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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Vêm-me as lágrimas aos olhos, mas há certas coisas que têm de ser ditas... eu adoro o meu pai!
Nas memórias mais antigas consigo recuar até uma noite em que estava com otites e que me recordo, como se fosse hoje, de ter sido embalada por aqueles braços fortes até adormecer. Nunca se queixou. Sempre teve a maior das paciências para nós, e quando as coisas começavam a descambar bastava um olhar mais sério para que o respeitinho se fizesse notar. E no entanto tem um coração de mel...
Sempre foi uma pessoa extremamente humana, mesmo para com os nossos 'perros' (diga-se de passagem que embora seja alentejano de gema a proximidade a Espanha deixou-lhe estas marcas). Não havia dia que não se levantasse às 6h00 da manhã para ir com eles à rua, não havia dia que ao chegar do trabalho não fosse para o mato com eles (só ele para descobrir mato em Lisboa!!) e não havia noite que não fosse de robe à rua para mais uma vez os passear. Levava sempre um garrafão de água no porta bagagens quando ia com eles para a caça pois não gostava que bebessem das poças. Com todos os outros caçadores a rir, lá pegava ele na toalha turca para limpar as orelhinhas do nosso Setter ou da nossa Epagneul Breton nos dias de mais chuva. E em casa até de secador de cabelo o vi...
Para nós sempre foi mais que um pai. Era companheiro de brincadeira também, e de fuga muitas vezes... Tinhamos daqueles cestos de vime que enchiamos com um lanche improvisado e fugiamos para junto do rio quando eu ou a minha irmã ficavamos em estado E (E de estupidez), longe de pensar que daí a uns anos alguém havia de ter a mesma ideia e chamar-lhe Parque das Nações... e ali estavamos a ver o rio, a jogar com ele à bola ou simplesmente a conversar.
Quando se reformou tinha a minha mãe (a quem também terei de dedicar o Mundo um dia destes) sido transferida para mais longe de casa, e chegava bastante mais tarde que o normal. Pois para não termos que atrasar o jantar ele decidiu que havia de conseguir adiantar alguma coisa que fosse, e pediu à minha mãe para lhe explicar como se fazia um refogado e outras coisas básicas. E lá dava eu com ele a sacar do cadeninho para depois inventar o resto a seu belo prazer, como qualquer Chef que se preze. E juro que era bom! Mesmo nos petiscos que sempre fez, acho que dava para perceber que se perdeu ali um cozinheiro. Saudadinhas do célebre Coelho à Caçador ou das Cabecinhas de Borrego no Forno...
E foi precisamente depois de se reformar que (re)descobriu a veia artística. Ele que depois de um dia de trabalho de escritório sempre arregaçou as mangas para resgatar um qualquer tareco ao caixote do lixo e lhe dar outra vida, decidiu forrar o sótão a madeira sozinho. De tal forma que foi convidado para trabalhar com um amigo nas obras, e ele lá foi todo feliz...
Estaria ainda feliz se, num qualquer dia, a uma qualquer hora, um qualquer fulano não o tivesse atropelado. Ia a mais de 120 kms/h numa zona residencial limitada a 30 kms/h e desfez completamente o meu pai. Tenho a perfeita noção que perdi 'O Meu Pai' nesse dia, e no entanto recusei-me a deixá-lo ir. Tinha consciência da gravidade das lesões, mas por muito que a médica insistisse para não ter esperanças isso só me deu mais força para lutar. Ninguém melhor que nós, família, para sabermos que tinhamos ali um lutador. Nunca o meu pai iria baixar os braços, nunca iria desistir de nós. Por isso merecia mais, e melhor. E nesse sentido demos tudo o que pudemos. Tomara ter podido dar mais...
Hoje em dia, anos volvidos, ainda continua connosco. Apoia conforme pode e a medicação deixa. E embora a minha mãe tenha sido incansável, há um limite humano e mesmo físico para o que se consegue aguentar. A dada altura tivemos de ceder e deixar que fosse para um Lar. Porque a minha mãe já não o conseguia levantar, porque chegou a fazer traumatismo ao cair, porque andava num ciclo vicioso de se levantar tarde e não fazer convenientemente as refeições. E nisso o coração da minha mãe é muuuuuito mole.
Cheias de mágoa no coração lá fomos procurar uma alternativa menos má... Pois mesmo numa altura dessas deu-nos uma lição de moral e disse, nos poucos momentos de lucidez que ainda vai tendo, que não tinha duvidas que seria o melhor. Para ele, para a minha mãe, e mesmo para nós filhas, que mais à distância sentiamos na alma a mágoa de não poder apoiar mais.
Melhorou bastante desde então, já voltou a ter horários, rotinas, acaba por ter mais companhia, e até come de bom grado os iogurtes a que antigamente torcia o nariz. De manhãzinha é ele que recebe de sorriso nos lábios a senhora que trata dos pequenos almoços, e lhe exige que se vá despachar porque já tem fome. E tem dias melhores, e dias piores, e tem dias em que tenho 'O Meu Pai' de volta!!
Sinceramente...acho que merecia melhor. Sinceramente... tenho pena de não poder fazer o relógio andar para trás e apagar aquele dia das nossas vidas. Mas agradeço-lhe cada dia de luta, cada passo, cada gesto. Agradeço por continuar a tentar pegar nos meus filhos ao colo pois sei bem o quão acolhedor é aquele colinho. E sei bem o que ele se esforça para continuar por cá mais uns tempos... contra todos os prognósticos.
Por tudo isto, neste dia especial, insisto em limpar as lágrimas e por o meu melhor sorriso. Foi o dia em que nasceu, e não o dia em que foi registado (outros tempos em que para não se pagar multa fazia-se destas coisas). Mas não me importo que voltemos a celebrar em Dezembro... só porque ele merece. Isso e muito mais!!
Parabéns papá!!!
Se eu já desconfiava cá está a certezinha que quando os mabecos se aliam pouco ou nada há a fazer.
Pois ontem, assim que o pai saiu de manhã de casa, completamente equipado para ir trabalhar de mota (eles por acaso acham que o trabalho dele é andar de mota e não sei porquê começo a ficar convencida que ele também acha isso), o Pandinha insistiu em que o deixasse experimentar um dos capacetes. Cedi por uns momentos, mas depois disse que tinhamos de guardar para não se estragar, e que lhe emprestava as luvas do papá para ele poder brincar, mas o capacete custava 'muitas moedas' e que se estragasse depois tinhamos de comprar outro e não sobrava para comprar coisinhas para eles (é esta a desculpa que agora tenho dado e com bons resultados...lol acho que vou patentear!!).
E lá o convenci... mas chegado à sala de estar de luvas calçadas é claro que a Patapon também quis juntar-se à festa e eu tive de ir buscar as minhas luvas. E foi aí que o puto teve uma ideia peregrina... usar O MEU capacete. Mais uma vez expliquei que o meu capacete também custava muitas moedas e que se ele queria andar de capacete que fosse buscar o dele (tem um da fantasia de Buzz Lightyear que usou no carnaval passado) e regressámos à sala para irmos tomar o pequeno almoço.
E nisto, como o miúdo insistia em voz doce que queria o meu capacete, vira-se a manhosa da Patapon em tom ainda mais doce e meigo e diz:
-Ohhhhh, vá lá mamã! Empresta o capacete ao mano só um bocadinho. Tadinho!! Ele quer...
Na semana passada a minha bebé teve oportunidade de experimentar os efeitos do álcool. E não, não é preciso assustarem-se nem chamarem a PSP e a Protecção de menores...
Pois estavamos no pátio a andar de triciclo quando o Pandinha começou -como é hábito- a disparatar. E como para ele dizer 'Não' parece ser um incentivo à anarquia, o co-irresponsável prontamente pegou nele e, segurando pelas axilas, o rodopiou no ar, até o puto deixar de se lembrar o que é que estava a fazer. Quando estão juntos este tipo de brincadeiras 'de gajo' é frequente entre eles, e a Patapon costuma por-se ao largo para não levar com as patadas. Mas desta vez... vá-se lá saber porquê... decidiu que também queria, e foi a correr pedir ao pai para lhe fazer o mesmo.
Cerca de 4 ou 5 voltas depois, quando o papá a poisou no chão, vejo-a a cambalear e, com um ar completamente trôpego e atabalhoado exclama:
-Ohhhhhhh!! O que é istoooooo???
Claro que aproveitei logo a deixa para avisar que esperava que ela só voltasse a ter aquela sensação daqui a muitos, muitos anos... e à socapa passámos o resto da tarde a gozar com a miúda... Maus pais! Maus pais!
Estava eu na cozinha a fazer o comer quando a Patapon passa por mim acelerada direito ao frigorífico e, para meu espanto o abre (não é de todo usual eles fazerem isto já que quando querem algo pedem sempre).
-Que estás a fazer?- perguntei.
-É para por isto.- diz ela enquanto me mostra uns imans com palavras impressas.
-Não, querida... isso não se põe lá dentro! Ali só comida.
-Foi o pai que mandou!
-Não mandou nada! De certeza que não mandou fazer isso. Vá... fecha lá o frigorífico e não inventes.
E nisto ela sai furiosa da cozinha, vai direito à sala e oiço-a dizer para o pai:
-A mãe não deixa por no frigorífico!!
-Não deixa????- responde ele em tom admirado.
E nisto fez-se luz e eu tive que explicar que ao dizer 'Põe no frigorífico' o pai deveria querer dizer na porta do dito, e não no seu interior...
Recordo-me de ser pequenina e a minha mamã nos fazer umas incríveis festas de anos. A casa era pequena e não eramos própriamente abastados, mas conseguia-se ter um bom nível de vida comparativamente aos tempos actuais.
Na sala de estar/ jantar afastava-se toda a mobilia para o lado e em cima da mesa, com uma toalha perfeitamente normal, colocavam-se os mais variados doces e salgadinhos, tudo caseiro e delicioso. Também havia sempre uns chupas colocados em meia batata coberta a prata (esta técnica aproveitei da minha mãe e dá um jeitaço) e uns rebuçados e a malta servia-se e pronto. E no terraço colocava-se uma mesa para os adultos, com chouricito e bifanas ou moelas, uma jolinhas e ficávamos ali todos reunidos, pequenos e graúdos, a celebrar mais um ano. Quando os miúdos estavam a chegar ao ponto D (de doidice) abria-se a porta e mandava-se tudo para a rua jogar futebol ou às escondidas em pleno bairro, sem sequer haver muita necessidade de supervisão.
E convidava-se as pessoas olhos nos olhos e nem era preciso horário. Todos sabiam onde comparecer e a que horas porque fazia parte da rotina. Porque estávamos habituados a conviver assim, com regras.
Hoje em dia há convites personalizados, espaços alugados qual baptizado, com mesas postas alusivas a um 'Tema' que se formos a ceder à pressão consumista das grandes superfícies ou lojas da especialidade nos fica numa pequena fortuna. Parece quase mal a comida ser caseira e não haver pelo menos um bolo 3D em maçapão/pasta de açúcar que corresponda à temática. E ainda é de bom tom ter um ou dois animadores.
E mesmo assim, mesmo com tanta 'oficialização' e sofisticação, parece que se perdeu algo essencial que é a educação.
No meu caso como a casa é mesmo minuscula não temos feito festas por cá, mas na sala de convivio do prédio, e talvez por eu indicar logo a hora de inicio e fim, ou porque não sendo a minha casa, as pessoas percebem quando subimos com os miúdos que estará na hora de encerramento, ou simplesmente porque a média etária dos mini-convidados é mais baixa, as coisas têm sido mais ou menos pacificas. Mas por exemplo nos aniversários dos meus sobrinhos, bem mais velhinhos, é frequente haver amiguinhos deixados por lá até tarde. E se no caso do mais velho (já com 16 anos) isso me pareça mais normal, juro que não consigo perceber o conceito de pais de crianças de 6/7 anos que largam os miudos à hora de almoço numa casa alheia e os vão buscar depois das 22h, e de muita insistência por parte da mãe do aniversariante.
Curiosamente nos ultimos tempos reparei até que o fenómeno já não se restringe apenas a festas. Mais do que a excepção à regra, agora parece que a regra é aproveitarmos os pais dos outros para babysitters dos nossos filhos. E eu até percebo o motivo económico já que estamos em crise, mas... e o respeito pelo espaço do outro? E perguntarem antes de o deixar a que horas deverão ir buscá.lo e RESPEITAR essa hora?
Juro que fiquei chocada quando há dias fui petiscar a casa da minha irmã. Era Domingo e o meu sobrinho mais novo brincava com um amiguinho. Passam-se umas horas e ninguém ligava sequer a saber do miúdo. Chega a hora de jantar e a minha irmã na dúvida se deveria contar com ele ou se os pais o viriam buscar entretanto. Quando eu comento com o miúdo:
- Vê lá se queres ligar à tua mãe, porque está quase na hora de jantar e pode ela já estar preocupada de não dizeres nada.
Ele responde com o ar mais natural do Mundo:
- Não! Ela disse logo que só me vinha buscar lá para a noitinha.
E pronto! Jantou connosco, e ficou até cerca das 22h00, que foi quando a mãe apareceu. Escusado será dizer que a minha irmã, que serviu de babysitter, ia trabalhar no dia seguinte, e tinha coisas a fazer antes de se deitar, mas acabou por ter de prolongar o serão porque não lhe podia virar costas. Não que ela sequer se queixe muito porque não tem o meu mau feitio, mas caramba... não acho normal.
E o mais incrível é que quando eu disse que achava aquilo estranhissimo ela me explicou que não seria o pior caso, já que o miúdo era um doce e os pais atendiam sempre o telemóvel, mas que no dia anterior tinha lá estado outro menino (e esse sim dava imenso trabalho já que só fazia disparates uns atrás de outros, e acaba por haver sempre confusão com o meu sobrinho) cujos pais simplesmente DESLIGARAM o telemóvel e foram buscá-lo às horas que entenderam (também depois das 22h).
Ora... serei só eu que acho isto estranho e uma falta de educação? Estarei eu assim tão desactualizada e com mentalidade retrógrada?
Reparem... é que no meu tempo também poderia dar-se o caso de ficarmos até mais tarde em casa dos amigos, mas por norma até estavamos com os nossos pais, ou então era mesmo por CONVITE dos donos da casa. Ia-se passar a noite a casa dos amigos, ia-se jantar também, claro... mas por convite, percebem? Nunca por imposição e nunca fiquei com a sensação que qualquer amigo meu fosse simplesmente abandonado em minha casa. Havia uma nítida preocupação com os miudos e muitos pais chegavam a ligar 1 ou 2 vezes a perguntar se estava tudo bem. Seria exagero? Eu não acho exagero, acho que é simplesmente boa educação...
No meio de tudo isto quastiono-me como é que eu, com o meu mau feitio, irei reagir quando os meus tiverem 6 ou 7 anos (espero que antes disso não me larguem cá as bombas-miúdo) e em vez de tomar conta de 2 me vir forçada a tomar conta de 10. Sim, tudo bem que já trabalhei uns aninhos com crianças/adolescentes, mas era paga para isso!! E num dos casos até bastante bem paga... Por isso resolvi elaborar um convite-tipo nuns moldes diferentes do habitual. Ora digam-me o que acham...