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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Neste Dia da Mãe, que foi para mim passado como tantos outros dias do ano, mas com algumas palavras doces pelo meio, não poderia deixar de fazer, eu própria, homenagem a todas aquelas mulheres que, de uma forma ou outra, marcaram a minha vida enquanto mães.
Antes de mais à minha mãe. Lamento, como em tantos outros dias não ter podido estar com ela, mas ela sabe que estou sempre de coração. Foi dela que herdei esta pontada de loucura, a veia poética e a boa disposição (mesmo nas alturas mais complicadas). Sabes bem que por isso faço embora não seja fácil... Mas nunca é. E não tem sido para ti. E só por isso quero que saibas que te admiro muito, que te adoro muito, e que nunca encontro as palavras certas para te agradecer por tudo o que tens feito. Por mim, pela minha mana, e sobretudo pelo meu pai. Obrigada por ainda lutares por uma causa que tantos acham perdida... Obrigada por teres esse coração de ouro para cada ser humano, cada gatinho, cada Maria-Café que atravessa o teu caminho. Quero um dia ser como tu e quero voltar a ver-te sorrir assim...
Uma palavra também especial à minha mana. Por todas as vezes que me garantiste que eu tinha sido encontrada no caixote do lixo, por todas as brincadeiras de mercearias em que insististe ser a dona (ou não brincavas de todo), por todos os chupas e gelados que me arrancaste das mãos, por todas as vezes que me picaste à mesa ou de viagem no carro e me obrigaste a dar-te uns pontapés porque ainda não o sabia verbalizar (e depois disso porque lhe apanhei o jeito)... acredita que na altura me apetecia ir-te ao focinho, mas se hoje em dia nada me deixa de rastos é graças a ti.
E juntamente com esses momentos guardo bem fundo no coração tantas e tantas vezes que avançámos corredor fora, comigo sentada no carro das bonecas, a marcarmos as paredes todas à nossa passagem; estarmos deitadas no chão da sala a fazermos desenhos na parte de baixo da mesa (para a mãe não ver, quando ambas sabíamos que ela às econdidas ia lá admirar as nossas obras de arte); teres-me perdoado por ter cortado o cabelo da tua Nancy e partido a tua cozinha de brincar, e teres gasto uma boa parte do teu primeiro ordenado a comprares-me um relógio da Benetton. Já lá vão uns bons 25 anos e ainda o tenho, apesar de hoje em dia dever valer uns cobres valentes no OLX. Obrigada também por me dares dois dos homens mais importantes da minha vida... ADORO os meus sobrinhos! E por seres para mim um exemplo de mãe! Espero que de hoje em diante a vida te sorria um pouco mais, porque mereces!
Para a outra pessoa que tem sido como uma mãe para mim, que me adoptou e acarinhou assim que comecei a namorar com o filho dela, obrigada por toda a ajuda que me tem dado nesta fase tão exigente da minha vida. E porque para ela este início de ano tem sido particularmente complicado a nível de saúde, espero que continue em passo pequeno mas firme rumo à plena recuperação. Por todos os gestos maternos que tem para com os meus mabecos... obrigada!
Uma homenagem especial agora às que já partiram mas que terão sempre um lugar especial no meu coração.
À minha avó Vitória nada mais digo porque as saudades me toldam os olhos de lágrimas, mas sei que lá de cima onde estás vem sempre um raio de luz mais quente que os outros e que me faz sentir-te sempre perto.
À minha bisavó Maria cada vez mais pena de não a ter conhecido. Dela dizem que herdei o nariz empinado, não no sentido de me sentir acima dos demais, mas de sentir que sou importante q.b. para nunca me vergar a ninguém. Recordo-me muita vez da história de quando ela foi presa, simplesmente porque não se calou perante a prepotência policial que se fazia sentir (eu escrevi fazia-se, no pretérito, ok?). Eu ainda não cheguei a tanto, bisa... mas por este andar para lá caminho!
Um beijo enorme também para a estrelinha onde habita a minha avó Ana que me deixou de legado um anel que chegou com a notícia da morte dela... Não era suposto ser assim, avó... e sinto muito por isso. Herdei dela a mania de dar alcunhas a toda a gente e de certa forma, será então a ela que devo o facto de ter 2 mabecos...
Como não poderia deixar de ser, obrigada aos meus filhos. Acreditem que o desespero de descobrir que estava grávida de gémeos há muito que passou. Sei que não serei a melhor mãe do Mundo, mas não serei com certeza a pior. E o orgulho que sinto em ter dois mabecos tão giros, inteligentes e meigos (saem portanto à mãe!) é imensurável. E a cada sorriso, a cada beijo, a cada abraço, sinto que talvez não me tenham escolhido em vão. Adoro-vos muito, meus mabecos!
Para finalizar, uma palavra especial para todas aquelas mães que eu tenho conhecido de uma forma ou de outra ao longo da minha vida e que têm sido para mim um exemplo. Porque nem sempre as coisas correm bem, porque há dias em que apenas gostaria de voltar a ser pequenina e poder andar para sempre 'Nos pepés da mamã' sem sentir o peso do Mundo em cima dos meus ombros, sinto que não devemos nunca esquecer como é bom ser mãe! Um dia feliz para todas vós!
Vinhamos de carro de casa da avó paterna. Depois de uma tarde de brincadeira e correrias pelo parque eles faziam-me o relato do que tinham feito com os avós. A dada altura contaram que um cão fugiu com a bola do Pandinha e que quando a avó estava a jogar à bola com eles, andou para trás e caiu.
Como tinha um saco onde transportava todas aquelas 1000 coisas com que andamos quando temos miúdos era inevitável que algo acontecesse quando ela se estatelou em cima dele. Pois segundo os mabecos a água abriu-se e molhou tudo, inclusivé o cabelo da nova Barriguita da Patapon (ir para casa da avó também implica normalmente voltar com um brinquedo novo ou a expressão 'estragar os miúdos com mimos' não faria tanto sentido), e pelos vistos, e felizmente, ter-se-á gerado uma sessão de risota pelo caricato da situação.
Ora como a meio do caminho já o sono se transformava em birra, e como é sabido que tenho uns parafusos a menos, decidi inventar ali um bocadinho para os distrair. E comecei com a minha história alternativa:
-Ora então a avó estava a jogar à bola, o Pandinha acertou-lhe com a bola e ela caiu!
-Nããããããooooo! -dizia ele a tentar conter o riso- Não fui eu! Ela só começou a andar para trás, tropeçou e caiu.
-Ahhhhhh! -tentava eu fingir que já tinha percebido- então veio o cão, atirou-se à avó e ela deixou cair a bola!
-Não, mãe! -explicava a Patapon- ...o cão foi depois. A Avó caiu sozinha!
-Caiu porque o pai a empurrou, certo? -insistia eu na versão alternativa perante a risota geral.
-Não! O pai não estava lá. Foi mesmo sozinha!! Estás a aldrabar! -dizia o Pandinha.
A partir daí, foi com a história a descambar para o limite da insensatez que percorremos os últimos quilómetros de regresso a casa com os mabecos bem dispostos. Já a chegar a casa a versão era:
-Então estavam a jogar à bola, o pai empurrou o avô, que foi bater de encontro ao cão, que por sua vez acertou numa árvore. E a árvore ia a cair para cima da avó, que se desviou a tempo, mas acertou no saco, e entornou a água.
Foi então que no meio de uma gargalhada o meu filho se saiu com esta:
-A árvore caiu?? As árvores não podem cair, mãe! Porque não têm pés!!!
E pronto! Foi assim mais uma lição mabequiana! E eu que vivi estes anos todos na ignorância!
Se hoje estivesse entre nós faria 99 anos.
Era alguém que estimava e admirava pela sua inteligência e espírito crítico. Muitos a recordam pelo seu porte (sempre uma rainha até ao fim!!) mas também pela sua enorme generosidade. Dou por mim muitas vezes a cantar as músicas que me ensinou aos miúdos (sim, ela também era doida como eu e isso anima-os) e a tentar recordar-me de todas as histórias. Desculpa, avó... se nem sempre consigo...
É de uma injustiça extrema ela não ter conhecido estes bisnetos, pois não fosse um vírus hospitalar e estaríamos hoje reunidos em família a vê-la beber uma 7UP.
A ti, avó... e aos muitos avós e pais e restantes familiares que perdemos ao longo dos anos, mas que nos iluminaram o caminho para sermos melhores pais... obrigada e parabéns!!