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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Querem saber como podem fazer 2 putos felizes com apenas alguns cêntimos? Post-it's!!
Experimentem dar-lhes para a mão um bloco de Post-it's, expliquem-lhes o conceito e depois experimentem virar costas por 10 minutos. Quando regressarem não só têm 2 sorrisos de orelha a orelha como uma mesa completamente redecorada. E acreditem que, embora não seja perceptível na imagem, os mabecos se dedicaram a ilustrar cada um deles com um desenho original.
Meia hora de cola e recola depois e eles já não colavam, e eu a pensar que apesar de tudo tinha sido uma brincadeira efémera mas engraçada e inocente (ohhh, como as mamãs gostam de brincadeiras que não envolvam sujar ou sujar-se, partir ou mesmo partir-se todo), quando... voilá! Miúdo que é miúdo encontra sempre uma nova utilização para as coisas (não sei se por aí acontece o mesmo, mas aqui como em muitas tocas de mabecos que visitei os panos de cozinha encontram-se entre os brinquedos preferidos deles) e os sacaninhas optaram por os amachucar, colocar dentro de um saco de prendas, e entreter-se a tirá-los de lá, atirá-los ao ar e voltar a guardar.
Claro que no fim sobram sempre uns, acachapadinhos nos cantos da casa, mas qual é o gajo que pega num qualquer aparelho electrónico, desmonta e depois consegue voltar a meter as peças todas lá dentro? E o mais incrível ainda é que alguns desses aparelhos continuam a funcionar sem metade do miolo. São 'Gadgets Cafeínados' como diriam muitos adeptos de Café Racers. Talvez sejam... mas para mim é simplesmente extraordinário que coisas tão simples como montar e desmontar coisas e encontrar diversas (re)utilizações para elas consigam manter sossegados mabecos pequenos e graúdos.
Cada vez mais acho que os putos hoje em dia não têm instinto assassino e isso assusta-me. E sim...explico já para não levar de imediato com um calhau no focinho. Longe de mim incentivar homicídios, descansem... refiro-me àquele instinto de caça e de sobrevivência que eu acho que se perdeu com a nossa geração.
Eu quando era pequenina ia com o meu avô materno à pesca. Nunca percebi a piada de se apanhar peixes à cana, mas gostava de o ajudar a apanhar caranguejos pois davam luta. Recordo-me como se fosse hoje de lançármos os camaroeiros ao Tejo e de eu ser das poucas pessoas a conseguir tirar de lá os sacaninhas à pata. De que me serviu? Pois serviu-me para grandes apanhas de caranguejo e navalheira (ou mesmo sapateira) nos pontões da Costa da Caparica, onde passávamos férias, que originavam grandes petiscadas entre familia e amigos. Dava-me gozo poder dizer que apanhei o jantar. E não era a única miúda a 'caçar' nos pontões já que tinha amigos dedicados ao polvo. Para esse confesso que nunca tive jeito...
Também me recordo de ajudar a matar galinhas ou coelhos caseiros, e se bem que nunca achei grande piada (preferia 1000x ir com o meu pai à caça do que apanhar aqueles ali meio tolos à espera do esticão) percebia que era necessário para se comer. Não, não os via como a Pintinha ou o Floquinho, e acreditem que tive animais de estimação muito esquisitos, mas o que é para comer nem se dá nome, como tão bem me ensinaram, e o que se dá nome nunca haveremos de conseguir comer (se a esperança de vida de um pato fosse mais longa e eles soubessem falar teria como testemunha a pata Tata).
Agora com os miúdos acabo por ficar numa situação complicada. Se alguém me apanha a mostrar-lhes como se faz uma cabidela lá fico eu mais manchada pela opinião pública que o arroz pelo sangue da bicha. E também não me parece cenário próprio para dois mabecos que ainda nem 3 aninhos têm... mas caramba! Também não quero ter filhos ignorantes que achem que o frango nasce nos supermercados e que os ovos vêm do frigorífico.
E por isso tenho tentado um meio termo, em que tento explicar-lhes algumas noções básicas e mostrar-lhes de onde vêm alguns alimentos.
Ainda este verão, num saltinho a Sesimbra, insisti em ficar um pouco mais à beira-mar para apanhar umas cadelinhas (ou lambujinhas ou como lhe queiram chamar), com o co-irresponsável a duvidar de tal pescaria (não sei se duvidava se a fauna local seria suficientemente abundante para eu apanhar alguma ou se simplesmente não acreditava nos meus dotes de caçadora). Certo é que em menos de 10min apanhei uma dúzia delas, perante o olhar curioso dos meus mabecos e estupefacto do papá deles.
Nisto encho o baldinho com água do mar e levámos para perto das toalhas, para dar tempo para as bichanas sairem da casca. E fui explicando que aquilo se podia comer, e que era bom, e que eu costumava apanhar com os meus papás e a minha mana. E eles deliciados a verem-nas deitar a linguita de fora.
Chega a hora da partida e eu pego no baldinho com a caça do dia. E nessa altura tenho o meu sogro a pedir pela vida dos bivalves, como se de um gatinho se tratasse. Ora... aquilo é caça, certo? É para se comer, sem lamentações. Eu até compreendo que de encarar um bezerrinho nos venham lágrimas aos olhos, mas aquilo nem sequer patas tem, muito menos olhos! E por isso levámos os bichos sem qualquer sentimento de culpa, e atirámos com eles para a frigideira sem pena nem paixão.
Chamem-me assassina, mas valeu bem a pena!!
PS: dando os devidos créditos à imagem e aproveitando para explicar que conquilhas não são ameijoas aqui vos deixo um link que considero deveras útil
Aqui há tempos, num daqueles momentos em que achamos que os miúdos parecem ter tirado o dia para nos infernizar a vida, o co-irresponsável queixava-se por já não saber o que fazer, e que já teria esgotado a paciência. Acabámos por ter (bem depois deles se terem ido deitar e de termos conseguido recuperar neurónios suficientes para voltar a falar) uma daquelas conversas mais filosóficas em que introduzimos o conceito da 'dose diária de paciência'.
A teoria é simples... imaginem como que uma caixa onde cabem todas aquelas respostas 'Que giro, amor' que vociferamos entre-dentes quando deparamos com o Pandinha a fazer obras de arte na parede, ou quando percebemos que a Patapon, ao tentar comer sozinha, parece ter rebentado com uma bomba no prato da comida e espalhado quase todo o conteúdo no metro quadrado que a circunda, num chão acabadinho de lavar. Ora a caixa tem um limite. Podem caber lá 10 frases fofuxas, 20 inspirações profundas, e 40 desviar de olhos, ou até mesmo o dobro destas doses, mas haverá um ponto a partir do qual já não haverá conteúdo na caixa, e acabamos por explodir, ou implodir... sei lá!
E por muito conteúdo que haja, por muito treino e preparação para termos uma graaaaaande caixa, acreditem que quando se tem gémeos na fase dos 2 anos (os famosos 'terrible two') aquilo esgota-se num instante.
Acontece que quando somos mães parece que a tal caixa se torna quase ilimitada. Não é que por vezes não acabe por perder a paciência mas isso ocorre bem mais ocasionalmente do que eu pensava alguma vez ser possível. Acho que nestes quase 3 anos de convívio com os mabecos deve ter acontecido umas 5 ou 6 vezes. E como se consegue isto? Não sei... Mas dou por mim às vezes, no meio do caos, com os gémeos a gritarem um com o outro e a morderem-se, a sussurrar: 'Pronto, pronto! Vamos lá falar um pouco.' E juro que nao me reconheço. Onde está a Miss Impulsiva? Onde está aquela pessoa que nunca teve paciência para estar horas a fio na mesma actividade, quando acabo por ficar uma eternidade a brincar com legos ou a ser vítima dos penteados deles?
O co-irresponsável tem momentos. Tem momentos em que consegue e acaba por me salvar, e outros em que parece ficar vermelho como os desenhos animados. E eu nem me posso queixar porque ele avisa: 'Tenho que sair', e vai quanto mais não seja para o wc. É uma sublimação engraçada esta, em que a cumplicidade que desenvolvemos ao longo destes 18 anos (daasssssss) acaba por se reflectir nas palavras que não necessitam ser proferidas. Sei, quando ele diz isto, que está no limite, e que precisa de respirar.
As quantidades monumentais de fraldas que se gastam cá por casa também lhe dão uma desculpa muito válida para ir à rua. E eu percebo-o. Filho único, sempre brincou sozinho a fazer diálogos de um tropinha para outro (claro que já desconfiei disso, mas ainda não tenho provas que seja esquizofrénico), que sempre foi mimado pela titi, pela mamã, pela vovó... e agora vê-se com dois mabecos que até lhe roubam os 'brinquedos' dele, que sujam, dessarrumam, gritam e barafustam, e quebram aquele silêncio que ele tanto valoriza. Muito equilibrado anda ele... lol
E eu? Eu tenho uma mana mais velha. Ela torturava-me com as brincadeiras das mercearias em que ela era sempre a dona 'Ou não brinco contigo'. Nunca soube o que era estar sozinha até ir para a faculdade. E bem que gostei desse tempo, e bem que por vezes sinto também necessidade de fugir, e saudades do silêncio, mas quando eles estão presentes juro que já tentei, mas não consigo. Porque por muito que o papá tente reconfortar... faz-me lembrar aquela série infantil 'Os Dinossauros' (sim... fazendo a analogia e a piadinha barata eu sou desse tempo dos dinossauros) em que quando o pai se tentava aproximar do bebé levava sempre com uma frigideira na cabeça e a explicação 'Tu não és a mamã!'.
Claro que não é uma questão de falta de confiança, e já os tenho deixado sozinhos com o pai. Também com a minha sogra chegam a passar fins de semana e uns dias de férias. Mas durante todo esse tempo o espírito não descansa. Se eu não estou por perto e me ligam imagino logo o cenário mais tenebroso e que irei ser apedrejada por não ter estado presente. Mas a verdade é que eles também gostam de estar sem a mamã, e eu terei de encarar isso com naturalidade. Por vezes nem querem falar comigo ao telefone, estes sacanas!!
Não... no meio de tudo isto percebo que, para mim, o pior não é ter a dose diária de paciência suficiente para as 24h, mesmo porque eu tenho uma técnica bem desenvolvida no sentido de os fazer dormir pelo menos metade desse tempo, o que facilita muito no doseamento. O problema maior é a 'dose diária de energia', que no meu caso confesso que anda sempre no limite. E mesmo assim, quando achamos que vai acabar, e que temporáriamente culmina com um cair para o sofá a babar-me cerca das 21h30, renasce a qualquer choro ou mesmo sussurro vindo do quarto dos mabecos. Como é que isto é possível?
E já agora... alguém me explica como é que se consegue desviar este automatismo para as tarefas domésticas? Estilo... cerca das 3h00 da matina acordar electrizado para ir passar a ferro ou limpar o chão? Isso dava cá um jeito!!
A vida tem destas coisas e o que se quer é educação.
No outro dia os mabecos estavam a brincar calmamente. Ela com um boneco, ele com um carro. Pode parecer-vos um cenário normal mas acreditem que é deveras estranho. E quem tem gémeos percebe que este será um dos poucos momentos de acalmia que se vive ao longo do dia.
Pois a dada altura ela decide tirar-lhe o carro à força e aleija-o num dedo da mão. Ele queixa-se e eu vou lá dar miminho e dizer que ela só pode estar tonta. E realmente não é nada típico dela já que quem costuma tirar brinquedos é ele.
E foi então que o Pandinha, com o ar mais doce do mundo, me perguntou apontando para a irmã:
-'Podo' magoar ela?
Madrugada, eu a dormir profundamente, e acordo com um doce chamamento:
-Mamã!!
Por entre a almofada e o edredon lá percebo que é o Pandinha que me chama penso:
-Oh! Shit! Já acordou??
Pelo sim pelo não sigo pé ante pé corredor fora e aguardo junto à porta do quarto deles. Mais uma vez a voz do Pandinha:
-Bolachas redondas?!!
E depois de uma breve risada de alegria oiço-o a regressar ao sono profundo.
E lá fico eu aliviada por ele não ter ainda acordado, e feliz de saber que estarei pelo menos ao mesmo nível das bolachas Maria... faço parte do Mundo dos bons sonhos do meu filho, e isso enche-me o coração.
PS: Aproveito para fazer um elogio às tradicionais Bolachas Maria da Nacional. 'O que é Nacional é boooooom' (parabéns a quem perceber esta... você é uma pessoa 'madura')
Ontem os mabecos pediram para ver fotografias de quando eram pequenos. De vez em quando dá-lhes esta veia nostálgica e o difícil é mesmo convencê-los depois a parar. Mas é delicioso ouvir os comentários deles e perceber que se conseguem reconhecer na maior parte dos casos.
Desta vez optei por lhes mostrar as fotos de um filme que fiz aquando do 2º aniversário em que aparecem não só fotos deles como também minhas e do pai, quer de quando eramos bebés, quer de quando nos conhecemos. E claro que também aparecem amigos e familia naqueles momentos de convivência em festas e aniversários.
Foi curioso perceber que eles não nos reconheciam quando eramos bebés, e que nos confundiam com eles, mas também com os primos. E no entanto reconheciam os nossos amigos mais chegados e os avós, e deliravam de acertar nos nomes.
Pois quando chegámos à parte em que eles eram mais crescidos e já bem reconhecíveis, deparámos com uma foto deles a andarem de skate. Diz o Pandinha, que tem uma adoração especial por aqueles skates miniatura:
-Dá esse skate!!
E respinga a Pespineta num tom condescendente:
-Ohhh, mano! Não vês que não é verdade? É fotografia, do computador. Não dá para tirar.- e sorri com ar maternal. (juro que nessa altura me revi naquele metro de gente).
Estava eu ainda embevecida quando aparece uma foto da mabequinha com o Keptin, que era um boneco que ela não largava nos primeiros meses de vida. E com a maior naturalidade do Mundo, mãozinha estendida para o écran, diz a miúda:
-Dáááááá!!!
Final de dia e eu a trocar a fralda ao Pandinha:
-Então como correu a escola?
-O Braga bateu-me e o Dudu também.
-Bateram?? E tu também lhes bates?
-Sim, às vezes...
Hora de jantar e diz a queixinhas a apontar para o prato do irmão:
-O mano deixou ali comida.
-Tu também tens o babete cheio de comida.-Elucido eu.
-Mas é só arroz e manga. Ele tem bife!!
Começo a achar que ando a educar estes miúdos em excesso.
Aqui há dias tive que ir com o Pandinha ao hospital fazer exames de audiometria (e deverei regressar a esse assunto de uma forma mais séria para elogiar o meu herói, mas dêem-me entretanto um pouco de tempo para amenizar a mágoa que me vai na alma) e como chegámos com bastante antecedência e ele se estava a portar de forma exemplar perguntei-lhe se queria ir até ao bar comer um bolo.
Depois da última vez que o deixei comer bolos de pastelaria (ver post: 'O efeito Pastel de Nata') confesso que estava bastante apreensiva, pelo que demorei algum tempo na escolha, tentanto identificar qual seria o mal menor. Nisto oiço a voz doce do Pandinha a perguntar:
-Mãeeee... 'podo' apanhar?
Foi então que num cantinho escuro, por debaixo de uma cadeira, vislumbrei o objecto da atenção dele... uma moeda de 0.50€. Perante a minha concordância a cara dele iluminou-se com um sorriso, e ele apanhou aquele tesouro e colocou-o em cima da bancada.
-Podes ficar com ela, querido.
-Não, mamã. Não é minha.-explicou ele, enquanto se sentava a comer o bolo de arroz, sob o meu olhar de completa admiração.
E nisto por entre conversas e risotas, em que lhe tentava explicar o que iria acontecer no consultório da médica, para que ele não estranhasse tanto, reparo que ele tinha parado de comer o bolo.
-Não tens fome, querido? Não gostas desse bolo?
-Gosto, mamã... mas é para levar para a mana.
Depois deste episódio tenho de me retratar em relação a tudo o que disse no post 'A Inflação'. O meu puto não vai ser Ministro das Finanças... vai mas é ser pobre e tanso!
Diz a Pespineta:
-Mamã! Quero um computador!
-Um computador é caro, querida. Custa muitas moedas. Mas sempre podes pedir ao Pai Natal.- digo eu.
-Sim, põe na lista de prendas que queres para o natal. Pode ser que o Pai Natal traga. - explica o co-irresponsável.
-Um para mim e um para o mano?
-Sim, podes pedir para ti e para o mano.
(pausa)
-O Natal é amanhã??
É extraordinário constatar que os mabequinhos já estão com uma personalidade tão vincada que em vez de dizerem o que a gente 'sugere' já pensam pelas próprias cabecinhas. Ora bolas!
Confesso que estou ansiosa com o Halloween pois se já o celebrávamos antes com uma jantarada temática entre amigos, desde o primeiro aninho de vida deles que temos uma boa desculpa para nos mascararmos a rigor e incomodar os vizinhos.
No primeiro ano fomos com os gémeos ainda pelo colo a entregar doces e a avisar que no ano seguinte voltariamos a fazer a ronda mas para os pedir, e se bem que muitos dos vizinhos não esqueceram e até arranjaram doces propositadamente para o evento, outros houve que simplesmente devolveram os rebuçados do ano anterior... mas conta o espírito, certo? E nesse aspecto a adesão foi tanta que até tivemos alguns vizinhos a queixarem-se de não termos feito a investida nas suas casas (fomos apenas àquelas em que conheciamos bem as pessoas).
Por isso este ano fiquem atentos pois iremos bater a todas as portas (quem sabe também à vossa!!), e se bem que ainda faltam uns dias, como nestas coisas que envolvam crianças e fatos convém planear tudo com antecedência (e mesmo assim de certeza que irá sempre faltar alguma coisa) já começámos com os preparativos. Ainda há dias experimentámos os fatinhos de esqueleto que eu comprei no ano passado nos saldos. Uma dobrinha no fundo das calças e estão impecáveis e têm a grande vantagem de se poderem vestir por cima do pijaminha caso a noite esteja mais fria.
Entretanto ontem, nem eu sei bem porquê pois tinha ido à cozinha uns minutos antes, dou com o co-irresponsável a comentar com a Pespineta como vai ser giro brincarmos ao Halloween. Nisto entro eu na sala e digo:
-Não se esqueçam que têm de pedir 'Doçura ou travessura'.
E responde a Pespineta com voz profunda de Dark Black Metal (correcção feita e as minhas desculpas, mas àquela hora da matina e da maneira como estou hoje soou bem), a fazer-me lembrar os meus carissimos Moonspell:
-NÃO! Vou dizer 'Sou um esqueleto maaaaaauuuuuu! Dêem doces!!'
E já agora, no espírito Moonspell fica uma sugestão musical para hoje: Luna. A quem conhece é bom para recordar que além de pais ainda somos...gente; a quem não conhece... Shame on you!! Do melhor que se faz em Portugal...
Neste exacto momento tenho o Pandinha dentro da caixa dos legos, pernas em riste, encaixado, a dizer que vai de carro para o trabalho, e a pedir à mana para empurrar.
E ao contrário do que poderia acontecer há uns anos, antes de experimentar esta incrível sensação que é ser mamã de gémeos, dou por mim a rir-me da situação e a esquecer completamente que me estão a f---- o chão todo.
Duvidas houvesse, e quando ele se levanta ligeiramente e coloca as pernas de fora, uma de cada lado da caixa, dizendo:
-Agora vou de mota!
fico com a certeza que mais nada importa no Mundo a não ser estes momentos deliciosos.
Obrigada filhotes...por me fazerem sorrir depois de uma semana destas.
Realmente nesta vida tudo é relativo.
Há uns anos atrás (bem mais do que aqueles que gostaria de admitir), estava eu responsável por um dos stands na Forum Estudante, na velhinha FIL da Junqueira quando, por um estúpido atraso, me vi forçada a estacionar o carro junto ao rio e atravessar a passagem aérea sobre a Av. da Índia. Para um comum cidadão nada de mais, mas eu tenho uma fobia estranha de alturas. Eu explico... não me faz de todo confusão estar num local alto, desde que tenha uma guarda reforçada e opaca entre mim e o precipício (seja ele de 200 metros ou de apenas 2 metros), mas tudo o que é em traves ou em rede faz-me tremer de pânico. E sim, eu sei que as terapias cognitivo-comportamentais são extremamente eficazes nestes casos, e que poderia simplesmente 'dessensibilizar', mas é tão mais fácil evitar, e como por norma consigo, tenho-me safo assim...
Acontece que naquele dia não haveria escapatória possível pois quem já esteve numa forum estudante sabe que quando se abrem aquelas portas é o caos e pior mesmo só um elefante trancado numa loja Vista Alegre. E sendo eu a pessoa responsável que sou simplesmente imaginei uma linha central naquela passagem aérea e segui sem me desviar de ninguém, pois aproximar-me um passo que fosse do gradeamento e seria a morte do artista. Claro que quem vinha em sentido contrário deve-me ter achado estranha, mas eu também nunca disse que sou uma pessoa normal, pois não? E a verdade é que resultou... cheguei bem a tempo de abrir o stand a horas e evitar a pilhagem.
Desde então, e por estranho que pareça, acabei até por me voluntariar para uma actividade profissional que com frequência exigia que me expusesse a esse tipo de situações e, mais uma vez, quando a necessidade apertou (por sorte foi caso único em 7 anos), lá enfrentei eu o meu medo em prole de um bem maior.
Agora com os miúdos eu bem tento não exagerar e passar-lhes esta minha fobia, mas é inevitável que sinta receio em algumas situações. Ora em casa da minha sogra há uma escadaria íngreme sem protecções laterais que me deixa em pânico. Quando os gémeos eram pequenos simplesmente evitava subi-la, mas agora que eles já opinam e exigem ir ao piso superior sinto-me forçada a levá-los ao colo.
Filmar-me a fazer tal trajecto daria de certeza um dos vídeos com mais visualizações do youtube, pois sigo com eles ao colo, olhos postos no fim do trajecto, a avançar lenta mas uniformemente junto à parede. Já calhou de ter de parar a meio por algum motivo, e nessas alturas o que faço (sim...confesso!!) é pedir ajuda a alguém pois tenho dificuldade em avançar. A quem me via há uns meses atrás e a quem me vê agora as melhorias são notórias, mas ainda não atingi o ponto de perfeição. De qualquer forma como ainda não dei alta a mim própria desta auto-terapia, a esperança continua a existir e a mover este meu Mundo.
Seja como for, fobias aparte, acho a escada perigosa para os miúdos, e se bem que a gente explique que não podem passar do 2º degrau e eles acatem por terem já também consciência do perigo, o sistema não será 100% eficaz. Por um lado porque são miúdos, por outro porque podem até tropeçar inadvertidamente. Mas enquanto se pede orçamentos e se engorda o porquinho para a obra é com esta situação que temos e lidar, pelo que quando subo com eles peço sempre para se agarrarem bem a mim.
Ontem ia a subir com a Pespineta e mesmo antes de eu abrir a boca ela sai-se com esta:
-Agarro-me bem para a mamã não cair, não é? A mamã tem medo da escada.
e eu simplesmente soltei uma gargalhada e respondi:
-Sim...é isso, querida! Segura bem a mãe...
E lá fomos agarradinhas feito lapas escada acima.
Há uns aninhos atrás, ainda nós nem imaginávamos que nos iriamos meter nesta aventura que é ser mãe/ pai de gémeos, fomos com um grupo de amigos ao teatro ver a peça Caveman, com o Jorge Mourato. Na altura achámos piada à forma divertida como faziam o comparativo entre os Homens actuais e os Homens das cavernas. Ilustrava o instinto de caçador ainda existente no sexo masculino pela forma como estes 'espécimens' seguem uma linha recta de acção, independentemente daquilo que pisam ou derrubam pelo caminho, e o instinto recolector do sexo feminino que acaba por se traduzir sobretudo nas idas às compras (é aquela velha questão do 'E mais isto que pode fazer falta', com a qual eu não me identifico de todo...lol).
Pois há dias numa das idas a pé para a escola ia o Pandinha pela minha mão a fazer-me festinhas e eu a elogiá-lo, completamente deliciada, quando vimos um melro a pousar na relva. Pode até ser difícil de imaginar um tal comportamento no dócil Pandinha, mas assim que eu chamei a atenção para tal animal parece que o miúdo se transformou num qualquer Caveman em segundos, e largando a minha mão começou a ameaçar o dito bichinho com a bola que transportava consigo. Não fosse eu conter-lhe os ânimos e teriamos jantado melro frito.
Tudo isto me levou a concluir que realmente por muito que a gente os eduque, há sempre um troglodita dentro de cada elemento do sexo masculino, e eu arriscaria dizer que assoma com frequência à superfície até pelo menos aos 40 anos. É vê-los por aí no trânsito a chegarem-se às traseiras das nossas viaturas enquanto buzinam frenéticamente, a não conseguirem recusar participar num concurso para emborcar cerveja, ou simplesmente a fuçangarem como pontas de lança de uma qualquer equipa futebolistica.
E claro que quando questionados haverá sempre um motivo muito válido para tais comportamentos, mas eu continuo a achar que no fundo andam é a sonhar com mamutes...
Ainda aqui há uns tempos vos falei do 'Cartaz que vira' (ver o post ''Fascinante!'') que existe no trajecto que de vez em quando fazemos a pé para a escola.
Ora acontece que já há algum tempo não íamos a pé. Por um lado porque o tempo está mais fresco e até tivemos já direito a levar com chuvinha no lombo, por outro lado porque eu também tenho andado mais cansada e ir com eles a pé demora o dobro do tempo e gasta o dobro da energia que eu não tenho... Mas esta semana o co-irresponsável tinha uns diazitos de férias pelo que deu para irmos os 4, como se de uma familia feliz e funcional se tratasse (e eu juro que até tentamos que as coisas sigam nesse sentido mas caraças que é difícil!!!).
Assim que iniciámos caminho já os miúdos se questionavam qual a imagem que estaria no dito cartaz, e a Pespineta até se lembrava que da última vez era uma senhora com pulseiras (do anúncio da Pandora) e um senhor com um relógio, e começou logo a questionar se estaria lá a senhora. Da da forma como o fazia quase parecia crer que a dita mulher lá vivia, mas também com tanta vontade que a miúda tem em ir brincar com os gatinhos (ver post ''Momentos deliciosos: a televisão'') já não me admira nada.
Qual não é o meu espanto quando, colocados frente àquele incrível espectáculo de rua, a Pespineta exclama:
-Olha, mamã! Tem as pulseiras.
E eu fico feita tosca a olhar para o cartaz do novo Audi e a tentar perceber onde aparecia a gaja das pulseiras. Não era preciso muito até para perceber que nem sequer é tipico da Audi usar esses estratagemas para publicitar carros (e eu concordo em pleno já que sou da opinião que se o carro for bom dispensa bem a gaja, mas enfim...), e por isso lá esperei que o cartaz virasse e revelasse a senhora das pulseiras. Mas nada! O cartaz virou e a única coisa que se via era o Audi, já que os 3 painéis publicitários eram iguais.
Nisto decido perguntar à Pespineta:
-Onde está a senhora das pulseiras que a mamã não está a ver?
Ao que ela responde:
-Estão só as pulseiras, mamã... ali...
E foi nessa altura que olhei com mais atenção para os 4 elos que formam o símbolo da Audi. Qual Pandora??? Gaja que é gaja consegue ver aplicações para bijutaria em qualquer parte. Gajo que é gajo apressa-se logo a explicar aos filhos que os elos derivam da união de 4 marcas distintas e daí a primeira nomenclatura ter sido Auto Union, e que se transformou entretanto na famosa Audi. E com esta lição de história automobilistica lá seguimos para a escola...