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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Espreito para a escola dos miúdos na ânsia de ver como estão a divertir-se neste dia de Halloween em que a mamã felizmente conseguiu uma folga para poder dar-se a estes luxos. Por entre dezenas de bruxas é fácil reconhecer a minha... é a única que aproveita a vassoura do fato para varrer o chão!
Diz o Pandinha: -A Madalena hoje disse bué e eu disse que isso não existe, que ela devia era dizer muito.
Respondo eu orgulhosa: -Muito bem! Bué não se diz.
Responde ele com voz meiguinha e todo orgulhoso: -É como F__-SE. Também não existe pois não?
Não sei se já perceberam (sou bastante discreta), mas sou apreciadora de bons petiscos. Por isso este ano não resisti e combinámos ir com uns amigos ao Festival da Sapateira de Santa Cruz.
Por recomendação de um outro amigo liguei para o Restaurante O Navio, na Praia do Navio, e foi com um misto de desilusão e esperança que me explicaram que já não haveria mesas vagas para o último fim de semana do Festival mas que, à semelhança de anos anteriores, tinham decidido prolongar o evento por mais uma semana, de forma a dar resposta a todas as solicitações. O preço, apesar de proibitivo para o nível de vida actual, não deixa de ser atractivo para um dia especial, e pensar que por €16,50 se pode comer toda a sapateira que quisermos é uma enorme tentação.
E assim nos pusemos a caminho num Sábado em que prometiam chuvas torrenciais e ventos fortes. E assim foi em Lisboa, mas felizmente o sol fez-nos companhia por todo o trajecto até Santa Cruz, mesmo que a espreitar por entre as nuvens. E à chegada ao Restaurante era este o cenário que se via da janela. Nada mau para um dia de tempestade...
Confesso que ainda pensámos que num restaurante à beira mar seria essencial o tempo seco, mas a verdade é que o espaço interior é agradável e a vista mesmo com chuva de certeza que não gera muita reclamação.
E como estamos entretidos com as sapateiras e as conversas acho que nem que chovesse torrencialmente a malta reparava.
Pessoalmente, fiquei de olhar fixo na salamandra de formato original, a lembrar uma escotilha de um navio. Estou a pensar encomendar uma uma, um dia destes, para colocar no meu novo T4 que vou comprar com o dinheiro do Euromilhões que hei-de ganhar. Que acham?
Para quem pensar -como eu- que nestas coisas dos Festivais a comida é escassa e vem a conta-gotas garanto que a nossa experiência não foi nada assim. Fica aqui uma foto da primeira travessa que serviram. A abrir as hostilidades trazem uma sapateira por pessoa.
O tamanho das ditas é generoso, o recheio bem confeccionado (se bem que prefiro a minha versão). O pão torrado e as tostas complementa o conjunto, e cerveja -para os que gostam, que não eu- não pode também deixar de faltar. O normal.
De resto, e porque nem todos os elementos do grupo eram apreciadores da dita, acabémos por dar uma olhadela ao menu. Tem bastante variedade, mas durante o Festival a escolha é reduzida de forma a dar vazão à cozinha. Acabámos por pedir uma açorda de gambas e -pasme-se!- um bitoque para o meu filho que estava ainda com fome depois de comer umas 6 patas de sapateira e um número incerto de tostas com recheio, e inistia que queria 'Outra coisinha'.
Como podem ver pela imagem a 'coisinha' tinha bom ar, servida num prato original e com um agradável acompanhamento de frutas. O 'mãozinhas de esquilo' insistiu em dar o único figo à mana, que de ar meloso ainda o conseguiu convencer a dar mais uma frutinha. Infelizmente aqui acho que o Restaurante O Navio falha um pouco já que o bitoque é frito -e bem frito, dada a quantidade de óleo que fica no prato.
Talvez seja o preço a pagar por pedir carne num restaurante especializado em marisco e peixe, mas mesmo assim, tendo em conta os preços acima da média e as críticas online esperava um pouco mais.
Quanto às sobremesas nem todos quiseram, mas as que vieram para a mesa eram boas. Melhor ainda que a comida é sair para este cenário...
E se houve quem ainda hesitou em por os pés na areia molhada, quando olhei para o lado estes dois já iam longe...
Mas não nos ficámos por aqui. A aproveitar o sol que espreitava por entre as nuvens voltámos a pegar no carro para passear na estrada paralela às praias e alcançar aquela que nos pareceu mais resguardada do vento, graças à duna do lado direito, que permitiu também entreter os mabecos uma boa meia hora.
O resto da tarde foi passado na casa desses nossos amigos, em Santa Cruz. Desde o ar que se respira até ao sol que nos acaricia a pele, tudo ajuda a recarregar baterias.
Confesso que já há muito não ia a Santa Cruz... prometo que em breve voltarei!
Tenho andado entusiasmada a experimentar o voice control da nova GoPro HERO5 Back. Depois de um fim de semana em que me ouviram por diversas vezes a dizer 'GoPro power OFF', 'GoPro power ON' ou 'GoPro Take Photo' o Pandinha vira-se para mim e pergunta intrigado:
-Ela só fala inglês?
-Sim, só fala inglês.
-Ahhhhh! Mas isso é porque ainda é nova. Vais ver...
E por entre gargalhadas lá fiquei a pensar que não tarda nada o encontro a olhar para a bichinha e a dizer 'GoPro desliga' 'desssssliiiigaaaaa', a ver se ela aprende...
"A felicidade, em Portugal, é considerada uma espécie de loucura. Porquê? Porque os Portugueses, quando vêem uma pessoa feliz, julgam que ela está a gozar com eles. Mais precisamente: com a miséria deles. Não lhes passa pela cabeça que se possa ser feliz sem ser à custa de alguém.", Miguel Esteves Cardoso, Os Meus Problemas (aqui na versão reeditada de 2016).
Ora aí está uma grande verdade! Confesso que é dos meus autores preferidos e talvez por isso comece desta forma mais um post, mas por muito que tentasse eu não diria melhor. Ser feliz em Portugal, sobretudo nos tempos que hoje correm não é normal. Não termos queixas constantes dos miúdos, da vida, do trabalho, não é normal.
E é tanto mais assim quando se tem putos, e é tanto mais assim quando se tem putos pequenos.
Se de início achava natural que me perguntassem como estavam os bebés, se comiam bem, se faziam cocó (esta reconheço que ainda acho um pouco estranho), e se dormiam a noite toda, ao fim de vários meses de não me queixar em demasia (porque enfim... para mim acordar de 3 em 3h durante aqueles primeiros meses era o preço normal a pagar pela prematuridade, e as cólicas e prisão de ventre parece que fazem parte daquele período inicial de adaptação, e não beberem sempre os 150ml de leite para mim não era problemático pois não estava a fazer nenhuma receita de pão de ló) comecei a notar que as pessoas olhavam para mim de uma forma estranha.
E fica ainda pior quando me perguntam se custou muito o parto e eu respondo que correu tudo bem, se custou muito o pós parto e eu digo que não. E juro que não estou a mentir. 'Foi uma sorte!', costumo ouvir logo de seguida. Sim e... não! Sim, correu tudo bem. Sim, poderia ter havido complicações. Mas também fiz o possível e o impossível para que não houvesse. Claro que há depois sempre o factor X, Y e Z que não depende de nós, mas na parte que depende cumpri à risca. E isso ajuda, certo? Senão é como a história do outro que espera ganhar o euromilhões mas nunca joga...
Se as coisas podiam ter corrido melhor? Sim. Escusava de ter receado pela vida deles quando tive um acidente de carro nos primeiros meses de gravidez. Escusavam de estar 9 dias na NEO, escusava de ter de vir para casa de braços a abanar e a stressar com o leite, escusavam de ter nascido prematuros e assim o Pandinha provavelmente não teria refluxo gástrico durante quase 14 meses.
Ao longo destes quase 6 anos temos tido altos e baixos. A Patapon teve uma infecção urinária que quase a levou a ser hospitalizada; o Pandinha aos dois anos de idade furou a cara de um lado ao outro com um livro e teve que ser cosido no hospital, com a mãe e o pai a terem de segurar porque uma das enfermeiras não teve coragem, e há cerca de 2 meses atrás teve de repetir a experiência (mesmo antes das férias de Verão, claro) ao abanar um daqueles bancos da IKEA de 4 patas rechonchudas até aterrar de queixo na mesa da sala e ter de levar mais 4 pontos (e tudo porque não queria ser o primeiro a tomar banho); temos gasto fortunas em médicos e exames por causa da sintomatologia alérgica do Pandinha, e tanto eu como o pai a nível pessoal e profissional temos passado por momentos mais complicados. Também com o resto da família, e mesmo a nível de saúde as coisas poderiam correr melhor, que a malta agradecia. Mesmo antes dos miúdos nascerem as coisas não eram fáceis para ninguém.
Por isso sim, somos uma família normal, a que acontecem todos esses precalços da vida. Que também tem dias complicados, e semanas e meses... Não seremos é pelos vistos normais na forma como os abordamos.
Claro que poderia andar por aí a chorar pelos cantos, de ar tristonho e cabisbaixo por tudo aquilo que não corre bem. Mas eu não sou assim. Mesmo porque não adianta nada, certo? Não resolve nada!
Sim, também choro de vez em quando e q.b.. Mas se há quem tenha grandes depressões, eu costumo dizer que, quanto muito, tenho depressinha. Simplesmente porque não tenho tempo nem paciência para andar a choramingar muito tempo. Tenho mais e melhor para fazer, percebem? Tenho quem precise e dependa de mim. E não lhes posso falhar. E não ME posso falhar!
Se a vida podia ser melhor? Podia, claro! Podia não andar a fazer contas para o dinheiro chegar até ao fim do mês (sim, aqui também estamos a sentir os efeitos da crise), podiamos estar todos saudáveis o tempo todo, podia não se avariar tanta coisa cá em casa (a ver se sobrava algum dinheirito para umas férias decentes e algum neurónio que não ficasse electrocutado pelo esforço), podia não andar numa constante correria para ter a certeza que não falta nada a ninguém e poder dormir mais umas horinhas seguidas (é que cansa, bolas!). Mas também poderia ser tão pior, não era?
Conheço tanta gente a viverem dilemas que nem nunca nos passam pela cabeça. Vejo tanta gente a revirar caixotes do lixo à procura de comida. Há tanta gente no IPO que, com tanta coisa a corromper-lhes o corpo e a alma, conseguem ter os sorrisos mais belos que alguma vez vi.
Por isso -e desculpem se de alguma forma pareço um pouco insensível- mesmo que a vida não esteja a ser generosa convosco, apenas por hoje... podem por um sorriso na cara, não se queixar do que corre mal, da crise, do futebol, e encontrarem um pouco da felicidade que têm guardada lá no fundo? Só por hoje que seja... para eu me sentir um pouco menos culpada e mais normal?
Obrigada!
E como tudo o que é bom tem que ter um fim lá fizemos as malas para regressar do nosso fim de semana alentejano. Porque o check-out do Eco Suites Resort era ao meio dia achámos que seria melhor encontrarmos um local perto para almoçar, antes de nos fazermos à estrada, mas infelizmente o restaurante da véspera, em Ademas, estava fechado, e num Domingo de final de verão a probabilidade de se encontrar outro restaurante local aberto era escassa e por isso resolvemos rumar a Alcácer do Sal, local que despertou muita curiosidade nos mabecos à ida para baixo. À chegada a certeza que a escolha tinha sido mais do que certa.
Como aproveitámos até ao último minuto a estadia e a primeira parte do trajecto era em terra batida chegámos a Alcácer já no limite das nossas forças. A fome apertava e todos os restaurantes à beira rio nos negavam a entrada por já estarem cheios. Guiados pela sorte deparámos com uma tasquinha num beco mais afastado e resolvemos tentar. Apesar da extensão conferida pela esplanada, o Restaurante São Pedro não tem capacidade para atender tantas pessoas como os outros por onde passámos, mas tem algo que não se compra, a simpatia dos que lá trabalham, sempre de sorriso na cara. E a comida é excelente e a preço bem acessível. Com bebidas e sobremesas incluidas pagámos menos de 50€ por 7 pessoas. E a rematar um vinho adocicado local como cartão de visita: Acreditem que voltaremos sim!
Já de barriguinhas cheias o passeio à beira rio. Tudo ali é beleza, desde o passadiço da margem Norte até aos arrozais da margem Sul, que o meu filho insistia em ver mais de perto (na esperança de ainda poder comer um arrozito... ahaha). Nota-se que houve um esforço recente para a recuperação daquela zona, e que será a meu ver um exemplo a seguir por outras localidades. As imagens parecem, uma vez mais, tiradas de postais, e por esse motivo vos deixo novamente com as imagens em vez das palavras. Este foi o nosso passeio por Alcácer do Sal.
E foi por aqui que a minha alma se perdeu,
Por entre o dourado dos campos de ouro...
Não apenas por causa dos mais pequeninos, mas sobretudo aqui por causa dos 'velhotes' achei que seria boa ideia, depois da visita ao Badoca, ficarmos pelo Alentejo. Numa pesquisa belo booking.com descobri um destino de sonho, a poucos quilómetros do Parque que daria para os 5 adultos e 3 crianças (na altura estava a contar com o meu sobrinho mais velho), o que já de si não é fácil de encontrar, mas que também prometia mais do que um simples descanso. Inserido na natureza o Eco Suites Resort dá-nos o cenário idílico do Alentejo, mas com um toque de modernidade e luxo.
Feitas as contas 160€ por uma noite para 8 pessoas não é assim tão caro, nós é que não ganhamos bem, e por isso o factor decisivo acabou mesmo por ser a minha mãe querer-nos dar esse miminho. A ela o meu eterno obrigado, e aqui fica a experiência imortalizada.
Para começar a parte da reserva através do booking.com não tem muito que saber, mas convém reservar com muita antecedência pois a herdade não tem muitas vagas e a procura é grande. Como mais perto da data tinha algumas questões a colocar ao Resort decidi enviar um email. Basicamente queria saber, mesmo porque iriamos viajar com duas crianças de 5 anos, o que seria preciso levar em termos de roupa de cama/ banho e produtos de higiene e se pagariam pequeno almoço completo (o preço indicado era de 5€/ pessoa). Em relação ao pequeno almoço não tardaram a responder que pagariam apenas metade do valor, em relação à roupa não obtive resposta, mas decidi arriscar e levar apenas os resguardos de colchão, para alguma eventualidade, e os produtos de higiene. E acertei. Há toalhas e roupa de cama, mas não há produtos de higiene. Curiosamente há detergente, e por isso ficamos com a sensação que a loiça é mais mimada do que nós.
O que lhes falhou a nível de email compensou depois no telefonema que a colaboradora Joana fez quando ainda estavamos no Badoca. Relembrou a reserva, questionou a hora de entrada, ensinou-nos o caminho e colocou-se à disposição para qualquer escarecimento que fosse necessário.
Com ajuda da Joana o trajecto para o Eco Suites Resort foi facilitado. Bastava voltarmos para trás na IC33 e virar para Santa Cruz/ Ademas. Depois junto a Ademas haveria placas para o Eco Suites. Realmente havia uma placa à direita que, embora pequena, era visivel. A melhor referência que posso dar é que existe uma paragem de autocarro à esquerda, mas a partir daí em alguns cruzamentos ficámos na duvida, e quando em dúvida segue-se em frente, mesmo que seja terra batida.
Ao depararmos com as placas em madeira compreendemos estar no sítio certo, e na aventura achámos que dariamos com a casa e seguimos pela estrada do Eco Suites Resort. Estrada errada, mas um telefonema para a Joana e a voz simpática dela a pedir para aguardarmos um minuto que ela ia-nos buscar. E lá aparece o rosto com correspondência total à voz, num sorriso rasgado e um aceno para seguirmos o carro dela. Estranha-se o facto de não haver recepção, mas a verdade é que não é mesmo preciso pois a Joana parece quase omnipresente e aquele sorriso deixa-nos sempre bem dispostos. E lá vamos nós para a Eco House, seguindo o caminho da esquerda.
À chegada a constatação que as fotografias no booking.com correspondem mesmo à realidade. À excepção da imagem que foi tirada do booking.com todas as outras fotos foram tiradas por nós e apresentam-se sem qualquer filtro. A casa é espaçosa e luxuosa, e a cor escarlate contrasta com a paisagem campestre alentejana, salpicada em tons de verde e castanho, e uma temperatura amena de final de verão, o que lhe confere um certo glamour. Mas a parte melhor é mesmo a sensação de espaço, o cheiro do campo e o silêncio, quebrado pelo chilrear dos pássaros. Nas traseiras da casa, com esta paisagem a preencher-nos o horizonte, saltava uma rã, indiferente às crianças que corriam e gritavam a cada metro percorrido. É isto que nos falta em Lisboa.
Claro que a corrida para a piscina privativa da casa também foi inevitável. Valeu-me o co-irresponsável para eu não ter que me sentir um gelado numa arca frigorífica. Convinha explicarem à piscina que ela mora no Alentejo e que por isso se devia deixar de frescuras.
A casa em si também é espaçosa. A entrada principal é pela cozinha, de onde depois se desce para a sala comum. Por toda a casa o moderno intercala com o antigo, numa conjugação perfeita. O mobiliário antigo está recuperado com gosto e torna a moradia em algo mais do que uma casa para alugar. Esta bancada antiga com torno foi muito invejada pelos elementos masculinos do grupo.
Mas para mim e para a Patapon, que passou lá o tempo deitada a ler, a zona de eleição seria o estrado na sala, com nichos repletos de livros, a convidar à leitura.
A cozinha com ilha, em painéis lacados vermelhos, acessórios inox e máquina de café à disposição dá-nos aquele impacto inicial de luxo. Vistas as coisas mais de perto nota-se que o interior dos armários já viu melhores dias, pois todos os que têm calhas apresentam ferrugem, e numa casa deste nível são pormenores que não deveriam ser descurados. Fica a sugestão de melhoria, pois é realmente uma pena.
Outro ponto a melhorar é o facto do quarto que tem os 2 beliches (onde ficariam as crianças) precisar de protecção para os beliches de cima. Nem o meu sobrinho se sentiu com coragem de passar lá a noite, e por isso recorremos a uma solução simples que foi colocar um dos colchões superiores no chão, mas não seria necessário tanto caso as traves de protecção fossem colocadas. Um ponto muito positivo é que o quarto em si é espaçoso (e por isso não foi complicado encontrar um espaço para o colchão) e fica mesmo ao lado de uma das duas casas de banho da casa, o que lhes facilita as idas nocturnas à casa de banho, caso seja necessário.
No corredor entre o quarto dos beliches e a suite (por onde há uma porta secundária de acesso à rua) mais um pormenor que nos deixa deliciados e orgulhosos de vivermos num País onde se fazem obras de arte com cortiça. O mini-cadeirão fez as delícias dos meus filhos, assim como o recanto com a estrutura em madeira, onde eles entravam e saiam como se de uma mini-casa se tratasse. E sim, embora por piada tenhamos aproveitado para tirar fotos com os miúdos lá trancados optámos por publicar a mais politicamente correcta. São estes pequenos detalhes que fazem toda a diferença.
Quanto à suite em si também é espaçosa e a casa de banho contígua é na minha opinião a melhor da casa já que tem espaço para algo luxuoso chamado toalheiro e comunicação para o exterior, facilitando assim a ventilação. Um extra que veio a calhar foi ter secador pois no Alentejo, mesmo em Outubro, os dias são quentes mas as noites tendem a ser sempre mais frias, e sabe bem andar de cabelo seco ao luar.
E por falar em andar ao luar, o nosso quarto era o mais pertinho do céu. Para lhe aceder mais um dos apontamentos de estilo, a bela escadaria em madeira que partia de bem perto da lareira de duas faces (uma a dar para a sala de estar, outra para a sala de jantar). Como ainda sabia a verão não chegámos a experimentar, mas fica o desejo de regressar em dias mais frios, só para se estar sentado ao quentinho da lareira, a ver a lenha crepitar de ambas as faces.
Lá em cima, como já seria de esperar, uma zona com o mesmo cuidado na decoração, e com o vão a dar-lhe aquele ar de casinha de bonecas. Claro que já sabiamos que a tarefa de não bater no tecto seria difícil, mas não demasiado para nos demover de ali pernoitar, e a verdade é que tirando a porcaria da trave manhosa que se encontra junto às escadas (e que ganha vida e se desloca de propósito ao nosso encontro quando vamos a descer), não foi assim tão complicado.
Depois de nos termos instalado decidimos seguir o conselho da Joana e ir ao restaurante Monte da Vinha, em Ademas. Não há nada que enganar pois é o único e fica logo a seguir a uma curva apertada. Dado o alerta que o serviço era demorado decidimos ir cedo, logo a seguir a um banho quentinho que nos soube pela vida depois da ida à piscina. Não há fotografias do restaurante nem da comida porque com a ânsia de matar a fome ninguém se lembrou de documentar o momento, mas recomenda-se. O serviço não é tão demorado quanto isso e a comida é saborosa e farta. Assim que a palavra 'enguias' foi pronunciada a Patapon não se calou mais até ter à frente dela uma travessa das ditas, fritinhas. E eu, como mãe esmerada, tive que me sujeitar à tortura de a dividir com ela. O resto da malta comeu secretos de porco preto e carne de porco à portuguesa, tudo muito bem confeccionado. Com bebidas e sobremesas incluidas (e os meus putos a comerem como adultos) não chegou a 10€ por pessoa.
Regresso à Eco House e o cenário é este, já com o cair da noite e a brisa exterior a pedir uns momentos de descontracção na sala de estar. Tempo pra ler um livro, ver televisão, ou simplesmente esticarmo-nos no convidativo sofá. Depois de um dia a calcorrear o Badoca Safari Park soube muito bem este descanso.
E assim é o amanhecer através da janela mais catita do Alentejo. Esta é a vista do telhado da Eco House para o lado das Eco Suites, onde iriamos mais tarde.
Acordar no campo tem outro gosto quando olhamos pela janela e vemos perdizes a debicar a terra, a cerca de 10 metros da moradia, por baixo das figueiras e macieiras que abundam no terreno em frente à casa. O silêncio é interrompido pelo chilrear dos pássaros que nos convidam a sair. No jardim, o cheiro a ervas aromáticas deixa-nos enebriados à espera do pequeno almoço que infelizmente tarda em chegar.
Talvez por isso e com as árvores ali tão perto a tentação aperta, e não resistimos a 'ir à chincha' com os miúdos. Comer figos ao despertar não era o que tinhamos em mente, mas soube muito bem já que o pequeno almoço só é servido a partir das 9 e ninguém estava com vontade de se encharcar em bolachas. Por isso fica aqui a confissão pública de que sim, fomos aos figos. Fica-nos a doer o coração de ver que as árvores de fruto estão um pouco deixadas ao abandono. Seria com certeza uma mais valia para a herdade poder oferecer estes momentos de contacto com a natureza aos visitantes. Não é todos os dias que miúdos da cidade têm a oportunidade de apanhar frutos da árvore, e por isso fica mais uma sugestão e nosso obrigado pelo petisco inesperado.
Quanto ao pequeno almoço valeu a espera, sim. Vários pares de olhos esfomeados perscrutavam o horizonte quando o carro chegou. Pela porta da cozinha surgia um cesto em verga cheio de coisas boas e foi servido em quantidade generosa. Pão quentinho, leite, sumos e fruta, estava tudo delicioso. Pena terem optado pelos doces de compra e não por produtos regionais e teria sido 5 estrelas. Assim fica pelas 4 e meia, quase a tocar nas 5 por ter chegado na altura certa e por ser muito ansiado.
Depois de retemperadas as forças, toalhas ao ombro e lá vamos a caminho das piscinas das Eco Suites. Estas são piscinas comuns mas vale a pena o trajecto, quanto mais não seja pela beleza que nos espera. O caminho ainda é longo mas preferimos ir a pé para poder saborear cada momento.
Confesso ter ficado com alguma curiosidade de ver como seriam as Eco Suites por dentro, e embora sejam bastante mais pequenas que a Eco House alugar várias também me pareceu uma opção viável para quem tenha filhos maiores ou queira passar um fim de semana diferente entre amigos.
Uns metros à frente e o cenário é indescritível. Ficam as imagens da infinity pool e da piscina biológica, onde me deliciei a tirar fotos às rãs.
Este é mais um dos casos em que as imagens deverão valer por 1000 palavras. E assim vos deixo a pensar na terceira parte da aventura, de olhos no horizonte alentejano.
A viagem ao Badoca Safari Park já há muito tempo que era pensada, mas como para estas coisas convém ver até que ponto crianças de tenra idade realmente aproveitam optámos por ir adiando. Já a caminho dos 6 anos de idade, e com a ida para a pré-primária achámos que seria a altura ideal e uma forma interessante de se terminar as férias e por esse motivo começámos a planear tudo no início do verão, e para nossa alegria a minha mana e o namorado decidiram juntar-se à malta. Contas feitas seriamos 4 adultos, 2 crianças de 5 anos e o meu sobrinho mais novo, que aos 11 anos de idade é considerado como adulto (ah, pois é!). O meu sobrinho mais velho infelizmente não pôde ir por motivos de trabalho (quando é que ele cresceu que eu não dei por isso?), o que só me faz sentir mais velha.
Infelizmente os vouchers do Sapo que permitiam obter bilhetes de adulto a um preço bem mais acessível já há muito que estavam esgotados (se os Sapenses me permitem fica aqui a sugestão para fazerem mais iniciativas do género) e por isso lá teriamos de desembolsar 17,50€ por adulto e 15,50€ por criança (dos 4 aos 10 anos). Na bilheterira existia um bilhete familia que permitia que fossemos os 4 por 60€. Mesmo assim, para uma familia de 4 não é fácil e por isso hesitámos em ir. Mas a minha irmã, que já lá tinha ido com o meu sobrinho mais velho insistiu que valia a pena, e surgiu entretanto a ideia de juntarmos os miúdos e irmos todos. Afinal almoçarmos juntos ou celebrarmos os aniversários não é bem a mesma coisa que estarmos efectivamente juntos e os meus filhos adoram os primos. Com a minha mãe a dizer que patrocinava a estadia fiz uma das coisas que melhor sei... planear mais uma aventura.
Como partiamos de locais diferentes, e andar com crianças de 5 anos obriga por vezes a paragens imprevistas, decidimos marcar o ponto de encontro à entrada do Parque. O trajecto em si não é longo e na teoria é fácil dar com o Parque com o esquema lá indicado, mas queriamos chegar à abertura para evitar filas e podermos despachar o máximo possivel da visita antes das horas de maior calor (apesar de ser já Outubro o calor ainda se fazia sentir e alentejana que se preze sabe que Alentejo é Alentejo). Tivessemos combinado de outra forma e não correria melhor, porque em plena A2 acabámos por os encontrar. Seguimos daí juntos até à saída para Grândola- Sines- Santiago do Cacém e daí pela IC33 sempre com atenção ao caminho, por onde surgiam aves de rapina a rasgar os céus.
FONTE: badoca.pt
Apesar da minha irmã já lá ter ido tinha sido há bastante tempo, e já não se recordava bem do caminho. Aqui entre nós (peço ajuda aos 'sapenses' para tentar esconder dela esta parte do post) a minha irmã é a pessoa errada a quem perguntar os caminhos. Recordo-me quando eramos pequenas e os meus pais a inquiriam sobre como correra a viagem de estudo da escola e onde tinham ido ela dizia coisas como 'Fomos a um sítio com muitas árvores.' ou 'Era por uma estrada muito longa e depois virava-se junto a um prédio alto.' E assim ficavamos com a certeza que não deveria ter ido a Cacilhas e pouco mais que isso. Adiante!
A entrada para o Parque não é mesmo fácil para dar com ela quando se vai de Norte para Sul, porque está orientada para o sentido inverso do percurso e não há muita sinalização no trajecto antes, e por isso os condutores foram forçados a fazer uma curva pu.. à direita (como se diz nos ralis) logo a seguir a uma travagem brusca depois de um cruzamento. Para que não vos aconteça o mesmo, em vez de verem o trajecto aéreo no Google Maps (como eu fiz) vejam o trajecto como se estivessem na estrada, ou então confiem em mim e sigam as instruções que se seguem. Seguindo pela IC33 encontrarão várias saídas. Fixem a que diz Santa Cruz/ Ademas (por motivos que explicarei no post dedicado à estadia) mas continuem em frente. Um pouco mais adiante encontrarão uma que chama à atenção pelas placas azuis que sinalizam a saída para o hospital e para um hotel. As outras placas dizem Santiago do Cacém/ Vila Nova de Santo Andre e Melides. Respirem fundo que estão perto, mas sigam na mesma em frente e devagarinho pois a entrada do Badoca situa-se uns metros à frente, à vossa direita.
A partir daí é terra batida. Por isso não gastem tempo nem dinheiro a lavar o carro antes de irem pois irão precisar lavar novamente ao regresso. Pelo caminho há uma pequena capela que não chegámos a visitar, mas ficou a curiosidade. Se alguém já lá esteve que se pronuncie.
Chegados ao Parque o estacionamento é amplo e os primeiros têm a vantagem de poder selecionar um dos poucos lugares à sombra. Se for o caso façam-no! Apesar de às 10 da manhã (a hora da abertura do Parque) tal não ser mutio evidente, acreditem que um lugarinho à sombra em pleno Alentejo vale ouro quando se chega ao final da tarde! Para as bilheteiras não havia fila, talvez por ser ainda cedo, talvez por já estarmos em Outubro. Seja qual for o motivo soube bem chegar e andar, e sabermos que iriamos ter vaga no primeiro Safari do dia, às 10h30 (fiquem descansados que marcam logo à entrada e vos dão todas as indicações juntamente com um mapa/ roteiro das actividades do Parque.
O valor do bilhete inclui o Safari, que no fundo é a visita guiada no combóio (puxado a tractor estrategicamente pintado com camuflado alusivo a um animal, e por isso haverá o tractor-zebra, o tractor-tigre, etc), a Apresentação das Aves de Rapina, a Sessão de Alimentação do Lémures, o Passeio Pedestre e a Visita à Ilha dos Primatas. Depois há extras como o rafting africano (por 2€) que o meu sobrinho mais novo estava ansioso por experimentar (e não vou dizer que eu também) e que infelizmente estava avariado e tudo o resto há que pensar seriamente atendendo ao preço. A interacção com os lémures custa 12€ por adulto e 10 por criança, a Visita aos Bastidores custa 65€ por pessoa, o Falcoeiro por Um dia 40€/ pessoa. Para quem tenha porquinhos-mealheiro rechonchudos poderão ver informações adicionais sobre cada uma destas actividades através deste link. Os outros façam como eu, ignorem esta parte e sigam.
Assim que entram têm a loja de lembranças do lado esquerdo. É por aí a saída mas é também aí que podem ir caso se tenham esquecido de levar chapéus. Vão precisar sim, pois embora hajam sombras um pouco por todo o Parque e mesmo dispersores de água colocados estratégicamente em duas das árvores da entrada aquilo é Alentejo, maltinha. Recomendo que levem tudo de casa pois um simples boné custa 12€, e sim há quem os dê porque não há alternativas num raio de kms e há determinadas zonas do trajecto onde as sombras estão muito espaçadas.
Logo à entrada do Parque são abordados para tirarem a foto da praxe com a estátua da mascote, a girafa Badocas. À saída procurem por ela na loja das lembranças mas não com muita esperança de terem uma obra de arte. A nossa tinha várias sombras de permeio, não deixando ver claramente os rostos, e estava demasiado longe e por isso optámos por não dar os 7€ que pediam por ela. Por isso e porque com a GoPro HERO4 Silver a fazer timelapse com um intervalo de tempo pré-definido conseguem por a câmera num local fixo a tirar fotos sequenciais ao grupo e ir calmamente andando para o enquadramento.
Quanto ao percurso em si aconselho pensarem nisso em função do horário do Safari e dos diversos espectáculos. No nosso caso como o Safari era logo às 10h30 aproveitamos apenas para ir ao wc com os miúdos, beber um pouco de água e depois seguir. Confesso que não resisti a tirar uma foto ao wc. Houve quem gozasse comigo mas para mim qualquer obra de arte é digna de destaque, independentemente do local onde se encontre.
Ainda são alguns metros entre a entrada do parque e o local de onde o Safari parte e sobretudo se estiverem num grupo grande convém ser dos primeiros a chegar caso pretendam manter-se juntos. Ser dos primeiros também ajuda na escolha de lugares, se bem que ao longo do trajecto há pontos de interesse quer do lado direito quer do lado esquerdo e tendo em conta que os animais (salvo algumas excepções) circulam livremente pelo Parque nem sempre quem vai à frente tem melhor cenário do que quem vai atrás.
Fica o alerta (para que não sejam apanhados desprevenidos como muitos dos visitantes) de que sendo um Safari pelo meio de um terreno brutal no Alentejo o pó é uma constante. Caso planeiem levar um fatinho caqui de tecido leve e fresco pensem duas vezes. Ou então façam como a minhã irmã que não sai de casa sem um frasquinho de desinfectante. Limpou o banco dela e o da vizinha de trás, e depois voltou a limpar quando tivemos de trocar de combóio porque a máquina daquele (tractor pintado) avariou. Para mim nada de admirar já que para onde quer que a gente vá há sempre destes precalços, mas é também por aí que a vida tem mais piada e ficamos sempre com peripécias para contar.
Antes da partida o condutor explica as regras básicas (como não saltar para fora da carruagem mesmo que caia alguma coisa) e dá-nos uma ideia do que iremos ver. Depois, e a analisar também pelo que depois vimos acontecer noutro combóio (já perto do final) é cruzar os dedos na esperança que aquilo arranque e chegue ao fim sem avariar. Ainda fiquei a pensar se seria de propósito para dar mais emoção, mas acho que foi só uma lamentável coincidência que nem assim deixou de arrancar risos. Há que lembrar que ali ninguém vai com pressa para ir para o trabalho, e por isso Safari é Safari, mesmo que obrigado a pausa forçada no meio dos animais.
Quanto aos animais na primeira parte do trajecto penso ser uma questão de sorte poderem estar mais perto ou mais longe já que o percurso do combóio está definido mas os animais circulam livremente. Há muita variedade, desde gnus até gazelas, avestruzes e veados, e o condutor vai fazendo paragens para explicar as origens e características de cada grupo e apontar o macho dominante.
Em recinto fechado estão 3 tigres: um macho e duas fêmeas. O guia explica que não era intenção inicial do Parque tê-los mas foi-lhes solicitado e não conseguiram recusar o pedido de ajuda. Não compreendi se eram provenientes de algum cativeiro ou se será uma tentativa de reprodução da espécie, mas confesso que me faz alguma confusão vê-los ali presos num recinto que não sendo pequeno também não será das dimensões ideais para animais de tão grande porte. E embora se compreenda que soltá-los não seria uma opção viável para os outros animais (e mesmo para trabalhadores e visitantes do Parque) o que é certo que como contrastam tanto com a liberdade dos outros animais faz bem mais confusão vê-los ali do que no Jardim Zoológico.
Por todo caminho se ouvia a questão chave: -Onde estão as girafas?. Todos nós ansiávamos pelo momento de poder ver girafas em liberdade, mas confesso que por diversas vezes pensei como seria se no meio de tanto espaço disponível elas fossem para uma zona afastada do trajecto pré-definido do combóio. Tendo sido os primeiros a arrancar do cais de embarque tivemos a sorte de ainda as ver dentro do cercado onde passam a noite e assistir à sua libertação. Um pouco tímidas a início, mas lá foram saindo a passo lento, o que nos permitiu tirar imensas fotografias.
Mesmo em frente à zona das girafas estavam os compartimentos de outros animais que estavam por algum motivo resguardados dos demais. Ou porque tinham crias pequenas ou porque tinham chegado há pouco ao Parque e ainda se estavam a ambientar. Junto a essa zona vedada passeavam várias zebras, e entre elas algumas crias. Andaram por ali a perguiçar bastante tempo até que uma decidiu correr e as outras foram atrás. É realmente um luxo poder estar tão perto delas.
Mais adiante, já quase a terminar a viagem, voltámos a encontrar as girafas a alimentarem-se das copas das árvores. Os meus mabecos adoraram ver os pescoços esguios e as linguas esticadas.
Em menos nada estávamos de volta ao cais de embarque, apinhado de gente para a próxima viagem. Ao sair pela ponte de madeira ainda deparámos com o outro combóio que avariou. Ninguém parecia preocupado com tal facto, e aproveitavam para tirar fotos a quem passava por cima, e nós retribuimos o gesto.
Convinha agora definirmos o resto da visita propriamente dito porque há certas actividades que têm hora marcada. Como iria haver um espectáculo de Apresentação de Aves de Rapina logo ao início da tarde, junto ao restaurante, optámos por ir para o extremo oposto durante o restante período da manhã, e à hora de almoço seguiriamos para o restaurante e lá ficariamos para o espectáculo. Penso ter sido uma boa decisão pois acabámos por ver a maior parte do recinto num relativo sossego, enquanto a maior parte dos visitantes ainda se concentrava na zona principal.
Começámos pela zona vedada das aves, quase em frente à entrada. Ainda hesitámos junto à porta até que uma das funcionárias veio dizer que poderiamos entrar à vontade, fechando a porta arás de nós. Foi um pouco estranho entrar e controlar a porta com uma espécie de arara negra, de poupa encaracolada (deve ter ficado parada nos anos '80) a fitar-nos. Pensei o que faria se ela nos fintasse e saisse porta fora, mas não me parece que fosse essa a intenção da bicha; por momentos pareceu-me antes que se ela era o nosso espectáculo nós éramos o dela e que nos olhava com a mesma curiosidade. Pela jaula cruzámo-nos com mais umas quantas aves, inclusivé um papagaio enorme que terei de reconhece impunha um certo respeito, sobretudo quando deu um voo e aterrou no chão mesmo à nossa frente, bloquendo-nos a saída.
Tempo para apreciar também as cobaias que corriam pelo chão fora (não compreendo a simbiose da coisa, mas calculo que deva haver um motivo para tal mistela de espécies), tentando ter uma refeição sossegada enquanto as aves procuravam incessantemente furtar-lhes a comida.
Mais à frente, do lado esquerdo do caminho o recinto dos facóceros. Imaginei por diversas vezes se saberiam a javali, mas da maneira como nos fitavam penso que da mesma maneira como não gostaria de ficar fechada numa zona tão pequena com um javali, também não gostaria de ficar com um facócero. Respeito! Respeito!
Do lado direito as tartarugas. É sempre giro os miúdos verem até que ponto um animal daqueles consegue crescer, mas em termos de espectáculo como podem imaginar é ver e andar já que não há muito a dizer e as coisas por ali avançam muuuuuuito lentamente. A não ser que aconteça algo que viriamos a presenciar mais tarde, quando no regresso deparámos com uma multidão a rir junto ao recinto das tartarugas. Parece que era época de acasalamento e enfim... havia alguma acção entre dois dos exemplares. Pela nossa parte evitámos a cena, por uma lado porque coitaditas acho que também têm direito à sua privacidade, e por outro porque assim evitarmos ter de explicar aos mabecos porque é que uma tartaruga estava em cima da outra a fazer certos movimentos.
Chegámos assim ao recinto das cabras. Só pelo facto de andarem por ali a saltar e terem crias já contribuiu para serem um dos maiores pontos de interesse, mas ao constatarmos que poderiamos com uma moeda de €0.50 obter ração para lhes dar, foi complicado convencermos os mabecos a sair dali. Valeu-nos o facto de não haver também onde trocar dinheiro e por isso com o fim das moedas de cinquenta lá começaram a mexer as patas.
Seguimos então para o recinto dos cavalos e póneis. Reconheço que tinha alguma vontade de montar, mas em vez de terem ali um funcionário tinham apenas uma placa com um número de telefone. Hesitei em ligar pois nem sequer havia indicação do valor, mas tendo em conta os valores das outras actividades extra calculei que não fosse barato, mas iria ser uma grande tentação se fosse um preço razoável, pois se os mabecos lá têm o bichinho da equitação de mim e do co-irresponsável o herdaram e por isso fosse o que fosse x4 de certeza seria caro.
E nisto recebo a chamada do Eco Suites Resort, o local onde iriamos passar a noite, a perguntar qual a hora prevista para a chegada. Explicámos onde estávamos e que só deveriamos aparecer mais para o final da tarde. Aproveitámos para confirmar o caminho e o tempo do trajecto. -Cerca de 10 minutos do Badoca aqui. -esclareceu a simpática Joana. E assim ficámos mais à vontade, com a certeza que teriamos tempo mais que suficiente para ver o Badoca de um extremo a outro.
Como nestas coisas também convém fazer umas pausas para descansar aproveitámos as mesas existentes junto ao parque infantil para comer umas bolachinhas e beber água. Todos nós levávamos mochilas. O co-irresponsável numa mochila estilo aventura (que lhe custou 10€ encomendada pelo eBay) levava o kit de primeiros socorros, pois nunca se sabe quando poderemos precisar, eu levava água e uns snacks numa mochila térmica que temos desde que os miúdos nasceram, e sem a qual já não conseguimos passar. Estas coisas de se ter filhos por vezes incute-nos certos hábitos, que não serão necessariamente despropositados, mesmo quando se está sem eles.
Para os mabecos descobri uma promoção especial do sumo Um Bongo. Acho que vamos deitar sumo pelas orelhas tal é a quantidade que tive de comprar para trazer duas mochilas, mas olhem bem para isto e vejam lá se não valeu a pena. Em azul e em rosa é como se diz 'pró menino e prá menina'.
E acreditem que muitos adultos as miraram com ar de que também queriam uma. Lá dentro cada um tinha um cantil de água, dois pacotes de maçã desidratada para petiscar e lenços de papel. Cada um deles pode também escolher UM brinquedo (esta parte do UM foi muito reforçada, explicando que teriam de andar todo o dia com a mochila), desde que fosse leve. Ela optou por um livro e um lápis, ele por um peluche. Claro que poderiamos ter dividido o conteúdo pelas nossas mochilas, mas eu sou da opinião que dar-lhes pequenas responsabilidades é sempre algo positivo, e terem as mochilas garridas às costas ajudava também a localizá-los quando se afastavam um pouco mais.
Enquanto aqui a malta da terceira idade descansava as articulações nas mesinhas de piquenique eles subiam por uma pequena ponte himalaia ou por uma rampa em madeira para depois descerem pelo escorrega. Mais uma vez foi complicado convencê-los a sair, mas havendo apenas um restaurante (não compreendemos porquê mas o Restaurante Panorâmico que prometia grill estava fechado e degradado) não queriamos de todo ser dos últimos a chegar.
Logo à porta do restaurante percebemos que a escolha não era muita nem emocionante e que menos emocionante ainda era o preço. Menus na ordem dos 8-10€ que incluiam prato, bebida e sobremesa. Tirando os hamburgueres (que pareciam bolas de hóquei depois de um incêndio) a comida tinha bom ar e sabia bem, e era também servida em quantidade generosa. Mas era no fundo optar por frango ou bacalhau com natas. A maior parte dos crescidos preferiu o bacalhau, para os putos pedi uma dose de frango e dois pratos. Chegou e sobrou, e já de barrigas cheias (fica o destaque para o cheesecake de maracujá que era excelente) andámos uns metrinhos para o lado para assistirmos ao espectáculo das aves.
Vale bem a pena irem, mas fica o alerta que têm de manter a criançada sossegada porque as aves são soltas à vez e andam pelo meio do público. Infelizmente tiveram que pedir por diversas vezes a adultos para não fazerem movimentos bruscos e para voltarem ao seu lugar. As crianças mais pequenas portaram-se todas bem. Uma das mais impressionantes na minha opinião seria o Calau, pelo porte, e o Bufão pela beleza. Já anteriormente tivemos a oportunidade de privar com um Bufão em Mafra e foi muito engraçado constatar que os mabecos o reconheceram, mesmo apesar de terem decorrido vários meses.
Motivo de riso foi o facto de uma das aves soltas ter-se afastado para caçar e não ter regressado até final do espectáculo. Tivemos os mabecos o resto da tarde a questionarem se a dita ave já teria regressado, mas ficámos sem saber.
Por esta altura já eles ansiavam em voltar para a zona do parque infantil, pelo que tivemos que negociar a ida à Ilha dos Primatas, que por ser bastante afastada justificaria depois a paragem no regresso. Em relação aos primatas fica o alerta que para quem tenha crianças muito pequenas ou dificuldades de locomoção talvez seja complicado o esforço já que o caminho é todo em terra batida, com alguma inclinação, e muito afastado da zona principal. Para quem possa fazer tal trajecto é interessante ver os animais, mas tudo depende também da sorte que se possa ou não ter com as 'macacadas'. No nosso caso o que fez as delícias dos miúdos foi um macaco pequenino que insistia em meter-se com um mais velho e fugir cordas acima, numa atitude desafiadora.
A questão é com o fosso de permeio a visibilidade também não é das melhores. No caso dos babuinos facilita pelo grande porte e pelo facto de um deles se ter aproximado do fosso. Foi pena não termos chegado a horas de ver a alimentação pois talvez fosse mais interessante.
No regresso nova paragem então no parque infantil. Desta vez no lado da estrutura que dava para subir. Tivessemos nós uma casa grande com jardim e certamente seria algo giro e fácil de fazer.
E assim se queimavam os últimos minutos de descanso, já com o calor a apertar e a multidão a chegar. A ida para a piscina do Eco Suites Resort era muito ansiada e por isso seguimos caminho direito à loja de lembranças, estratégicamente colocada na saída. Com os preços praticados não foi difícil dizer não aos mabecos perante o desfile de objectos acima de 10€. Lá acabámos por comprar dois tigrinhos de peluche dos mais pequenos, para se juntarem aos 300.000 que por cá andam em casa, mas enfim... escolheu-se o mal menor.
E dali saímos com várias mochilas cheias de memórias e a vontade de voltar (mas da próxima com farnel).