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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Jantar de petiscos... salada de polvo, maranho, sapateira.
Pergunta o meu filho entusiasmado:
-A salada de polvo tem polvo?
Estávamos a comer uma bela dose de sardinhas com a família alargada. Mesa corrida de madeira sem espaço para mais um que fosse. Eram das primeiras de jeito da época e por isso a ansiedade era grande. Gordinhas a pingar no pão. Mal se ouvia uma mosca.
Juro que trato os putos da mesma forma, mas o Pandinha tem uma queda especial para levar com as espinhas, por muito que tente retirar só os lombinhos e verificá-los milimetro a milimetro. A Patapon... bem... ou tem uma sorte enorme ou come e cala, mas adiante...
Sai a primeira espinha e ele põe para o lado. A segunda queixa-se mas continua a comer. Sai-lhe a terceira e perante a mesa repleta o puto exclama em voz alta com ar indignado:
-Fooooooo.....-se!
...e lá colocámos as mãos em frente à boca para conter o riso e continuámos a comer em silêncio, rasgado aqui e acolá por um guincho histérico.
Os putos a jogarem LEGO: Marvel Superheros, e diz a gajinha com o ar mais fofo do mundo...
- Mãe!! Olha! Conseguimos desbloquear o Gavião Arqueiro e a Viúva Negra. Tão booooom!!! Eu queria tanto ser a Viúva Negra!!
Dá-lhes, miúda!!!
Para onde quer que a vida agora me leve, quero que fique bem claro que adorei o percurso até aqui, e quero agradecer por ser quem sou.
Primeiramente aos meus pais e avós, de quem não apenas herdei os genes mas a quem, no fundo, devo a vida. Sei que não foi fácil, sei que não é fácil, mas também sei que de uma forma ou de outra posso sempre contar convosco.
Lembro-me das festas de aniversário de quando éramos pequenas, da trabalheira que a minha mãe tinha e do sorriso que lhe ficava no rosto. É aí que vou buscar a minha inspiração, mãe! E é também a ti que fui buscar o meu gosto pela escrita. E ao meu pai, a quem a vida lhe pregou uma grande rasteira, mas que nem por isso deixa de sorrir quando me vê e, como se os anos não tivessem passado, como se nada de mau lhe tivesse acontecido, me diz na voz calma e forte que sempre lhe foi característica 'Senta-te aqui ao colo do pai'. E juro que nesse momento tudo desaparece.
À birrenta da minha irmã que insistia querer brincar sempre às mercearias e ser ela a dona, que me dizia 'Deixa provar' e de uma dentada me comia o chupa inteiro. Sei que no fundo me preparavas para as contrariedades da vida (aproveita agora e diz que sim, que era isso). Recordo sobretudo as corridas pelo corredor, comigo sentada no carrinho das bonecas. Adoro-te mana! Hoje e sempre!
Ao meu companheiro de 20 anos, o meu muito obrigado por me teres mentido na primeira eco e teres dito 'Vai correr tudo bem'. É a isso que me agarro quando as forças me faltam e preciso enxugar as lágrimas para continuar. É por eles que me movo, que acordo a cada dia, e que luto para que tenham uma vida melhor.
Sentada aqui às 6h da manhã, no silêncio do campo (interrompido por uma quantidade abismal de passarada e pelo sacana do galo que, a título premonitório, baptizei de 'Cabidela') onde eles estiveram ontem sentados, chego à conclusão que sem eles estes 39 anos não teriam valido a pena, não fariam sentido. Por isso aos dois mabecos que ainda dormem, e que estão ansiosos para daqui a pouco irem fazer a minha prenda às escondidas... para que não subsistam dúvidas... a melhor prenda de todos estes anos são vocês!!
O meu filho está a explicar à minha filha que ter pilinha é bom porque pode fazer xixi em pé e depois abanar. Certo...
Decididamente... quando se está no campo a expressão 'Cantar de galo' adquire um novo significado por volta das 6 da manhã. Assim de repente 'Arroz de Cabidela' também soa melhor...