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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Confesso que desconhecia de todo o local e o conceito antes de ser mãe. Mesmo em frente ao antigo Olivais Shopping -actual Spacio Shopping o que é muito mais esclarecedor que ter a localização no nome, mas adiante...- existe uma Quinta Pedagógica, igual a tantas outras, ou não seria pelo facto de ter lá uma Árvore das Chuchas.
Explicando melhor, é uma árvore perfeitamente banal, com tronco e ramos e miraculosamente folhas, pois que com tanta chucha que lá têm pendurado ao longo dos anos já mal se nota que é uma árvore.
Da primeira vez que visitei o espaço, e alheia a tal conceito, confesso que até achei aquilo um pouco 'creepy' (que é quase como quem diz arrepiante, mas não é bem a mesma coisa e por isso perdoem-me o estrangeirismo). Pior mesmo só o Chucky (para quem não viu o filme acho que não perderam nada a não ser pesadelos)!
Mas depois de passarmos pelas tentativas de desfralde e 'deschuche' (belo neologismo este!), já começamos a achar qualquer técnica interessante. E por isso no Domingo passado lá fomos nós à Quinta Pedagógica dos Olivais com o intuito de pendurarmos as chuchas nas árvores.
Confesso que hesitei muito. Afinal eles 'ainda' só têm 3 anos, afinal estamos também a tentar o desfralde e isso parece-me até mais prioritário que as chuchas, afinal a chucha facilita muito quando temos que os acalmar.
E acreditem que quando se tem 2 putos gémeos e apenas 2 braços por vezes ajuda por a chucha num enquanto se embala o outro, mesmo que esse outro tenha sido o causador daquela confusão toda!
Só que crescer também é isso, certo? Deixar os objectos de transição da infância e 'transitar'. Mais tarde ou mais cedo teria de ser, e já andávamos a falar nisso há tempo. Disse sempre que eles só iam lá por quando quisessem e se quisessem. Que no fundo era por já estarem tão crescidos e quase a deixar a fralda que não fazia sentido estarem sem fralda e com chucha, e olhem... para eles fez sentido. Na véspera, enquanto preparava umas fitas para pendurar as ditas confesso que ainda hesitei. Seria cedo demais? E como os iria depois acalmar? Mas voltei a questionar e eles foram muito convincentes na resposta.
Chegados à Quinta Pedagógica foram direitinhos à Árvore e pediram se podiam ser eles a pendurar. Claro que sim! Claro que a intenção era essa. E por isso lá os erguemos na direcção de um tímido sol, por entre ramos apinhados de chuchas (muitas delas em plena decomposição). Braços em riste, um sorriso nos lábios, e foi assim que eles disseram adeus às chuchas.
Enchi-me de orgulho naqueles pequenos bebés-crianças. E prometi que os iria recompensar com um miminho. A Patapon fez-me prometer que lá iriamos vê-las de vez em quando e não saiu sem, depois da voltinha da praxe para dar cenouras e pão aos animais, fazer mais um adeus à chuchinha.
Curiosamente o Pandinha, que era o que me parecia mais agarrado à chucha, encaixou por completo a ideia de que é crescido, e foi a Patapon que teve dificuldade em adormecer nessa tarde. Perante a choraminguice da noite já eu me questionava 'O que foste fazer minha parva?', mas o miminho também era apreciado (eles acabaram por escolher uns Estrunfes que andavam a namorar há muito) e foi a ele que recorri para justificar que uma devolução da chucha implicaria uma devolução do miminho.
Quem me valeu foi o Pandinha, que criticou a mana por estar a choramingar. Disse que já eram crescidos e que não precisavam. E depois de inicialmente dizer que não, lá acedeu a que a mana fosse para a caminha dele. Dormiram juntos nessa noite, como nos primeiros meses de vida. E na noite seguinte já a situação acalmou.
Desde quarta feira que ela não pede a chucha, mas eu sei que na terça ainda levou o estrunfe à boca para chuchar... minha pequena grande malandra!
Não! Não fui! E porquê? -perguntam vocês. Acreditem que estão longe de imaginar o motivo, mas claro que só para poderem rir-se um pouco eu explico...
Poderia aqui debruçar-me sobre o triste Estado da Nação, ou fazer um apanhado de todas aquelas promessas políticas em campanha eleitoral que depois se perdem num qualquer buraco negro ou triângulo das Bermudas, e justificar que seria por já não acreditar grandemente no impacto do meu voto. Poderia dizer que estou longe ou ocupada demais para exercer o meu direito de cidadania, como muitos o alegam. Mas a verdade é que não vou porque tenho medo de ficar sem os documentos.
Que disparate!- pensam vocês. Por muito mal que esteja o País ainda podemos votar em segurança.
Pois... foi o que eu pensei nas últimas eleições.
Como coincidiram com o início do ano lectivo e os miúdos tinham de tirar fotografias para a escola decidimos fazer um daqueles programas domingueiros e ir votar vestidos a rigor para depois ir fazer uma sessão fotográfica com os miúdos. Diz o co-irresponsável:
-Vai lá tu primeiro descansada que eu fico aqui fora a brincar com os miúdos e depois trocamos.
Na altura pareceu-me boa idéia, e assim de certeza que não ia demorar mais que 5 minutos. Pois para meu gáudio a minha secção de voto estava quase vazia. Tinha cerca de 2 pessoas à minha frente e mais uma lá dentro. Em menos nada chegou a minha vez, dirigi-me à mesa onde estavam os 3 elementos que a lei exige e confiei os meus documentos a um senhor de cabelo grisalho que presidia aquela secção.
Não devo ter demorado mais que 2 minutos a preencher os 3 papelinhos com um 'X' e a dobrá-los cuidadosamente. Distraí-me apenas por escassos segundos a ver os miúdos a correrem atrás do pai por entre os vidros meio foscos da sala. E foi a olhar para eles que me dirigi, de sorriso rasgado, ao senhor de cabelo grisalho, e foi a olhar para o dito senhor que escancarei a boca ao deparar com os documentos que ele me estendia.
Perante o meu ar de espanto ele acha que talvez fosse boa ideia confirmar (claro... não fosse eu, cerca de 50 anos mais nova que ele, estar a ver mal!) e pergunta de voz entramelada:
-Dona Ana?
-Nem dona nem Ana! -respondo eu. - Nem um único nome eu tenho em comum com essa senhora e pela fotografia, nem sequer estamos próximas a nível de idade. - e com isto devolvi-lhe os documentos e olhei em redor a ver se vislumbrava os meus.
Foi em total pânico que percebi que não havia ali mais documentos. Eu estava sozinha na sala de voto com 3 gatos pingados a olharem para mim meio atónitos.
-Olhe... -diz então ele no tom mais calmo do mundo- acho que dei os seus documentos a outra pessoa.
-Acha? Pois... parece que sim. Mas então se errou... resolva! -respondo.
Juro-vos que em tanto anos de vida (menos que o senhor, mas mesmo assim...) nada me poderia preparar para o que viria a seguir.
Pensei que ele próprio fosse atrás da senhora ou pedisse a uma das raparigas mais novas para ir, mas não. A solução que ele encontrou para resolver um erro dele, e ao qual eu era de todo alheia, e parte lesada, foi:
-Ela não deve estar longe porque saiu ainda agora e é coxa. Vá a correr que ainda a apanha!
-Desculpe??? Quer que eu vá a correr por aí fora atrás de alguém que eu não conheço e interpele as pessoas a exigir que me mostrem os documentos?
Tentei manter a calma, apelar ao bom senso das duas jovens que o ladeavam, e pedir para serem eles a resolver uma situação que era culpa... deles! Não me parecia lógico ser eu a tratar de nada daquilo, nem sequer tinha qualquer legitimidade para o fazer, e caramba... pelo que eu ouvi dizer que aqueles senhores recebem por estar ali... bem que podiam mexer as patinhas!
Pois não mexeram! Passaram-se vários minutos em que o senhor não só não pediu desculpas, como insistiu que eu é que deveria resolver a situação e que devia também compreender que os erros acontecem. Pois... compreendo, mas naquele caso acho de uma irresponsabilidade total entregar-se documentos a alguém sem sequer confirmar a identidade da pessoa, sem sequer olhar para a fotografia, sem sequer perceber que, por muito bem conservada que a senhora tivesse, não poderia nunca ter nascido na década de '70.
Mas melhor... perante aquela inactividade toda e a insistência para que eu simplesmente saísse dali, acabei por pedir para falar com alguém que pudesse ter neurónios suficientes para perceber o caricato da situação. E quando vem a dita pessoa, com um cargo de presidente de Junta que deveria ser sinónimo de responsabilidade e de discernimento, sai-se com o mesmo discurso de que erros acontecem e que naquela fase pouco haveria a fazer. Que eu deveria ter ido atrás da senhora, mas que também seria uma questão de esperar pois ela haveria de dar pelo erro e entregar os documentos.
Agora digam-me vocês... quantas vezes por ano têm necessidade de puxar do documento de identificação? Acham provável que a octogenária coxa sequer conduzisse ao ponto de poder ser mandada parar numa operação STOP onde lhe pedissem para ver o cartão de cidadão? Ou seria até melhor eu colocar um anúncio no jornal, estilo 'Procuro octogenária coxa'? E mesmo que os meus filhos -que entretanto já estavam junto a mim- não se importassem de atrasar o almoço e a sesta naquele dia, até quando será que aquela iluminada acharia lógico esperar? É que era de manhã e a secção de voto só fecharia ao final de dia.
Aqui a tonta -vá-se lá saber porquê- achou melhor recusar-se a sair dali sem os documentos ou um relatório da polícia em como eu estava privada dos meus documentos contra vontade. Por um lado, porque as multas por conduzir sem documentos ainda são consideráveis, mas por outro... também quem me poderia garantir que a senhora era séria?
Pois que era... deveria estar até na missa (calculo que o catolicismo esteja estampado no rosto) e por isso a solução era eu esperar até ao final da dita que iam pedir a alguém para lá ir (curioso como a palavra polícia dá energia para mexer as patinhas). Mas também me sugeriram que esperasse um pouco mais longe, e já agora... que não comentasse o sucedido a tão viva voz. É que por essa altura já diversos vizinhos meus andavam por ali e claro que estavam curiosos em saber o porquê de eu ainda ali estar. Pois... azar!
Ora por esta altura já eu achava que estaria envolvida em alguma piada de mau gosto. Para além da incredulidade do erro em si, era toda a situação que se seguiu que não fazia sentido e por isso, como não cederam ao meu apelo para chamar a polícia, chamei eu.
Perante a gravidade da situação, e a consciência de que 2 crianças (na altura de 2 anos) esperavam pela mãe para irem almoçar, a polícia não tardou em comparecer no local, identificar o dito senhor, identificar-me a mim, e registar o sucedido.
Seguiram-se mais umas cenas caricatas, com um dos polícias a ter uma conversa particular com a tal pessoa da Junta, e depois a dirigir-se a mim para me demover de apresentar queixa. Foi pena ele não me conhecer, ou poderia ter poupado algum latim. É que a consciência dos meus direitos tenho eu, assim como dos deveres de quem exerce um cargo de presidente de Junta, e de quem preside uma mesa de voto. E já que falamos nisso... dos deveres de quem exerce um cargo de autoridade, sendo que um deles é a imparcialidade... certo?
Foi então que o segundo elemento da polícia me reconheceu e veio falar comigo. Pediu desculpa pelo sucedido. Belas palavras, pois foi a primeira vez naquele dia que alguém as proferiu. Disse que compreendia a gravidade da situação, que lamentava o sucedido e que iria tentar resolver tudo. Uma vez que tinham os documentos e morada da pessoa era simples de resolver, certo? Agradeci. Por mim e pelos meus, que assim fomos para casa, para um almoço tardio e uma sesta mais ou menos inquieta.
Cerca de uma hora depois recebi um telefonema da polícia. Cerca de uma hora depois tinha os meus documentos de volta. Ainda hoje a minha filha diz que há um polícia que é amigo. Gostava que fossem todos... todos os polícias, todas as pessoas que exercem cargos de chefia, no fundo todas as pessoas que lidam com pessoas. Por isso no dia em que houver um político que trate as pessoas como pessoas eu arrisco voltar a votar. Prometo!
Já por aqui tinha referido que ando a ensinar umas palavras em inglês aos mabecos.
Ora desta vez, na história que contei antes de adormecer havia uma lagarta e um boneco de neve, e por isso não foi surpresa quando a Patapon se vira para mim e pergunta:
-Cão é 'dog', adeus é 'bye bye'... e lagarta, como se diz?
Perante a minha explicação que seria 'caterpillar' a miúda logo se apressa:
-Boa! Catrapila!
Serão em casa e oiço o Pandinha:
-Lili! Ó Liliiiii!
-Quem é a Lili?- pergunto eu.
Nisto aparece a Patapon, corredor fora, a responder:
-Sim, Quico!
-Quem é a Lili e o Quico? -insisto eu.
Pelo meio das risotas a pespinetazinha ainda reclama:
-Não estamos a falar contigo!
E seguem para o quarto de mão dada.
Já perto da hora de dormir, e porque aquilo não me saía da cabeça, acabo por perguntar ao Pandinha:
-Porque é qua agora andam a chamar Lili e Quico um ao outro? Não gostam dos vossos nomes?
Perante o silêncio dele insisto:
-Se pudesses escolher o teu nome, qual escolhias?
Resposta pronta do puto:
-Mickey!
Ora pois claro...
Muitas pessoas me perguntam se engordei muito e quais as dificuldades por que passei na gravidez, dado ter-se tratado de uma gravidez gemelar. Curiosamente acho que sempre fez mais confusão às outras pessoas do que a mim. Nunca me senti doente nem nenhum bicho do mato!!
Para mim estava simplesmente grávida, e havia que ter alguns cuidados, quer a nível de alimentação quer de evitar esforços, mas nada que não fizesse se em vez de dois esperasse apenas um bebé. Comia essencialmente grelhados (mas isso é o que já faço habitualmente), não comia saladas fora de casa nem qualquer alimento crú que pudesse estar mal lavado (por não ser imune à Toxoplasmose), e procurava ter uma alimentação rica em vegetais e frutas (o que já fazia antes).
A única coisa que fiz de diferente foi comer todos os dias beterraba, que eu detesto, mas que em conserva e depois de demolhada é tolerável, e que embora não haja consenso (como tudo o resto), parece ajudar a evitar a anemia. Coincidência ou não, a minha médica dizia que as minhas análises nem pareciam de grávida, quanto mais de grávida de gémeos.
A rotina normal eram ecos e consultas mensais, o que era suuuuuper! Para quem, como eu, detesta ir ao médico. Mas por ser uma gravidez gemelar é considerada, logo à partida, de risco, e estes são os cuidados 'normais'. E pronto... se tem de ser assim, será!
Meteram-me as mãos por todo o lado, fizeram imensas perguntas e receitaram-me ácido fólico (parece que durante a gravidez já não há problema de se andar nos 'ácidos' eheheh! Deram-me o livrinho da grávida com montes de informação acerca de sinais de alarme (lindo para stressar, né?) e disseram para ter cuidado com hipertensão e diabetes (mais uma acha para a fogueira das boas notícias), como se fosse algo que bastava a gente mudar de passeio para evitar esbarrar com aquilo!
E depois vieram as análises. Ahhhh!! Que saudades daquela mistela nojenta a que chamam teste de glicémia. Querem saber o que foi pior na minha gravidez? Emborcar aquela porcaria em jejum e depois ter de esperar (já não me lembro se 1h ou 2h mas seguramente uma eternidade) para repetir o teste. E ainda me perguntavam de que sabor queria. Hmmmmm... que tal sabor a... água!!!????
Quanto a estatísticas, e porque sei que isso é stressante para muita gente que está agora a passar por esta situação, apesar de cada caso ser um caso e eu até ser da opinião que quanto menos compararmos menos stressamos, aqui ficam.
A tensão arterial manteve-se sempre 13/7, o que é um pouco elevado para o meu estado normal mas eu ia numa correria do trabalho para lá e depois stressava de lá estar à espera (valeu mesmo a pena stressar...looool... NOT!). Quanto ao peso:
-peso normal: 60kg
-12 semanas+3 dias: 70kg
-17 semanas+5 dias: 73kg
-27 semanas+3 dias: 78kg
-30 semanas+6 dias: 80kg
-32 semanas+6 dias: 83kg
...e depois os putos nasceram às 34 semanas (felizmente!! já que nesta fase eu parecia a Popota)
Inicialmente a enfermeira moía-me o juizo por causa do peso, mas a médica disse sempre para não me preocupar pois afinal eram 2 placentas, 2 sacos de liquido amniótico, 2 bebés e, na recta final, uma bela prateleira!! :D
A nível de dicas para não engordar em demasia e para evitar enjoos comer 1 bolacha de água e sal de 2 em 2h, sendo que a 1ª deve-se comer mesmo antes de levantar (sim...tinha bolachas na mesa de cabeceira...lol). Para evitar a anemia já referi: beterraba! Andar diáriamente a pé mas sem esforços, e arranjar um 'chaufer'. Acham estranho? Eu também achei mas pelos vistos não esperavam que eu conduzisse. E provavelmente também não esperariam que eu, gravidérrima, andasse a passear pelo alentejo a visitar os castelinhos todos.
Obvio que nunca colocaria a vida deles em risco, mas andei sempre devagarinho, a beber aguinha e a sentar-me com regularidade. Se fosse hoje talvez não tivesse tanta genica, mas acreditem que estar grávida de gémeos dá-nos uma injecção de hormonas e energia que só pode ser a pareparação para o que está para vir...
O meu Pandinha anda naquela fase das graçolas. Acha que tem piada! E o pior disto tudo é que tem mesmo piada e começa a ficar para nós complicado não sorrirmos.
Na outra noite, assim que os deitei, apaguei a luz e virei costas, ambos decidiram que ainda queriam ir fazer chichi à sanita. Que bom! -pensam vocês.
Certo! É bom que queiram fazer chichi na sanita e sim, com o tempo quentinho (e por isso menos roupa vestida e mais probabilidade de a secar rapidamente) voltámos à tentativa de desfralde, e nesse sentido é sinal que as coisas estão a correr bem... Mas treinar o desfralde com gémeos não é tão simples e linear...
Como a Patapon assim que se senta na sanita lembra-se que já agora também aproveita para fazer cocó, acabo por deixar ir sempre primeiro o Pandinha. A questão é que depois dele se despachar (em menos de 1 minuto! -já agora tenho de reconhecer-lhe o crédito das mijadelas à Speedy Gonzalez) fica ali a meter-se com a irmã, e ela a cantar para ele.
Parece uma qualquer cena de uma comédia de baixo orçamento, e eu mortinha de sono à espera que eles se despachem, para depois ainda ir tratar do jantar dos 'crescidos', comer o dito e adormecer a babar-me no sofá cerca das 22h00, com o co-irresponsável a cutucar-me para eu me ir deitar na cama (ora se eu conseguisse andar não estava ali a babar-me, certo?).
Pois aqui há dias (ou noites) estava eu mesmo KO e a rezar para que os miúdos se despachassem na casa de banho, quando já em desespero me viro para a Patapon e pergunto:
-Já está, querida?
E nisto reparo no sorrisinho parvo do irmão -que nessa altura deixou a tarefa de investigar o rolo do papel higiénico de parte- enquanto ela responde:
-Ainda não, mamã!
Pois o graçolas pega então no Boo dela -que estava em cima do lavatório à espera- e estende-o direito à mana enquanto diz em tom meloso:
-Toma o teu Boozinho, querida!
-Ahhhhh! Obrigadaaaaa! -responde ela.
-De nada, minha querida! E agora já está, querida? -torna o Pandinha.
Perante os risos completamente cúmplices de ambos, tive a certeza que qualquer coisa ali havia, e meio hesitante virei-me para o puto e perguntei:
-Estás a imitar-me?
-Sim, querida!
Já tive oportunidade de aqui referir que decidimos oferecer uns tablets aos miúdos por altura do Natal, e que temos andado a explorar as aplicações do Sapo (ver post: As aplicações do Sr. Sapo). Pois ao fim de quase 5 meses é notório o que os miúdos já conseguiram aprender. Desde letras, números, os objectos característicos de diferentes profissões, sobre reciclagem, sons de animais, etc.
Mas se há momentos em que quase rebento de orgulho com a rápida aprendizagem deles, outros há em que percebo que ainda têm um longo caminho a percorrer.
Hoje quando o Pandinha errou uma das tarefas logo se ouviu uma voz a perguntar se ele queria tentar de novo. De imediato o puto aproxima a boca do computador e responde:
-Não, não quero!
Risota total, a Patapon incluida, e eu lá tento explicar:
-Querido... isso é apenas uma voz gravada, não é uma pessoa que está a falar contigo e por isso não precisas responder.
E foi então que a miúda, de ar altivo e entendido na matéria, se vira para o irmão e acrescenta:
-Pois claro! Não percebes que ela não te ouve? Tu estás cá fora e ela está ali dentro... só ouve os meninos que falam lá de dentro!
Neste Dia da Mãe, que foi para mim passado como tantos outros dias do ano, mas com algumas palavras doces pelo meio, não poderia deixar de fazer, eu própria, homenagem a todas aquelas mulheres que, de uma forma ou outra, marcaram a minha vida enquanto mães.
Antes de mais à minha mãe. Lamento, como em tantos outros dias não ter podido estar com ela, mas ela sabe que estou sempre de coração. Foi dela que herdei esta pontada de loucura, a veia poética e a boa disposição (mesmo nas alturas mais complicadas). Sabes bem que por isso faço embora não seja fácil... Mas nunca é. E não tem sido para ti. E só por isso quero que saibas que te admiro muito, que te adoro muito, e que nunca encontro as palavras certas para te agradecer por tudo o que tens feito. Por mim, pela minha mana, e sobretudo pelo meu pai. Obrigada por ainda lutares por uma causa que tantos acham perdida... Obrigada por teres esse coração de ouro para cada ser humano, cada gatinho, cada Maria-Café que atravessa o teu caminho. Quero um dia ser como tu e quero voltar a ver-te sorrir assim...
Uma palavra também especial à minha mana. Por todas as vezes que me garantiste que eu tinha sido encontrada no caixote do lixo, por todas as brincadeiras de mercearias em que insististe ser a dona (ou não brincavas de todo), por todos os chupas e gelados que me arrancaste das mãos, por todas as vezes que me picaste à mesa ou de viagem no carro e me obrigaste a dar-te uns pontapés porque ainda não o sabia verbalizar (e depois disso porque lhe apanhei o jeito)... acredita que na altura me apetecia ir-te ao focinho, mas se hoje em dia nada me deixa de rastos é graças a ti.
E juntamente com esses momentos guardo bem fundo no coração tantas e tantas vezes que avançámos corredor fora, comigo sentada no carro das bonecas, a marcarmos as paredes todas à nossa passagem; estarmos deitadas no chão da sala a fazermos desenhos na parte de baixo da mesa (para a mãe não ver, quando ambas sabíamos que ela às econdidas ia lá admirar as nossas obras de arte); teres-me perdoado por ter cortado o cabelo da tua Nancy e partido a tua cozinha de brincar, e teres gasto uma boa parte do teu primeiro ordenado a comprares-me um relógio da Benetton. Já lá vão uns bons 25 anos e ainda o tenho, apesar de hoje em dia dever valer uns cobres valentes no OLX. Obrigada também por me dares dois dos homens mais importantes da minha vida... ADORO os meus sobrinhos! E por seres para mim um exemplo de mãe! Espero que de hoje em diante a vida te sorria um pouco mais, porque mereces!
Para a outra pessoa que tem sido como uma mãe para mim, que me adoptou e acarinhou assim que comecei a namorar com o filho dela, obrigada por toda a ajuda que me tem dado nesta fase tão exigente da minha vida. E porque para ela este início de ano tem sido particularmente complicado a nível de saúde, espero que continue em passo pequeno mas firme rumo à plena recuperação. Por todos os gestos maternos que tem para com os meus mabecos... obrigada!
Uma homenagem especial agora às que já partiram mas que terão sempre um lugar especial no meu coração.
À minha avó Vitória nada mais digo porque as saudades me toldam os olhos de lágrimas, mas sei que lá de cima onde estás vem sempre um raio de luz mais quente que os outros e que me faz sentir-te sempre perto.
À minha bisavó Maria cada vez mais pena de não a ter conhecido. Dela dizem que herdei o nariz empinado, não no sentido de me sentir acima dos demais, mas de sentir que sou importante q.b. para nunca me vergar a ninguém. Recordo-me muita vez da história de quando ela foi presa, simplesmente porque não se calou perante a prepotência policial que se fazia sentir (eu escrevi fazia-se, no pretérito, ok?). Eu ainda não cheguei a tanto, bisa... mas por este andar para lá caminho!
Um beijo enorme também para a estrelinha onde habita a minha avó Ana que me deixou de legado um anel que chegou com a notícia da morte dela... Não era suposto ser assim, avó... e sinto muito por isso. Herdei dela a mania de dar alcunhas a toda a gente e de certa forma, será então a ela que devo o facto de ter 2 mabecos...
Como não poderia deixar de ser, obrigada aos meus filhos. Acreditem que o desespero de descobrir que estava grávida de gémeos há muito que passou. Sei que não serei a melhor mãe do Mundo, mas não serei com certeza a pior. E o orgulho que sinto em ter dois mabecos tão giros, inteligentes e meigos (saem portanto à mãe!) é imensurável. E a cada sorriso, a cada beijo, a cada abraço, sinto que talvez não me tenham escolhido em vão. Adoro-vos muito, meus mabecos!
Para finalizar, uma palavra especial para todas aquelas mães que eu tenho conhecido de uma forma ou de outra ao longo da minha vida e que têm sido para mim um exemplo. Porque nem sempre as coisas correm bem, porque há dias em que apenas gostaria de voltar a ser pequenina e poder andar para sempre 'Nos pepés da mamã' sem sentir o peso do Mundo em cima dos meus ombros, sinto que não devemos nunca esquecer como é bom ser mãe! Um dia feliz para todas vós!
Vinhamos de carro de casa da avó paterna. Depois de uma tarde de brincadeira e correrias pelo parque eles faziam-me o relato do que tinham feito com os avós. A dada altura contaram que um cão fugiu com a bola do Pandinha e que quando a avó estava a jogar à bola com eles, andou para trás e caiu.
Como tinha um saco onde transportava todas aquelas 1000 coisas com que andamos quando temos miúdos era inevitável que algo acontecesse quando ela se estatelou em cima dele. Pois segundo os mabecos a água abriu-se e molhou tudo, inclusivé o cabelo da nova Barriguita da Patapon (ir para casa da avó também implica normalmente voltar com um brinquedo novo ou a expressão 'estragar os miúdos com mimos' não faria tanto sentido), e pelos vistos, e felizmente, ter-se-á gerado uma sessão de risota pelo caricato da situação.
Ora como a meio do caminho já o sono se transformava em birra, e como é sabido que tenho uns parafusos a menos, decidi inventar ali um bocadinho para os distrair. E comecei com a minha história alternativa:
-Ora então a avó estava a jogar à bola, o Pandinha acertou-lhe com a bola e ela caiu!
-Nããããããooooo! -dizia ele a tentar conter o riso- Não fui eu! Ela só começou a andar para trás, tropeçou e caiu.
-Ahhhhhh! -tentava eu fingir que já tinha percebido- então veio o cão, atirou-se à avó e ela deixou cair a bola!
-Não, mãe! -explicava a Patapon- ...o cão foi depois. A Avó caiu sozinha!
-Caiu porque o pai a empurrou, certo? -insistia eu na versão alternativa perante a risota geral.
-Não! O pai não estava lá. Foi mesmo sozinha!! Estás a aldrabar! -dizia o Pandinha.
A partir daí, foi com a história a descambar para o limite da insensatez que percorremos os últimos quilómetros de regresso a casa com os mabecos bem dispostos. Já a chegar a casa a versão era:
-Então estavam a jogar à bola, o pai empurrou o avô, que foi bater de encontro ao cão, que por sua vez acertou numa árvore. E a árvore ia a cair para cima da avó, que se desviou a tempo, mas acertou no saco, e entornou a água.
Foi então que no meio de uma gargalhada o meu filho se saiu com esta:
-A árvore caiu?? As árvores não podem cair, mãe! Porque não têm pés!!!
E pronto! Foi assim mais uma lição mabequiana! E eu que vivi estes anos todos na ignorância!
Há quem tenha queda para a música, quem tenha para o teatro ou mesmo para a escrita. Há quem declame poemas a fio de memória, e quem saiba dar toques na bola e fintar como ninguém. E há a minha filha... que tem queda para pisar cocó de cão!
Pois hoje, para não variar, num passeio pelo parque com os avós paternos, calhou de acertar em cheio com um dos ténis novos (que embora tenham sido estreados na semana passada quase parecem ter feito já todo o inverno, ter sido atirados para o lixo, e depois resgatados numa qualquer reciclagem) num enorme poio. Não que eu o tivesse visto, pois por essa altura estava eu ainda no trabalho, mas dei por ele quando apertava os elaborados cintos da Graco, para iniciarmos a viagem de carro de regresso a casa.
Pais que são pais têm sempre toalhetes à mão, e pais de gémeos por norma têm um pack inteiro deles (e quando digo pack é sempre acima de 200 unidades dos ditos), e por isso respirei de alívio e fui buscar os toalhetes ao porta bagagens. Mas nem mesmo se tivesse gasto um pack deles conseguiria tirar o dito cocó, de tão agarrado e seco que estava (nota mental... não é boa ideia comprar ténis com solas de elaborados relevos). A solução passou mesmo por lhe tirar o ténis para, pelo menos, não sujar as costas do meu banco, como tinha acontecido no incidente anterior e que envolveu uma igual (senão maior) quantidade de caca.
Mas claro que isso não nos impediu -pelo contrário- que pudessemos gozar com a situação e com a pontaria da miúda. Mas bastou percorrer alguns metros, com a conversa de crescidos e Pandinha a roçar o limite da estupidez -sim, a malta reconhece!- para a resposta-pronta da Pespineta se fazer ouvir. Do alto do seu metrinho de altura, com voz segura e bem colocada, como se falasse para uma plateia sai-se com esta:
-Sabes... eu acho que é um disparate os cães fazerem cocó na rua. Os donos deviam ensiná-los a ir à sanita para eu não pisar mais cocó!
Pois... eu também acho! E subscrevo!