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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Como costumo sempre dizer dia do pai, da mãe, da mulher ou mesmo o Natal deveria ser todos os dias. E é nesse sentido que educo os meus filhos, a dar valor à família, à vida, e às pessoas que os querem bem sempre. Mas mesmo assim não poderia deixar de hoje fazer a devida homenagem aos pais. E digo no plural porque não pretendo fazer apenas ao meu mas a todos aqueles que fazem por merecer tal título. Sejam eles pais de sangue ou de coração.
Àquele que me ensinou a andar de bicicleta mas também a usar um canivete, que me embalou nos braços noite fora quando eu estava com otite, que me massajava os pés à noite, até eu adormecer... não há palavras para explicar o quanto te adoro. Obrigada por veres mais além e não me limitares ao papel que a sociedade nos parece tentar vergar. Sou e sempre serei o teu 'João' e tomara eu que ainda tivesses saúde para me levar à caça.
Ao meu avô Chico, por todos aqueles passeios de eléctrico que nunca esquecerei e pelas mihentas vezes que me proporcionou ver filmes de cowboys confortavemente instalada nos camarotes do Odeon. Para onde quer que a bruma te tenha levado, espero que continues a assistir aos combates de Wrestling e que estes ainda façam cair aquela tua fachada militar. Porque é a sorrir assim que ainda me recordo de ti.
Ao meu sogro, que nem pai chegou a ser, mas que quis o destino viesse a tornar-se avô. Que não haja qualquer dúvida que não é o sangue que nos une mas o coração, e que é um segundo pai que os meus filhos vêem nele. Por ser o avô mais babado e criançolas que conheço e por ser também como um pai para o pai dos meus filhos... obrigado!
E como não poderia deixar de ser, àquele pai que me permitiu ser mãe. Que sejas sempre o herói dos teus filhos, o mestre, o exemplo, mas sobretudo... que nunca esqueças aquele lado doce que te deixa de sorriso rasgado e ar de puto, a rebolar com eles no chão.
De um modo geral, a todos os homens da minha vida, que de uma forma ou outra se cruzaram no meu caminho, e a quem alguém tem o orgulho de chamar pai. Que sejam sempre bons pais e nunca se esqueçam o que é ser filho. Nenhum dos dois papéis é fácil, mas existem as mães, as filhas e as irmãs para ajudar... ahahah!
Terminada a saga da varicela, começo eu a respirar de alívio e a pensar nas noites bem dormidas, sem ter que acordar durante a noite para dar medicação, recolocar luvas ou besuntar putos com pomada, por entre gemidos. E nisto recomeça a saga já que o Pandinha, dado estar com as defesas em baixo, apanhou uma infecção no tracto respiratório superior. Expressão pomposa para explicar que, no fundo, deita ranho que até mete dó.
Por isso só regressará à escola hoje. Por isso, e porque eu e o co-irresponsável já tinhamos esgotado as baixas (o gajo também ficou doente entretanto mas diz que já está melhorzito) e as férias, veio para cá o avô paterno tomar conta do catraio. O Avô paterno que nem sequer avô é, que infelizmente nunca chegou a ser pai, mas que os ama da forma como o avô verdadeiro (que nem sequer teve interesse em conhecer os netos) deveria. Ou ainda mais... Enfim... outras histórias que não vêm ao caso.
Isto para dizer que quando se junta um puto de 4 anos e um bastante mais experiente -e que por isso já deveria ter juizo- acontece o caos. Pelo menos foi isto que o Pandinha explicou quando eu e o pai o questionámos pelo estado em que estava a casa ao final do dia. Bola de futebol no corredor, livros pela sala, brinquedos espalhados pelo quarto, outros tantos metidos de qualquer forma nas prateleiras:
-Foi o avô! Ele é que desarrumou tudo. Eu estava sossegado e ele foi buscar os brinquedos.
-O avô???? -questionava o pai.
-Sim! E depois foi embora e deixou tudo desarrumado!
-Ai o malandro! -alinha o co-irresponsável - Vou já ligar à avó e dizer para o por de castigo.
-Vais ligar? -pergunta o Pandinha meio a medo.
-Pois! Se foi o avô que fez isto vou ralhar com ele e pô-lo de castigo.
-Hmmm.... se calhar eu também desarrumei um bocadinho....
Pois é... aqui agora há gato! Mas não será bem como pensam e nem é dos miúdos.
Acontece que o co-irresponsável -vá-se lá saber porquê- sempre achou piada àqueles gatos da sorte que abanam o bracinho e que estão amplamente dissiminados pelas lojas e restaurantes de origem oriental. Mas uma coisa é achar piada, outra é trazer um desses animais cá para casa e isso ele felizmente teve o bom senso de não fazer. Eu não contava era com o sentido de humor mordaz da minha sogra, que aproveitou uma ida com os miúdos à loja chinesa, para adquirir um destes exemplares tamanho XL e enviar para o filho.
Agora tenho um gato XL em plástico branco que passa o dia a abanar o braço fazendo daqueles barulhos irritantes que faz lembrar um relógio de pêndulo. De vez em quando a Patapon apanha-o, enrola-o num pano de cozinha com pintinhas (um dos brinquedos preferidos dela) e deita-o numa almofada. São apenas estes os meus momentos de sanidade mental, porque impede os movimentos do braço e o tal barulho. De resto até sustos já apanhei por o mudarem de sítio e eu ser apanhada de surpresa com algo que mexe na minha direcção.
Perante tudo isto vieram as memórias mais remotas à superfície e lembrei-me daqueles belos tempos em que eu, a minha mana e a minha mãe iamos com o meu avô materno às rifas da Santa Casa da Misericórdia. Era uma forma de ajudá-los a angariar dinheiro no Natal ou nos Santos Populares, mas também uma grande diversão para nós, e apesar do meu avô já ter partido há muito a tradição das rifas manteve-se.
Recordo-me bem, aqui há uns anos atrás, de termos ido a mais uma dessas festinhas de angariação de fundos e termos comprado um monte de rifas. A competição era não só pelo maior número de rifas premiadas (quem inventou aquele sistema em que sai sempre devia ser fuzilado porque perde toda a piada, já que tira metade dos motivos para gozarmos com os outros a quem não saiu nada) mas também pelos prémios em si (ora este motivo é sempre válido). Já não me recordo o que me saiu a mim nem à minha mãe, mas ficou-nos gravado na memória uma estatueta XL, em barro pintado, de um estudante de Coimbra, que saiu à minha irmã.
Ela bem tentou deixá-lo lá, mas nós à socapa trouxemos para casa. E claro que esta minha perversidade teria que ser herdada de algum lado, pelo que foi com muita dificuldade em conter o riso que eu e a minha mãe embrulhámos a dita estátua e nos aguentámos até ao Natal. Haviam de ver a cara da minha irmã quando escolheu para desembrulhar logo em 1º lugar aquela prenda enorme que se destacava junto à àrvore e deparou com o estudante. Mas claro que achou piada e se riu.
No ano seguinte a história foi diferente e ela já achou que seria demais termos-lhe dado o estudante pela 2ª vez. Mas pelo menos concedeu-nos algum crédito por termos conseguido disfarçar o embrulho. Acontece que no terceiro Natal consecutivo em que recebeu o estudante a miúda não se conteve e acabou por o esmigalhar para evitar brincadeiras futuras. Maus feitios...
Pois foi pena ter acabado, mas foi giro enquanto durou... e vai daí ocorreu-me agora que ainda não comprei a prenda para a minha sogra...
PS: foto do cesto de rifas retirada do blog 'florescoreseamores'