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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Realmente nesta vida tudo é relativo.
Há uns anos atrás (bem mais do que aqueles que gostaria de admitir), estava eu responsável por um dos stands na Forum Estudante, na velhinha FIL da Junqueira quando, por um estúpido atraso, me vi forçada a estacionar o carro junto ao rio e atravessar a passagem aérea sobre a Av. da Índia. Para um comum cidadão nada de mais, mas eu tenho uma fobia estranha de alturas. Eu explico... não me faz de todo confusão estar num local alto, desde que tenha uma guarda reforçada e opaca entre mim e o precipício (seja ele de 200 metros ou de apenas 2 metros), mas tudo o que é em traves ou em rede faz-me tremer de pânico. E sim, eu sei que as terapias cognitivo-comportamentais são extremamente eficazes nestes casos, e que poderia simplesmente 'dessensibilizar', mas é tão mais fácil evitar, e como por norma consigo, tenho-me safo assim...
Acontece que naquele dia não haveria escapatória possível pois quem já esteve numa forum estudante sabe que quando se abrem aquelas portas é o caos e pior mesmo só um elefante trancado numa loja Vista Alegre. E sendo eu a pessoa responsável que sou simplesmente imaginei uma linha central naquela passagem aérea e segui sem me desviar de ninguém, pois aproximar-me um passo que fosse do gradeamento e seria a morte do artista. Claro que quem vinha em sentido contrário deve-me ter achado estranha, mas eu também nunca disse que sou uma pessoa normal, pois não? E a verdade é que resultou... cheguei bem a tempo de abrir o stand a horas e evitar a pilhagem.
Desde então, e por estranho que pareça, acabei até por me voluntariar para uma actividade profissional que com frequência exigia que me expusesse a esse tipo de situações e, mais uma vez, quando a necessidade apertou (por sorte foi caso único em 7 anos), lá enfrentei eu o meu medo em prole de um bem maior.
Agora com os miúdos eu bem tento não exagerar e passar-lhes esta minha fobia, mas é inevitável que sinta receio em algumas situações. Ora em casa da minha sogra há uma escadaria íngreme sem protecções laterais que me deixa em pânico. Quando os gémeos eram pequenos simplesmente evitava subi-la, mas agora que eles já opinam e exigem ir ao piso superior sinto-me forçada a levá-los ao colo.
Filmar-me a fazer tal trajecto daria de certeza um dos vídeos com mais visualizações do youtube, pois sigo com eles ao colo, olhos postos no fim do trajecto, a avançar lenta mas uniformemente junto à parede. Já calhou de ter de parar a meio por algum motivo, e nessas alturas o que faço (sim...confesso!!) é pedir ajuda a alguém pois tenho dificuldade em avançar. A quem me via há uns meses atrás e a quem me vê agora as melhorias são notórias, mas ainda não atingi o ponto de perfeição. De qualquer forma como ainda não dei alta a mim própria desta auto-terapia, a esperança continua a existir e a mover este meu Mundo.
Seja como for, fobias aparte, acho a escada perigosa para os miúdos, e se bem que a gente explique que não podem passar do 2º degrau e eles acatem por terem já também consciência do perigo, o sistema não será 100% eficaz. Por um lado porque são miúdos, por outro porque podem até tropeçar inadvertidamente. Mas enquanto se pede orçamentos e se engorda o porquinho para a obra é com esta situação que temos e lidar, pelo que quando subo com eles peço sempre para se agarrarem bem a mim.
Ontem ia a subir com a Pespineta e mesmo antes de eu abrir a boca ela sai-se com esta:
-Agarro-me bem para a mamã não cair, não é? A mamã tem medo da escada.
e eu simplesmente soltei uma gargalhada e respondi:
-Sim...é isso, querida! Segura bem a mãe...
E lá fomos agarradinhas feito lapas escada acima.