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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Terminada a saga da varicela, começo eu a respirar de alívio e a pensar nas noites bem dormidas, sem ter que acordar durante a noite para dar medicação, recolocar luvas ou besuntar putos com pomada, por entre gemidos. E nisto recomeça a saga já que o Pandinha, dado estar com as defesas em baixo, apanhou uma infecção no tracto respiratório superior. Expressão pomposa para explicar que, no fundo, deita ranho que até mete dó.
Por isso só regressará à escola hoje. Por isso, e porque eu e o co-irresponsável já tinhamos esgotado as baixas (o gajo também ficou doente entretanto mas diz que já está melhorzito) e as férias, veio para cá o avô paterno tomar conta do catraio. O Avô paterno que nem sequer avô é, que infelizmente nunca chegou a ser pai, mas que os ama da forma como o avô verdadeiro (que nem sequer teve interesse em conhecer os netos) deveria. Ou ainda mais... Enfim... outras histórias que não vêm ao caso.
Isto para dizer que quando se junta um puto de 4 anos e um bastante mais experiente -e que por isso já deveria ter juizo- acontece o caos. Pelo menos foi isto que o Pandinha explicou quando eu e o pai o questionámos pelo estado em que estava a casa ao final do dia. Bola de futebol no corredor, livros pela sala, brinquedos espalhados pelo quarto, outros tantos metidos de qualquer forma nas prateleiras:
-Foi o avô! Ele é que desarrumou tudo. Eu estava sossegado e ele foi buscar os brinquedos.
-O avô???? -questionava o pai.
-Sim! E depois foi embora e deixou tudo desarrumado!
-Ai o malandro! -alinha o co-irresponsável - Vou já ligar à avó e dizer para o por de castigo.
-Vais ligar? -pergunta o Pandinha meio a medo.
-Pois! Se foi o avô que fez isto vou ralhar com ele e pô-lo de castigo.
-Hmmm.... se calhar eu também desarrumei um bocadinho....
Vinhamos de carro de casa da avó paterna. Depois de uma tarde de brincadeira e correrias pelo parque eles faziam-me o relato do que tinham feito com os avós. A dada altura contaram que um cão fugiu com a bola do Pandinha e que quando a avó estava a jogar à bola com eles, andou para trás e caiu.
Como tinha um saco onde transportava todas aquelas 1000 coisas com que andamos quando temos miúdos era inevitável que algo acontecesse quando ela se estatelou em cima dele. Pois segundo os mabecos a água abriu-se e molhou tudo, inclusivé o cabelo da nova Barriguita da Patapon (ir para casa da avó também implica normalmente voltar com um brinquedo novo ou a expressão 'estragar os miúdos com mimos' não faria tanto sentido), e pelos vistos, e felizmente, ter-se-á gerado uma sessão de risota pelo caricato da situação.
Ora como a meio do caminho já o sono se transformava em birra, e como é sabido que tenho uns parafusos a menos, decidi inventar ali um bocadinho para os distrair. E comecei com a minha história alternativa:
-Ora então a avó estava a jogar à bola, o Pandinha acertou-lhe com a bola e ela caiu!
-Nããããããooooo! -dizia ele a tentar conter o riso- Não fui eu! Ela só começou a andar para trás, tropeçou e caiu.
-Ahhhhhh! -tentava eu fingir que já tinha percebido- então veio o cão, atirou-se à avó e ela deixou cair a bola!
-Não, mãe! -explicava a Patapon- ...o cão foi depois. A Avó caiu sozinha!
-Caiu porque o pai a empurrou, certo? -insistia eu na versão alternativa perante a risota geral.
-Não! O pai não estava lá. Foi mesmo sozinha!! Estás a aldrabar! -dizia o Pandinha.
A partir daí, foi com a história a descambar para o limite da insensatez que percorremos os últimos quilómetros de regresso a casa com os mabecos bem dispostos. Já a chegar a casa a versão era:
-Então estavam a jogar à bola, o pai empurrou o avô, que foi bater de encontro ao cão, que por sua vez acertou numa árvore. E a árvore ia a cair para cima da avó, que se desviou a tempo, mas acertou no saco, e entornou a água.
Foi então que no meio de uma gargalhada o meu filho se saiu com esta:
-A árvore caiu?? As árvores não podem cair, mãe! Porque não têm pés!!!
E pronto! Foi assim mais uma lição mabequiana! E eu que vivi estes anos todos na ignorância!
Estavam os mabecos a jogar à bola no corredor quando oiço o Pandinha:
-Passa aí a bola, caraças!
Meio estupefacta e a tentar conter o riso lá gritei da sala:
-Isso não se diz, querido!
-Não se diz caraças, mãe? -oiço-o então a responder.
-Não, filho. É feio dizer 'caraças'.
-Então e porra? Posso? -grita ele a plenos pulmões.
-Não, querido. -respondo eu tentando manter a seriedade- Porra também não se pode dizer.
-Olha... e 'atira', posso?
Saíamos de casa quando a Patapon vê uma bola junto ao elevador.
-Deve ser do Sushi... (o cão da vizinha do lado)
-Sim, acho que deve ser do Sushi, que ele é tão doido que às vezes entra em casa sem a bola e nem dá por isso. -respondo eu.
-Ou então é do Tommy... (o cão de outro vizinho de um andar mais abaixo)
-Querida... não me parece que o Tommy viesse cá acima só deixar a bola, não achas? Deve ser é do Sushi.
-Eu acho que ou é do Tommy ou do Sushi. -insistia ela- Minha é que não é, que eu não sou nenhum cão!!
Pois... tendo em conta a marca da dentada que o irmão tem no braço ninguém diria, mas enfim...