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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Alguma vez sentiram que a vida vos passa por entre os dedos? Que numa vã tentativa de sermos melhores mães, melhores namoradas, melhores profissionais, ou simplesmente melhores pessoas há qualquer coisa que se perde?
Hoje dei por mim a pensar que talvez essa perda seja de tempo. Porque parece cada vez mais impossível conciliar tudo isto.
Sou uma pessoa de natureza optimista, e como também nunca fui de baixar os braços tenho sempre aquela vã esperança de que as coisas vão correr melhor. E passam-se dias, semanas, meses até, em que tudo parece é piorar. No meio disto tudo pesa-nos ainda mais porque há outras vidas que dependem da nossa e não lhes queremos falhar.
De repente uma luz ao fundo do túnel, e devo confessar que desta vez quase parecia um clarão desta bonita trovoada que tivemos esta madrugada. Era de tal forma intensa que eu pensei que não seria para mim, e embora me mantivesse na secreta esperança de que tudo iria correr bem, aquele vil bichinho chifrudo que habita o meu ombro esquerdo insistia que eu estava a sonhar, ou então com uma extraordinária e entusiasmante bebedeira, o que acabava por ser ainda mais cruel pois não me recordava de sentir o néctar doce a percorrer-me as veias.
Vencemos uma etapa e começamos a levantar a cabeça daquele buraquinho na lama para onde ela escorregou em tempos. E segue-se outra etapa, outra vitória, e de repente começamos a achar que a luz não só é para nós como é parte de nós. Que poderia andar para aqui escondida (quiçá alojada no estômago devido ao efeito Maria-misturada da gravidez -ver post: 'A boca do estômago') mas que nunca desapareceu completamente.
Sim, eu recordo-me de ter brilhado em tempos. Recordo-me de achar que poderia ser uma estrela, mas também do sentimento de super-nova que se lhe seguiu. De toda aquela explosão que deixou estilhaços demasiado espalhados para os conseguirmos abarcar numa vida que fosse, menos ainda numa simples existência... E eis-me aqui, anos volvidos, com aquela sensação de que algures existe uma cola suficientemente poderosa não só para os colar como para reunir mesmo os estilhaços mais remotos. E eles aparecem sim, e reunem-se numa forma coerente parecendo voltar ao local que lhes pertence.
Mas por muitos pedaços reencontrados, fico sempre com a sensação que existem alguns que perdi para sempre. Espero sinceramente que não sejam os que mais falta me fazem. Espero sinceramente ter força para vencer as restantes etapas (não sei porquê mas fico por vezes com a sensação que a vida é um jogo sem limite de níveis, em que quando ousamos respirar fundo por ultrapassar mais um reparamos que há uma plataforma em cima com um piano prestes a cair), não apenas por mim, mas por aqueles que gostaria que viessem a sentir orgulho em mim. Espero sinceramente que por milagre tudo se encaixe com algum sentido e de forma funcional (não gostaria de todo ficar com um braço na cabeça ou o rabiosque no peito). E espero sinceramente que depois de tudo isto a luz ao fundo do túnel não seja apenas um comboio...
Desculpem-me por este meu lado mais... complicado/ depressivo/ chato/ entediante/ humano (pf riscar as hipóteses que não achem adequadas e deixar as que façam sentido para vós, ou siplesmente acrescentem a vosso belo prazer), que tanto irrita o co-irresponsável, mas por algum motivo eu sou a gaja das psicologias com coração de manteiga e ele é o gajo das engenharias com coração de tijolo. Felizmente no meio do caos, e contra todas as expectativas, ainda nos conseguimos entender, embora nem sempre se consiga evitar o comboio...