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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Sim, é verdade que toda a gente fala no Pai Natal. Sim, é verdade que ele não existe e por isso todos vocês, ao invocarem a dita criatura, estarão a mentir aos vossos filhos, afilhados, sobrinhos... Shame on you! Mas aqui reconheço que levámos o fenómeno mais além e fazemos chantagem usando o senhor das barbas. Não, não é o António Ramos, fervoso adepto do Benfica, e proprietário do restaurante 'O Barbas' que mora na Costa da Caparica, é mesmo o Nicolau que vive no Pólo Norte e pelo que sei tem uma fábrica de brinquedos onde explora elfos ou duendes ou anõezinhos (já ouvi diferentes versões do fenómeno), e que se morasse na China era apedrejado, mas no Pólo Norte já não faz mal.
E o que tem isto a ver com Deus? Pois para além de dizerem que tem barba, à semelhança de Deus, o Pai Natal é omnipresente. E por isso vê qualquer disparate que eles estejam a fazer, mesmo quando a mamã e o papá não estão por perto (no meu tempo era o menino Jesus). E como é uma pessoa justa (tal como Deus... hmmm... começo a notar aqui demasiadas semelhanças... queres ver que... enfim!) também sabe recompensar quem se porta bem e castigar quem faz mal. Por isso risca prendas da lista a cada mau comportamento e acrescenta mais uma a cada gesto bondoso (esta última parte é a tal tanga da minha autoria... o resto não sei quem inventou).
Agora claro que os miúdos nestas coisas não são tão ingénuos como a gente pensa e -vá-se lá saber porquê- por vezes duvidam da sua existência (da do pai Natal, ok?). Não os critiquem por favor porque no fundo tantos católicos em momentos de maior dor também questionam a Sua existência (neste caso é mesmo a Deus que me refiro) e eu própria duvidei que o menino Jesus fosse real porque a chaminé da minha casa era demasiado estreita para ele espreitar por lá, e de qualquer forma também não me fazia sentido alguém tão virtuoso andar a espreitar para casa das pessoas. Por isso aqui há dias, num daqueles momentos de sarrafada entre os mabecos, dei por mim a repreendê-los e a alegar que o Pai Natal já estaria a questionar qual das prendas ia retirar da lista, quando o Pandinha se sai com esta:
-Não está nada a ver!
Ora como eu não gosto de passar por mentirosa e a chantagem do pai Natal tem dado tanto jeito, dei por mim a magicar como deveria convencê-lo do contrário, e já andava a planear ir a um qualquer Centro Comercial tirar uma foto com o velhote das barbas (o Pai Natal, certo?) para os convencer. Mas eis que surge uma oportunidade de luxo ao ir buscá-los à escolinha. Confesso que sou um pouco cusca e questiono-me sempre o que é que os meus filhotes farão por lá na minha ausência, e por isso quando eles estão no refeitório (que tem vidros espelhados) aproveito para os observar incógnita por alguns instantes. Então não é que assisto a um cenário dantesco de palmada e dentada entre o Pandinha e uma menina da turma dele? Assim que a educadora virava costas lá ia fiambre! E não pensem que era só ele a dar, mas seja como for, sempre lhes tentei ensinar que o facto dos outros nos baterem não pode ser nunca justificação para devolvermos o gesto. Pelo menos esse ensinamento de catequese ainda por aqui ficou gravado, já o dar a outra face... bem... não me estou própriamente a candidatar a santa, pois não?
Por isso assim que os mabecos vieram ao nosso encontro fiz um ar triste e pesaroso.
-O que foi, mamã? -perguntou logo a Patapon.
-Estou triste com o teu mano! O Pai Natal veio-me contar que ele bateu na Carolina quando estavam no refeitório. -e virando-me para ele perguntei- É verdade?
Pois garanto-vos que a cara de espanto que ele fez perante o confronto com a dura verdade mas, mais que isso, com a prova de que o Pai Natal era omnipresente, foi impagável. Acho que se o miúdo tivesse um buraquinho ali por perto iria de certeza imitar uma avestruz. Mas como em vez disso me tinha a mim a fitá-lo acabou por dizer:
-Eu não bato mais, mamã! Eu porto bem!
Sim, eu sei que esta ingenuidade não irá durar muito tempo, e sim também sei que mais cedo ou mais tarde ele irá perceber que se vê através daqueles vidros unidireccionais. Mas tal como dizem 'Até ao lavar dos cestos é vindima' e por isso a malta vai aproveitando para encher a barriga de uvas, ou seja, para o aldrabar. Melhor que isso é que ele tem procurado cumprir a promessa, e sempre que a mana (que esta semana, como já vos tinha referido, anda bastante afectada com a ausência do pai) se porta mal ou faz algum disparate para chamar a atenção ele argumenta logo:
-Não fui eu, Pai Natal! Eu porto bem!