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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Não, não sinto o tempo a esvair-me das veias. Nem sequer páro para pensar nisso. Tenho coisas mais importantes para fazer.
Não, não passo a vida a olhar para o espelho à procura de uma ruga ou de um cabelo branco. Talvez por isso não os tenha.
Não, não desejo que o tempo volte atrás e me transporte para a minha infância. Tal como recordo as coisas boas não me esqueço das más, e sinceramente não me apetece passar por tudo aquilo novamente...
Não, não penso como poderia a minha vida ser diferente se tivesse feito outras escolhas, pois foram estas que me tornaram aquilo que sou. E embora haja muito a melhorar há também muito de que me orgulhar.
Sim, sinto a falta de muita gente que deveria ser eterno de forma a fazer-me sempre companhia nestes dias. Mas sei que, de certa forma o são. Em tudo o que digo e faço, estarão sempre por cá...
E sim, é assim que me continuo a ver, a brincar de joelhos na praia enquanto procuro pelos aviões que passam bem alto. Um dia vou alcancá-los... a TODOS!
E assim se faz 2 crianças felizes por... 3€. O melhor brinquedo de sempre!
Diz o puto empoleirado no telhado da casinha de brincar:
-Eu já não quero ser crocodilo...
-O quê?
-Eu antes queria ser crocodilo, mas agora já não, porque senão não podia escalar, e estar aqui é tão bom.
-Pois, deve ser...
-Tu querias ser criança?
-Não. Já fui e gostei muito, mas agora gosto de ser crescida.
-A vida de criança é assim... é tão bom!
(pois é...penso eu)
Aqui há dias mudámos os brinquedos todos que andavam espalhados pela sala de estar para o quarto deles, pelo que agora eles acabam por ir brincar para lá. Anteontem, depois de estarem na galhofada um grande período no quarto, a Patapon aparece a querer envolver-me na brincadeira com uma carinha meio séria meio a rir, e a gritar:
-Anda ali um lobo! Mamã... salva-me!
-Um lobo? -perguntei eu- Deixa estar que eu vou já lá ralhar com ele!
E nisto, quando me levantava do sofá para onde tinha caído exausta há menos de 5 minutos, aparece o Pandinha, como que a galopar num cavalo imaginário e diz para a mana:
-Podes vir brincar, que eu comi o lobo! Nhaaaaaaaacccc!
Estava eu a fazer o jantar e da sala vinha uma gritaria de tal forma estridente que quase espetava um garfo numa mão só para acabar com a dor. E nisto o silêncio. Curiosa como sou, segui sorrateiramente pelo corredor para constatar -para minha completa admiração- que estavam na mesma a falar mas num tom quase inaudível. Ao olhar de forma inquiridora para o co-irresponsável ele apenas explicou:
-Estamos a brincar aos ninjas, e os ninjas não fazem barulho... falam baixinho!
Oh, porra! Como é que eu ainda não me tinha lembrado disso antes??
Serão de Domingo, os dois mabecos a brincar sossegadamente, e de repente vejo-o avançar na direcção do braço dela, de boca aberta. Perante a antecipação de dor estampada no rosto da Patapon intervenho:
-Pára com isso!! Que estás a fazer? Não se morde na mana!
-Mas... -explica ele em tom decidido- eu sou um crocodilo!
Ah, pronto... Ainda bem que ficámos esclarecidos.
A vida tem destas coisas e o que se quer é educação.
No outro dia os mabecos estavam a brincar calmamente. Ela com um boneco, ele com um carro. Pode parecer-vos um cenário normal mas acreditem que é deveras estranho. E quem tem gémeos percebe que este será um dos poucos momentos de acalmia que se vive ao longo do dia.
Pois a dada altura ela decide tirar-lhe o carro à força e aleija-o num dedo da mão. Ele queixa-se e eu vou lá dar miminho e dizer que ela só pode estar tonta. E realmente não é nada típico dela já que quem costuma tirar brinquedos é ele.
E foi então que o Pandinha, com o ar mais doce do mundo, me perguntou apontando para a irmã:
-'Podo' magoar ela?