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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
O Pandinha tem um gosto particular por livros. E uso o plural mais plural que houver porque o miúdo é incapaz de pegar num singelo exemplar. Cada vez que vão dormir o cenário é o mesmo... demora horas a fio para escolher 2 livros para levar para a cama. Tempos houve que levava mais que isso, mas tenho conseguido refreá-lo por causa de uma noite em que acordou aos berros por levar com o maço de livros de eleição na carola.
Já a Patapon chega à prateleira, estica o bracinho e pega num único livro que depois se apressa em ler em voz alta para o mano também ouvir, e nisto deita-se para o lado e diz:
-Mamã já está! Tapa-me que tenho soninho!
Uma delícia esta minha filha, e por isso a quem ainda acha que a gajas demoram horas a fazer seja o que for ou a escolher seja o que for tenham tino, pá!
Mas adiante... este interlúdio era para explicar este nosso ritual antes de adormecer, e que a meu ver é uma excelente forma de os preparar para a caminha como uma sequência normal de acontecimentos que leva a um adormecer mais ou menos sereno (sim, por vezes há birras mas em 99% dos dias resulta na perfeição).
Acontece que há dias e dias em relação ao adormecer propriamente dito (como já referi) e dias e dias em relação à escolha dos livros. E ontem foi um desses dias em que o pandinha não se decidia.
Ora já por aqui referi que a casa é pequena e que os putos não foram planeados, certo? Por isso no ano anterior a eu ter ficado grávida, e completamente ignorantes daquilo que o destino tinha reservado para nós, estivemos a transformar o quarto de hóspedes em escritório/quarto. Um sofá cama muito prático da IKEA (IKEA PS em azul escuro a imitar ganga) permitia fazer uma caminha confortável em segundos, e por isso continuava com a valência do quarto, mas as estantes apinhadas de livros (tanto eu como o co-irresponsável adoramos ler) e a ampla secretária Galant (também da IKEA e juro que não ando a receber royalties) tornava-o num escritório mais luxuoso do que eu alguma vez tive.
Assim que soube que estava grávida ainda considerei a possibilidade de conseguir conciliar o quarto do bebé com o escritório e manter aquela secretária porque, de qualquer forma, ele viria a precisar. (Tretas! mas calha bem justificar assim, certo?) Acontece que os planos cairam completamente por água quando soube que em vez de um vinham lá dois bebés. Como não tinha onde colocar tanto livro as estantes ficaram mas tive que dizer adeus à secretária para colocar as caminhas dos gémeos.
Não me parece que me tenha saído mal com a requalificação do escritório, mas também não serei própriamente daquelas mamãs cor-de-rosa. Passo a explicar... mamãs que fazem cortininhas e edredons a condizer com as saias dos cestinhos de verga onde colocam os produtos de higiene alinhados por tamanhos, que escolhem o berço de verga com dossel a combinar com o restante cenário e pintam as paredes de rosa com aplicações de stencil florido. Aqui não há nada disso! Há cortinas na mesma e edredons mas tudo de compra, e não há cestos de verga pois embora adore os cestos em si acabam por não ser tão práticos e só criam é mais pó e ocupam mais espaço. Nada contra quem pensa de outra forma e reconheço que sou um pouco gajo nestas coisas, mas os putos gostam do quarto com BD na parede e livros nas estantes e pronto!
E gostam tanto, tanto, que de vez em quando lá vão surripiando umas coisias dos pais. Nunca sem antes pedir autorização que nisso (na educação) gastamos muito tempo e suor, mas acaba por compensar no que nos facilita a vida. Adiante...
Pois ontem depois de ter jogado as mãos às edições especiais de BD da Maxmen do co-irresponsável, e olhado para mim com olhar inquiridor lá o Pandinha abandonou o alvo perante o meu olhar sério de reprovação.
-Não 'podo' mamã?
-Essas é melhor não, querido. São do papá e não são para estragar... Escolhe um livro!
Quando dou por isso estava a apontar para a coleção 'Sin City', do Frank Miller:
-'Podo?'
-Esses não, querido! Escolhe um com bonecos!
Nisto viro as costas para ir tratar da Patapon e sou acordada dos meus pensamentos por um sonoro:
-Este, mamã!
E deparo com o puto de sorriso rasgado a segurar o meu exemplar autografado do 'Fadas Láureas' do Luis Louro. Chamem-lhe parvo...