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Ursos vs macacos

por twin_mummy, em 08.09.13

Hoje assistiamos ao Babytv onde passava uma música sobre ursinhos que cozinhavam. Às tantas à mesa via-se um grupo de macacos e um de ursos a comer. E diz a Patapon:

-Eu sou uma macaca!!

-Então e eu?- pergunto.

-És uma ursa, responde ela prontamente. E o mano também é urso!

-E o pai?

-O pai é urso!

Tentando que percebesse o quão ilógico aquele pensamento era, explico:

-Então mas assim não pareces da mesma família... Se és macaca quem mais é macaco?

-A mamã é ursinha, o mano, o pai... tudo ursos! 

-Querida... é assim... se fores macaca e eu ursa não é possivel seres minha filha, não é?

-Ohhh!! Mas eu queroooooo! Eu quero ser filha da mãe!!!

 

PS: Perdoem a minha filha por favor, que ela ainda não sabe o significado do que diz. Juro que, pela minha parte, não a estou a educar dessa forma...

Ao meu pai...

por twin_mummy, em 08.09.13
Eu, o meu pai, o Kiss e... o jantar!

Vêm-me as lágrimas aos olhos, mas há certas coisas que têm de ser ditas... eu adoro o meu pai!

 

Nas memórias mais antigas consigo recuar até uma noite em que estava com otites e que me recordo, como se fosse hoje, de ter sido embalada por aqueles braços fortes até adormecer. Nunca se queixou. Sempre teve a maior das paciências para nós, e quando as coisas começavam a descambar bastava um olhar mais sério para que o respeitinho se fizesse notar. E no entanto tem um coração de mel...

 

Sempre foi uma pessoa extremamente humana, mesmo para com os nossos 'perros' (diga-se de passagem que embora seja alentejano de gema a proximidade a Espanha deixou-lhe estas marcas). Não havia dia que não se levantasse às 6h00 da manhã para ir com eles à rua, não havia dia que ao chegar do trabalho não fosse para o mato com eles (só ele para descobrir mato em Lisboa!!) e não havia noite que não fosse de robe à rua para mais uma vez os passear. Levava sempre um garrafão de água no porta bagagens quando ia com eles para a caça pois não gostava que bebessem das poças. Com todos os outros caçadores a rir, lá pegava ele na toalha turca para limpar as orelhinhas do nosso Setter ou da nossa Epagneul Breton nos dias de mais chuva. E em casa até de secador de cabelo o vi...

 

Para nós sempre foi mais que um pai. Era companheiro de brincadeira também, e de fuga muitas vezes... Tinhamos daqueles cestos de vime que enchiamos com um lanche improvisado e fugiamos para junto do rio quando eu ou a minha irmã ficavamos em estado E (E de estupidez), longe de pensar que daí a uns anos alguém havia de ter a mesma ideia e chamar-lhe Parque das Nações... e ali estavamos a ver o rio, a jogar com ele à bola ou simplesmente a conversar.

 

Quando se reformou tinha a minha mãe (a quem também terei de dedicar o Mundo um dia destes) sido transferida para mais longe de casa, e chegava bastante mais tarde que o normal. Pois para não termos que atrasar o jantar ele decidiu que havia de conseguir adiantar alguma coisa que fosse, e pediu à minha mãe para lhe explicar como se fazia um refogado e outras coisas básicas. E lá dava eu com ele a sacar do cadeninho para depois inventar o resto a seu belo prazer, como qualquer Chef que se preze. E juro que era bom! Mesmo nos petiscos que sempre fez, acho que dava para perceber que se perdeu ali um cozinheiro. Saudadinhas do célebre Coelho à Caçador ou das Cabecinhas de Borrego no Forno...

 

E foi precisamente depois de se reformar que (re)descobriu a veia artística. Ele que depois de um dia de trabalho de escritório sempre arregaçou as mangas para resgatar um qualquer tareco ao caixote do lixo e lhe dar outra vida, decidiu forrar o sótão a madeira sozinho. De tal forma que foi convidado para trabalhar com um amigo nas obras, e ele lá foi todo feliz...

 

Estaria ainda feliz se, num qualquer dia, a uma qualquer hora, um qualquer fulano não o tivesse atropelado. Ia a mais de 120 kms/h numa zona residencial limitada a 30 kms/h e desfez completamente o meu pai. Tenho a perfeita noção que perdi 'O Meu Pai' nesse dia, e no entanto recusei-me a deixá-lo ir. Tinha consciência da gravidade das lesões, mas por muito que a médica insistisse para não ter esperanças isso só me deu mais força para lutar. Ninguém melhor que nós, família, para sabermos que tinhamos ali um lutador. Nunca o meu pai iria baixar os braços, nunca iria desistir de nós. Por isso merecia mais, e melhor. E nesse sentido demos tudo o que pudemos. Tomara ter podido dar mais...

 

Hoje em dia, anos volvidos, ainda continua connosco. Apoia conforme pode e a medicação deixa. E embora a minha mãe tenha sido incansável, há um limite humano e mesmo físico para o que se consegue aguentar. A dada altura tivemos de ceder e deixar que fosse para um Lar. Porque a minha mãe já não o conseguia levantar, porque chegou a fazer traumatismo ao cair, porque andava num ciclo vicioso de se levantar tarde e não fazer convenientemente as refeições. E nisso o coração da minha mãe é muuuuuito mole.

 

Cheias de mágoa no coração lá fomos procurar uma alternativa menos má... Pois mesmo numa altura dessas deu-nos uma lição de moral e disse, nos poucos momentos de lucidez que ainda vai tendo, que não tinha duvidas que seria o melhor. Para ele, para a minha mãe, e mesmo para nós filhas, que mais à distância sentiamos na alma a mágoa de não poder apoiar mais.

 

Melhorou bastante desde então, já voltou a ter horários, rotinas, acaba por ter mais companhia, e até come de bom grado os iogurtes a que antigamente torcia o nariz. De manhãzinha é ele que recebe de sorriso nos lábios a senhora que trata dos pequenos almoços, e lhe exige que se vá despachar porque já tem fome. E tem dias melhores, e dias piores, e tem dias em que tenho 'O Meu Pai' de volta!!

 

Sinceramente...acho que merecia melhor. Sinceramente... tenho pena de não poder fazer o relógio andar para trás e apagar aquele dia das nossas vidas. Mas agradeço-lhe cada dia de luta, cada passo, cada gesto. Agradeço por continuar a tentar pegar nos meus filhos ao colo pois sei bem o quão acolhedor é aquele colinho. E sei bem o que ele se esforça para continuar por cá mais uns tempos... contra todos os prognósticos. 

 

Por tudo isto, neste dia especial, insisto em limpar as lágrimas e por o meu melhor sorriso. Foi o dia em que nasceu, e não o dia em que foi registado (outros tempos em que para não se pagar multa fazia-se destas coisas). Mas não me importo que voltemos a celebrar em Dezembro... só porque ele merece. Isso e muito mais!!

 

Parabéns papá!!!

As imagens utilizadas neste blog são na sua maioria de autoria própria ou de amigos e familiares, com o devido consentimento. A autoria daquelas que são retiradas da internet será indicada sempre que seja possível fazê-lo de forma inequívoca, mas mesmo assim poderão ser removidas caso o autor o entenda, bastando para tal contactar-me para o e-mail aqui indicado.


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