Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Ontem foi um dia particularmente complicado para mim e tive que pedir desculpa aos meus filhos por não poder cumprir com alguns planos que tinhamos estabelecido para o fim de semana. Mas explicações simples já não são o suficiente para crianças de 3 anos, em plena fase dos 'porquê?'.
Numa linguagem acessível e tentando não entrar em muitos pormenores -porque acho que os problemas de adultos não devem ser motivo de preocupação para as crianças- lá expliquei que não era por culpa deles que não íamos hoje para a praia, já que eles se têm andado a portar muito bem e que mereciam esse dia especial com os pais. Era simplesmente porque estou triste, cansada, e sem forças para andar a carregar meia casa às costas. Porque estava cheia de dores de cabeça e preocupada com coisas de crescidos, e que precisava do dia para tratar de alguns assuntos importantes.
E no meio daquelas lágrimas que eu tentava conter, oiço o Pandinha a dizer no tom mais meigo do Mundo:
-Não te preocupes, mamã. Vai dormir que isso já passa!
E...acho que passou. Pelo menos em parte... Obrigada Pandinha, por seres um ''crescido'' e me conseguires arrancar sempre um sorriso.
Realmente os miúdos tuguinhas têm muito que penar para aprender a falar correctamente. E quando se tem gémeos de sexos diferentes a história complica-se.
Andamos há que tempos a explicar que ele deve dizer 'Obrigado' e ela 'Obrigada' e finalmente parece que encaixaram o conceito. Pois hoje à hora dos leitinhos andavam num daqueles acessos de ternura, a dar beijinhos e miminhos. Assim que chego com os leitinhos à sala ele diz 'Obrigado' e eu respondo 'De nada'.
E nisto depois do puto emborcar quase 800 ml de leite, entrega-me o biberon (sim, ele ainda bebe pelo biberon à noite, mesmo com a irmã a chamar-lhe bebé, mas perante a quantidade e a ânsia com que bebe tenho que reconhecer que, embora não seja o ideal, é o mais lógico e ando a tentar 'negociar' que passe para o copo até ao final do ano), dizendo:
-Toma, mamã!
Perante o meu:
-Obrigada!
O Pandinha responde, quase de forma automática:
-De nada!
E sai-se a Pespinetazinha:
-Não é 'de nada', mano! Tu és um menino, por isso é 'de nado'!
E lá andei eu a explicar que a lingua portuguesa tem destas coisas...
E assim começa uma nova secção do blog onde tentarei partilhar algumas dicas que vos ajudem a facilitar a vida. Algumas instintivas, outras aprendidas na primeira pessoa (a tentativa e erro é sempre das melhores formas de aprendizagem), outras felizmente transmitidas por quem já passou por elas.
Sintam-se perfeitamente à vontade para partilhar as vossas ou até para sugerir dicas em relação a alguma situação em concreto.
Começo pelas sopas porque é das questões que mais frequentemente surgem. Ora para tornar as sopinhas mais apetitosas:
Também não convém esquecer de que, ao introduzir novos alimentos, se deve respeitar o intervalo de 3 dias entre cada introdução para nos certificarmos se há ou não reacção alérgica, e de que não se devem misturar muitos legumes (por norma 3 de base e 1 legume folhoso).
Para facilitar a fazê-las (e acreditem que isto é particularmente útil para quem tem gémeos, mas não só) podem optar por partir os legumes todos quando têm mais tempo e guardar em doses no congelador. Depois quando precisam de a confeccionar é só seleccionar uma dose de batata, uma dose de cenoura, etc. Também dá muito jeito na fase em que comem sopa de peixe a uma refeção e de carne a outra, fazer as unidoses de carne e peixe (neste caso o normal é cerca de 40g por cada refeição) e adicioná-las depois da base da sopa confeccionada. Assim, mesmo que o bebé rejeite a sopa, podem sempre reaproveitar a base, o que não é possível se puserem a carne ou o peixe misturado de início.
Depois o ser mais espesso ou mais líquido depende do gosto de cada bebé, mas é importante ter algumas fibras mais longas para facilitar o funcionamento do aparelho digestivo, e ser progressivamente mais espesso também facilita a introdução dos sólidos e, mais tarde, que eles consigam comê-a sozinhos com um mínimo (e com isto quero dizer 1 metrinho quadrado ou 2) de chafurdice.
Boas sopas!
Seis da manhã e no meio de um lindo sonho oiço uma voz doce:
-Mããããeeeeeee!
Ora... não me perguntem como, mas quando somos mães parece que adquirimos um botão automático que nos permite despertar em estado semi-zombie (aquele em que estamos suficientemente acordados para desempenhar algumas tarefas básicas, mas que não chega a definir-nos como gente) junto a quem quer que por nós chame.
E foi assim que, meio ensonada, respondi:
-Diz, filha...
-Toma! -ouvi eu de retorno enquanto ela esticava o bracito na minha direcção.
Pensei que estaria a sonhar, mas como não se deve contrariar sonâmbulos debrucei-me sobre ela e serenamente perguntei:
-Toma o quê?
Resposta pronta enquanto me passava algo pequenino e semi-esférico para a mão:
-Toma um macaco!
E é assim a aventura de se ser mãe.
Inevitavelmente teria de ser... babei-me!
Sabem quando passamos por todos aqueles meses de gravidez e ansiamos conhecer quem se esconde dentro da barriguinha -neste caso seria mais quem se esconde dentro do T2 descomunal- ou quando depois ansiamos pelo primeiro sorriso, pela primeira palavra?
Juro que não sou uma pessoa lamechas e há certas coisas que até me causam brotoeja... mas esta semana a minha filha conseguiu-me tirar do sério (no bom sentido) com algumas palavras.
Dizia o Pandinha, depois de uma viagem de trabalho que o co-irresponsável fez à Madeira:
-Eu quando for grande quero ir contigo para a Madeira!... e andar de mota também!
(por esta altura já o co-irresponsável tinha um daqueles sorrisos rasgados tipo Joker desta versão mais moderna do Batman)
-Estás a dizer que queres ser como o pai? -pergunto.
-Siiiiimmmmmm! -dizia o Pandinha de sorriso quase em espelho.
-O pai é o teu herói, querido? -pergunto eu meio embevecida.
-Sim! -exclama o Pandinha com o ar mais feliz do Mundo.
E nisto a Patapon que tinha permanecido calada durante toda aquela sessão de massagens ao ego do pai, sai-se com esta:
-Não fiques triste, mamã! Tu és a minha ''heróia''!
E pimbas! Isto já foi há 2 dias e ainda preciso de babete!
picture: Lara Croft, in Tomb Raider
Numa destas manhãs chuvosas e farruscas de um verão que parece não querer chegar, tinha eu a Patapon a insistir que queria ir de gorro e luvas para a escola.
Insisti que estava calor e que iria ficar a transpirar com tais acessórios. Até disse que os outros meninos iam ficar a olhar para ela, de tão estranho que aquilo era, mas ela continuava a lutar pelo seu gorro e as suas luvas. Numa derradeira tentativa tento explicar:
-Querida... isso usa-se quando é inverno, mas agora está calor, não faz sentido andares de luvas e cachecol com este calor.
Responde a Pespineta:
-Mas é Inverno, mãe! Olha como chove!
E pronto... foi assim que fiquei sem argumentos perante uma miúda de 3 anos e meio. Mas valeu-me o mano, que nem sei bem como, lá a conseguiu convencer...
Cada vez mais chego à conclusão que estamos rodeados de Peter Pans, e por isto entenda-se... pessoas que se recusaram a crescer, autênticas criançolas. Infelizmente não apenas no sentido mais lúdico, e passo desde já a explicar.
Trabalho desde há muitos anos -mais do que gosto de admitir...- em funções de Atendimento ao Cliente, pelo que compreendo o quão difícil certas situações podem ser, mas nem sempre é o cliente que falha e senti isso na pele recentemente.
Sempre fui bem tratada no supermercado aqui do bairro. Noto que sempre tiveram um cuidado especial na contratação de pessoas com um mínimo de educação e bom senso, mas infelizmente também por aqui as coisas estão a mudar. Raro é o mês em que não se vê por lá uma cara nova e por diversas vezes tive de reorganizar as coisas dentro dos sacos.
Não é que seja demasiado obsessiva -já sofri mais desse mal, mas parece que ser mãe de gémeos nos deixa pouco tempo para comichices- mas gosto das coisas com um mínimo de organização. Os frescos num saco, as garrafas no outro separadas por um outro saco para não irem a bater, as coisas mais pesadas no fundo e mais leves no cimo, e por isso até gosto de ir a locais onde seja eu a arrumar tudo, mas em supermercados de Bairro já estou habituada a ser atendida de outra forma e até gosto da mordomia para variar.
Pois este terá sido um final de dia particularmente cansativo para mim, e perante a eminência de ter de sair do trabalho a correr e ir buscar os miúdos à escola optei por despachar o jantar no supermercado e comprei uns pastelinhos de bacalhau já cozinhados e prontinhos a comer.
A senhora da charcutaria, como de costume, foi uma querida e retirou-os cuidadosamente da bandeja para uma couvete. A senhora da caixa, no meio de um enfiar atabalhoado de coisas nos sacos colocou a couvete no cimo de um dos sacos e pressionou para baixo para a encaixar melhor.
Ora... como os pasteis estavam entre a couvete e a mão da dita senhora não é preciso ser licenciado em Física Nuclear para perceber que perante uma acção sobre um corpo este reage com uma reacção. Dito de outra forma... esborrachou-me 2 pastéis sem qualquer piedade!
Sim... ainda respirei fundo, mas perante o ar de espeto da dita (para quem não sabe é aquele ar endireitadinho e de cara séria, semelhante a um frango no espeto, mas com o extra da cara que o dito frango não tem) a esticar-me o terminal de pagamento e a mandar-me digitar o código (juro que se não foi essa a intenção foi assim que soou) achei que deveria dizer alguma coisa.
-Sabe que dizer desculpe não lhe fica mal? -perguntei assim suavemente.
(nada)
-Não é que não se comam os pastéis esborrachados na mesma, mas já que a sua colega teve tanto cuidado a colocá-los aí, se não tem respeito pelo cliente ao menos tenha respeito por ela. -insisti.
-Mas eu não fiz de propósito! -responde ela finalmente de ar enjoado e agressivo.
-Mesmo assim, acho que não ficaria mal assumir o erro e pedir desculpa, certo? É que se tem pressa para terminar o turno ou se está chateada por por algum motivo a culpa não é de certeza minha...
Pois ela não só não pediu desculpa como continuou com aquele ar enjoado de quem parece talhado para o Atendimento ao Cliente, desde que o cliente se chame Babe e faca óinc!
Sinceramente não estive para me chatear e vim para casa a pensar que não deve demorar muito para ir para lá outra, mas foi curioso que dois dias depois os gémeos se tenham envolvido numa discussão que, tendo lugar no quarto deles, ecoava pela casa toda.
Chegada a mamã lá, a Patapon apressou-se a explicar que tinha um livro que o Pandinha entretanto decidiu que queria, e como esta não lho deu, ele resolveu tirar-lho. Como o sacana do puto é um brutamontes de primeira, a princesinha caiu no chão e a discussão era por ele não lhe ter pedido desculpa. E quando eu o repreendo pelo sucedido e lhe pergunto porque é que não pediu desculpa à mana ele sai-se com esta:
-Porque eu não fiz de propósito!
E nessa altura percebi que o que o separava esta criança daquela senhora não seriam propriamente 30 anos mas uns 50 centrímetros. E é triste constatar isto... Mas não é de propósito! Juro!