdos, pelo que decidi aproveitar dois dos almofadões do sofá antigo para fazer um estilo de puffs por onde poderiam andar à vontade, mas no sofá novo nada de brinquedos nem de sapatos. Eles adoraram a ideia e desde então é ouvi-los falar do 'Meu sofá' com orgulho. Serve também de cama para os bonecos, dá para trocador quando eles estão tão embrenhados nas brincadeiras que hesitam em ir ao quarto trocar a fralda, enfim... a melhor 'reciclagem' que já fiz. Maaasssss.... um deles tem um pequeno rasgo junto à costura que eu ainda não consegui coser (vá-se lá saber porquê tenho sempre uma lista infindável de coisas para fazer...).
Pois estava a Pespineta no dito sofá e de repente constata o óbvio:
-Mamã!! Aqui está um bocadinho estragado!!
-Pois está...-digo eu.
-Deve ter sido o mano ou o papá... ou se calhar o Booo (o ursinho dela).
-Sim, querida... o mais provável é ter sido o Booo....
Não levar os miúdos às compras... não levar os miúdos às compras... não levar os miúdos às compras... não...
É oficial!! O meu Pandinha tem alergia aos diminutivos.
Culpa nossa talvez, pois não falamos 'bebês' (faz-me confusão os patati-patatás) e sempre tratámos as coisas pelos nomes. Mas se por norma se diz 'o carro' não me parece nada exagerado que tratem os carros de brincar por 'carrinhos', mesmo porque... são pequeninos. A questão agora é mesmo o facto dele não aceitar diminutivos para nada.
Aqui há tempos era a 'Joaninha' que insistia em tratar por Joana, expressão essa que a mana também acabou por adoptar (ver post ''Mais valia estar calada''). Mas confesso que esta semana ultrapassou tudo aquilo que eu esperava.
Estava eu a trocar-lhe a fraldocas quando ele vem com uma exigência daquelas que tem de ser satisfeita imediatamente (é sempre assim quando se tenta trocar-lhe a fralda), e no tom mais doce do Mundo começa a exigir 'O Golfo'. Nisto, com aqui a parvinha parva completamente à nora, 'O Golfo' passa a 'Dois Golfos' e o tom e volume intensificam-se, como que a achar que eu o estaria propositadamente a ignorar.
E entretanto, a olhar ao redor, deparo com o que só poderia corresponder à solicitação do miúdo e, meio hesitante lá pergunto:
-Queres o Golfinho, filho?
E fez-se luz na carinha do meu filhote!!
Pois como já referi noutro Post o co-irresponsável abandonou-me por motivos laborais, o que quer dizer que esta semana estou sozinha com os mabecos, com tudo o que isso acarreta de bom e de pavor!! Mas já hoje é quinta e ainda não me atirei da janela, pelo que tenho fé de conseguir chegar com um mínimo de funcionamento cerebral ao fim de semana. Mas adiante...
Ontem na hora do leitinho do deitar a Patapon vira-se para mim e pergunta no tom mais 'macaquinho' do Mundo:
-Puseste chocolate, mamã?
Ora nós temos uma brincadeira cá por casa que é dizer que não posso por mais chocolate no leite porque o chocolate é do papá, e que por isso se põe 'só um bocadinho' para ele não se zangar. E eles costumam sempre agitar o biberon/ copo (ele bebe por biberon e ela por copo, claro... porque já é 'crescida') em frente ao pai e a rir dizem para ele não se chatear que só tem um bocadinho. E riem-se ainda mais quando ele alinha na brincadeira e lhes chama 'malandros'.
E neste contexto, apesar de não ter posto o dito cujo, como na maioria dos dias (mas claro que eles podem continuar a viver na ignorância por mais uns tempos que achocolatados e afins não fazem grande falta), acabei por responder, como é hábito:
-Tem chocolate, mas só um bocadinho...
Nisto a miúda estica o copo e em tom autoritário diz:
-Então vai lá por mais que o papá não está cá!! E a gente não lhe conta...
No prédio do lado andam a fazer obras na fachada já há uns dias, e colocaram uma espécie de telheiro em tela para os moradores poderem entrar e sair com segurança. Pois não há dia que os mabecos não queiram ficar a olhar para lá e a comentar. Penso que sejam os primórdios do célebre fascínio tuga pelo obril, mas também não me custa nada deixá-los olhar para ali 5 minutos e no fundo fazerem o que qualquer reformado faz... mandar bitaites.
Acontece que aqui há dias conseguimos ir buscar os miúdos à escola um pouco mais cedo para poderem andar de triciclo no pátio como já andavam a pedir há semanas. E optámos por lhes colocar os capacetes (os a sério... que não os baldes de Halloween) para andarem mais à vontade em segurança. Obvio que depois insistiram em levar os capacetes para casa e a desculpa era até muito convincente... ficavam para o dia seguinte...
Mas nestas coisas quem tem putos já sabe que quando gostam muito de uma coisa querem sempre levar para a escola para mostrar aos outros, e embora a Patapon não tenha destas avarias tão graves, o Pandinha até de camisola de pijama já foi. Por isso não foi surpresa quando ele, na manhã seguinte, me pediu para ir para a escola de capacete. E se há uma coisa que aprendi enquanto mãe de gémeos é a ser tolerante e a respirar 2 vezes antes de falar. E com isto pensa-se: Faz mal? Pode magoar? Não? Então pode levar!!
E lá foi então o Pandinha com o ar mais feliz do Mundo de capacete para a escola perante o olhar reprovador da irmã, que simplesmente colocou os óculos escuros e seguiu caminho. Já no elevador a Pespineta comenta:
-Aqui não está sol...(e coloca os óculos na cabeça).
Ao sairmos do elevador claro que encontrámos uns vizinhos que se desmancharam a rir ao ver tal cenário. Ele armado em cromo de capacete na cabeça e ela com um ar todo senhoril, de óculos muito bem colcados no alto da cabecinha. Mas isto não desanimou qualquer dos dois mabecos que sairam de cabeça erguida para a rua.
E nisto claro que tinham que olhar para o obril do lado e comentar o facto de lá estar o tal telheiro.
-É para as pessoas entrarem e sairem em segurança... para não levarem com nenhuma pedrinha em cima. E os senhores da obra têm de usar capacete também para não levarem com pedrinhas. Olha que sorte estares de capacete, viste? Assim não te caem pedrinhas em cima!- expliquei eu.
-E que sorte eu estar de óculos mamã!!!- exclama a Pespineta.
Riam-se, riam-se... eu também o fiz. Mas na verdade há muita malta do obril que acha o mesmo que a minha filha de 2 anos... é vê-los por aí de boné muuuuito bem colocado, não vá dar-se o caso de cair um calhau de uma qualquer varanda!!
Ontem a minha filhota teve uma saída digna de qualquer mãe que se preze.
Esta semana estou sozinha com eles pelo que logo no fim de semana dei-lhes a ''cházada'' de que teriam de portar-se bem porque eu não ia conseguir fazer tudo ao mesmo tempo.
-Não és 'tumática' (automática)?- perguntou ele.
-Não, querido... por isso têm de ajudar a mamã e quando quiserem uma coisa têm de esperar.
Recolhido o assentimento deles posso dizer que a semana até começou bem e perante a minha explicação de que estava cansada nem insistiram em ir a pé para a escola.
Mas à noite a ausência do co-irresponsável fazia-se sentir e o Pandinha ficou mais carente. Exigia colo, miminhos e beijos, e agarrava-me com a força de um camião TIR.
-Agora a mamã tem que ir aquecer o leitinho... -expliquei. Mas nada dele aliviar o estrangulamento de pescoço que quase me fazia os olhos sairem das órbitas.
-Quero colinhoooo!! -exigia ele a choramingar.
E nisto andámos por mais uns minutos até eu dizer em tom mais sério que tinha mesmo de ir. Mas não parecia resultar. Até que a Patapon, com a voz mais meiga e maternal do Mundo diz:
-A mamã tem de ir aquecer o leite. Vem para o colo da maninha que eu dou miminho.
Como já percebi que há por aqui muita gente com coração faço um apelo a quem possa disponibilizar um pouco de amor para adoptar esta boneca. Tem apenas 2 semanas e foi abandonada na zona de Lisboa. Mais uma semaninha e já poderá beber leite de um pratinho mas até lá segue com latinha de leite em pó e mini-biberon incluido. Uma delícia!!
MIAUUUUU!! QUEM ME QUER??
A todos os que já viram filmes sobre crianças electrizadas depois de comerem algo com açúcar e que, como eu, acham que aquilo será um exagero... garanto-vos que é real!! E a quem não sabe do que falo basta seguirem o link abaixo para verem um bom exemplo (e já agora aproveitem e vejam o filme completo que é todo ele repleto de bons exemplos...lol).
http://www.youtube.com/watch?v=NUFDjrxEKgg&feature=share
Ora não sendo eu adepta de encher os miúdos com doces também não sou extremista ao ponto de não os deixar comer. Afinal nós também já fomos crianças e não morremos por causa dos chupas de cereja, das tabletes Regina, nem da arte de mastigar 5 Super Gorila em simultâneo... Aliás, são essas pequenas coisas que dão outro gosto à infância...
Por isso costumo deixá-los comer bolachas Maria ou as 'Bolachas do gatinho' (as da marca branca do Jumbo que dão até mais jeito porque vêm em embalagens de 2), e quando me resta um pingo de energia no corpo lá faço um bolinho caseiro. Mas tudo com conta, peso e medida. E talvez por isso, ao olhar para aquele tunel, não antevi que pudesse vir lá um comboio, muito menos um expresso!!
Agora imaginem um cenário idílico de final de tarde. O sol a serenar depois de um dia escaldante, os papás bem dispostos, e uma ida a pé à escola para ir buscar os bebés e passear um pouco com eles a aproveitar os ultimos dias de verão (sim, que prometeram que este seria o verão mais frio de que há memória e por isso -porque os senhores da metereologia NUNCA falham- de certeza que na próxima semana, para compensar as temperaturas tórridas que se fazem sentir, irá nevar em Lisboa...ou pior!!). Toca o telefone e é um amigo e colega do co-irresponsável que vem ter connosco por motivos de trabalho mas decide aproveitar para ver os miúdos e estar um pouco com eles.
Ida ao parque, e tudo a correr bem, com os miúdos a aventurarem-se no 'escorrega dos crescidos' e eu a esfregar as mãozinhas enquanto penso 'Vão cair na cama que nem tordos'. Mas eis senão quando decidimos ir a uma pastelaria local para que o tal amigo tivesse possibilidade de provar uma das especialidades da zona.
-E os meninos o que querem?- pergunto eu longe de imaginar no que me iria meter.
-Pastel de nata com colher!!!! - diz ela.
-Carolina!- pede ele.
******WHAT????******
-Queres o quê, filho??
-Uma Carolina, mamã!
E como temos uma vizinha chamada Carolina que frequenta a mesma escolinha ainda pergunto feita tola:
-Queres ir brincar com a Carolina?
-Não, mãe! Para comer!!
Terror nos momentos seguintes e... PLIM!! Faz-se de repente luz e sugiro:
-Será uma Madalena?
-Isso!!
E no meio do riso que procuravamos conter lá mando vir a Carolina Madalena para o artista e o natinha com colher para a princesa. Até aqui tudo normal, certo?? Mas os putos nesta idade são manhosos e perante terceiros basta um daqueles olhares ternos -quem já tem mabecos sabe do que falo- e conseguem tudo. E o puto assim que acaba a Carolina Madalena pedincha um natinha a pestanejar.
Sim... eu sei que a culpa é inteiramente minha porque deveria ter dito que não. Mesmo porque o 'Efeito Pastel de Nata' já se tinha feito sentir em tempos, mas tanto eu como o co-irresponsável não fizemos uma associação directa. Masssss... ele pestanejou, ok? O puto pestanejou e eu não consegui resistir. Sou uma mãe fraca, sou!! Admito!! Mas acedi APENAS em dar um pastel miniatura. Pois... bastou isso!!
Podem não acreditar, mas 5 minutos depois e já a pastelaria era dele. Perto do Pandinha sob o 'Efeito Pastel de Nata' o Flash fica a parecer uma lesma e o Beep Beep uma minhoca. Como diriam no Algarve 'Ahhhh! Puto marafado!!' Parecia o Buzz Lighthyear a querer ir 'Para o infinito e mais além'!! E nós até eramos 3 adultos, a Patapon até estava (mais ou menos) sossegada, e não conseguiamos ter mão nele!
Da pastelaria até casa (que serão talvez uns 800m) deve-se ter atirado ao chão 30x, corrido outras tantas, agredido a irmã, saltado, gritado... sei lá! Mesmo sem intencionalidade alguma dei por mim a afastar-me dele e, de mão dada com a princesa, a olhar meio de lado com o mesmo ar abismado dos transeuntes, que pareciam achar exagerado um miúdo daquela idade ser transportado qual saco de batatas. Mas foi a única solução que o co-irresponsável encontrou para trazer o mabequinho com um mínimo de segurança (estavamos com imenso medo que corresse de repente para a estrada) e boa disposição, porque se simplesmente lhe dessemos a mão e o tentássemos conduzir a casa ele armava um basqueiro.
E aquele coitado daquele rapaz, que ingénuamente decidiu vir ter connosco naquele dia fatídico, deve ter saído daqui com alergia a crianças. Mas juro - Filipe se me estás a ler é verdade!!!- os meus filhos NÃO SÃO ASSIM!! Foi o 'Efeito Pastel de Nata'...
Culpa do meu pai, é certo... mas as alentejanices estão-me no sangue.
Hoje em dia seria impensável dar-se algum tipo de objecto cortante para as mãos de um miúdo sem se andar a olhar para trás das costas a ver quando apareceria a PSP e a Protecção de Menores, e no entanto eu NUNCA me cortei com o canivete que o meu pai me deu, nem mesmo quando corto pão à alentejana (corta-se em cunha segurando o pão contra a barriguita e fazendo aquele perigoso movimento de fora para dentro) para mais uma açordinha. Sim, também tenho tábua de pão e também sei que se pode dar-lhe uso... mas não gosto!! Para ele sempre fui o 'Joãozinho', pelo que é natural que mesmo nestas tarefas domésticas goste de desafiar o perigo, qual piloto de fórmula 1.
Mas mais que açorda há uma coisa a que não resisto e que faz revirar o interior de muita gente... cabecinhas de borrego no forno! Vai ser hoje o jantar por aqui. À malta de coragem que por aqui andar... confiem em mim que é bom. E se quiserem experimentar é muito simples... cabeça bem limpinha (como se vê na imagem), umas pedrinhas de sal grosso e... forno! Quando estão tostadinhas retira-se todos os pedaços (desde lingua a bochechas, terminando na mioleira aproveita-se tudo), parte-se, junta-se mais umas pedrinhas de sal e reserva-se. Dá para fazer com bastante antecedência já que se come bem mesmo frio.
E para acompanhar um belo pão alentejano, paio de porco preto, queijinho fresco atabafado e aquelas coisas horrorosas a que chamam azeitonas britadas, mas que embora eu não aprecie (ok...reconheço que não sou a alentejana perfeita por não gostar de azeitonas) o co-irresponsável desaparece com elas em segundos.
Tudo isto regado com um belo vinho tinto alentejaníssmo (hoje será JP Private Selection) e digam lá que não é uma bela homenagem às raizes Serpenses!!
Claro que mais tarde ou mais cedo, com tanto investimento que faço na educação destes miúdos, eu já esperava que o tiro saísse pela culatra. E foi ontem que senti isso de uma forma acutilante...
Estava a dar-lhes o leitinho e o Pandinha, como vem sendo hábito, bebeu o primeiro biberon de um trago e depois pediu mais leite. Prontamente fui buscar, mas reparei que ao fim de uns minutos ele já só estava a trincar a tetina perguntei-lhe se queria mais. Ele ignorou-me completamente e continuou a mordiscar a tetina enquanto olhava vidrado para o Mickey (agora andam numa de ver a Casa do Mickey Mouse antes de se deitar), pelo que eu insisti:
-Já papaste? Queres mais ou não?
-Não é 'Já papaste'- intervém a Pespineta- O mano está a beber leite... é 'Já bebeste'!
-Tens razão, querida... é 'Já bebeste'.
-A mãe está tonta -insistia ela em bater no ceguinho- aquilo não é papa!
-É leite!! Está a BE-BEREEEE! -aliava-se ele.
E depois riram em conjunto e voltaram a chamar-me tonta umas quantas vezes... Mãe sofre!!
Conversa dos meus miúdos enquanto brincavam com o comboiozinho de madeira pela linha circular que tenho que montar e desmontar diariamente:
-Olha! Parou! - diz ele.
-Sai da frente qua mana vai 'descarruar' o teu combóio!! - responde ela.
...e lá segue a cantarolar:
- 'Puta' terra, 'puta' terra... uuuuhhhuuuhhhhuuuu
Como se diria de um filho... parece que foi ontem!
Tendo em conta que o mês de Maio foi mais de experimentação e que o blog arrancou realmente em Junho, ter chegado em Setembro às 10.000 visualizações significa uma média de 2500 visualizações por mês. Mas se ainda no mês passado celebrámos as 5.000, isto quer dizer que das duas uma... ou anda cada vez mais malta a ler o blog, ou há algum fã assíduo com Parkinson...
Por isso gostaria de tirar teimas e perguntar assim de forma directa: QUEM SÃO VOCÊS??? ACUSEM-SE!!
Ahhh... e 10.000 vezes obrigada!!
"Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós."
Esta tem sido uma semana complicada. A todos aqueles que partiram nesta e em tantas outras semanas... obrigada pelo pedacinho que cá deixaram e cuidem bem do pedacinho que levam. E a quem fica obrigada por continuarem a fazer parte da minha vida!!
Se sempre achei piada à designação ''boca do estômago'' desde que estive grávida que tudo adquiriu novos contornos. Nos primeiros meses juro que parecia mesmo que a boca estava ao pé do estômago porque o pequeno almoço insistia em não caber, mas nos meses seguintes descobri outro fenómeno...Ora com dois putos a crescerem desalmadamente e a se encaixarem nos locais mais incómodos (tinha-a a ela em local central, debaixo das costelas, e a ele do lado direito junto à virilha) seria de prever que isso teria alguma influência nos orgãos internos... só não esperei que fosse tanto.
-Desculpe incomodar, mas ainda faltará muito para a Dra. me atender? Sabe quantas pessoas estão à frente?
-Ora... estão só 2, mas a Dra está atrasada.
-Ok... então vou dar mais um saltinho ao wc...
Eu por acaso tenho uma teoria, para a qual não tenho provas... é certo... mas também não ando a tentar vendê-la. Apenas queria partilhar para saber a vossa opinião, pois tenho motivos para crer que TODOS os médicos que vão para ginecologia/ obstetrícia e/ou ecografia e se especializam em grávidas são sádicos! Só podem!! O tempo que uma pessoa, depois de beber as litradas de água necessárias ao nosso bem estar e do bebé, compactadas num local que quase parece mais ínfimo que um grão de arroz, tem de aguardar à porta... não é casual. É de propósito!! Eu bem tentei procurar a câmara com que eles captariam as imagens das grávidas a contorcerem-se mas não é pelo facto de não a ter encontrado que deixo de acreditar piamente nisso. Esconderam-na foi bem!!
E a quem julga que depois de ter o(s) bebé(s) as coisas melhoram... desengane-se!
Juro que é verdade verdadinha o que vou contar, e faço-o apenas para vos colocar de sobreaviso para que não gastem dinheiro desnecessário. E como estou a ser tão simpática por favor retribuam e não mandem comentários e mensagens de escárnio e maldizer que já bem me bastou a vergonheira por que passei...
Pois bem...deviam os putos ter cerca de 6 meses quando fui à consulta de 'Revisão de Parto'. Só o nome em si assusta, por um lado porque depois de ter sido massacrada por médicos das mais variadas especialidades durante meses achar que me tinha livrado deles para depois me virem com esta... não é humano!! Depois porque ficamos a pensar... mas que raio?? Revisão do parto? Será que vão mostrar o vídeo e comentar 'Olhe como se portou mal aqui nesta altura! Tinha alguma necessidade de gritar com o co-irresponsável?' 'E a forma como expulsou aquela auxiliar do quarto? Tsc tsc...' E vai daí ainda nos fazem pedir desculpas publicamente aos visados.
As más linguas também dizem que é para os Senhores Doutores perceberem se aqueles copos que beberam na noite anterior ao parto não interferiram com o serviço e se por um incrível e irrepetível lapso não terão deixado lá uma pinça ou o relógio de que tanto gostavam.
Mas afinal não era nada disso!! 'Revisão de Parto' é apenas uma desculpa para voltarem a por cá as mãos e receberem mais uns cobres. E entre um 'Ah! E tal... está tudo bem!' lá perguntam se temos queixas. Ora eu tinha. Tinha uma dor! Uma dor forte, do lado direito, logo abaixo das costelas.
Vai a Dra logo mete lá as mãos, palpa, remexe e diz:
-Não sinto nada de estranho...
Quê??? Então mas era esperado sentir assim? Estaria eu bem mal! E lá explico que era internamente, e não querendo invadir o campo das certezas, poderiamos brincar ao suponhamos? Suponhamos que seria uma hérnia provocada pelos pés do Panduxa ou o rabiosque da Patapon. Podia? E sim... parece que a hipótese até faria sentido, mas seria necessário um exame mais profundo.
E foi assim que eu, que já não tinha lenha de médico para me queimar há uns meses, vou parar à consulta de cirurgia. Mais um palpar aqui, outro palpar ali. Assim dói mais, assim já não... e ele a dizer que não podia ter certezas e que eu teria de ir fazer eco e depois mais uns exames e.... Ui!! Já estava a ver a coisa a ficar grave, já imaginava problemas de fígado, úlceras no estômago... sei lá!
Ansiei por aquela eco como há muito já não ansiava e quando finalmente ocorreu então não é que a parva da ecografista me diz que parecia serem gases??
-Nas costelas??- pergunto eu indignada com tamanha ignorância.
-Sim, na zona das costelas, porque segundo vejo ainda tem o intestino um pouco subido. Teve gémeos há pouco tempo, não foi??
E pronto... lá peguei eu nos exames e saí cabisbaixa dali o mais depressa que pude. Um pouco por vergonha, um pouco por indignação. E como a minha médica tinha pedido para lhe dar algum feedback lá tive eu que reviver toda a história. E sim... parece que é comum isto acontecer. Parece que é verdade que quando se está grávida o corpo se reorganiza de uma forma estranha, e demora um pouco para tudo ir ao lugar. Parece que no caso de ser uma gravidez gemelar é até pior, ao ponto de se parecer a Maria Misturada (mais um do BabyTv)... E que o facto de se alterar a nossa alimentação por causa da gravidez e da amamentação causa uma maior 'farra intestinal' à medida que vamos retomando esses alimentos. Mas porque não avisaram para não se fazer más figuras?? Eu ia indo à faca, caraças!! Eu estava-me a preparar mentalmente para isso e depois desse investimento mental... como se recupera de um estalo no focinho assim?
Claro que ainda bem que não era nada de cuidado... mas aquilo formata-nos de tal forma que hoje em dia, quando sinto um aperto no coração em vez de ligar para o 112 penso: 'Deve ser da feijoada do almoço... é melhor ir ao wc.' E assim qualquer dia ainda me apanham, pós-enfarte, do chão da cozinha! Ai apanham!!
Hoje assistiamos ao Babytv onde passava uma música sobre ursinhos que cozinhavam. Às tantas à mesa via-se um grupo de macacos e um de ursos a comer. E diz a Patapon:
-Eu sou uma macaca!!
-Então e eu?- pergunto.
-És uma ursa, responde ela prontamente. E o mano também é urso!
-E o pai?
-O pai é urso!
Tentando que percebesse o quão ilógico aquele pensamento era, explico:
-Então mas assim não pareces da mesma família... Se és macaca quem mais é macaco?
-A mamã é ursinha, o mano, o pai... tudo ursos!
-Querida... é assim... se fores macaca e eu ursa não é possivel seres minha filha, não é?
-Ohhh!! Mas eu queroooooo! Eu quero ser filha da mãe!!!
PS: Perdoem a minha filha por favor, que ela ainda não sabe o significado do que diz. Juro que, pela minha parte, não a estou a educar dessa forma...