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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Penso que por aqui já referi que há uma menina do nosso prédio que anda na mesma escolinha que os meus filhos. A diferença de idade é de menos de um mês mas como ela nasceu em Dezembro e eles só em Janeiro acabaram por ficar em turmas diferentes. No entanto, e porque ela é tão vivaça quanto eles, sempre se deram bem e não é raro eu chegar à escola e estarem a brincar todos juntos.
Ora não sei porquê aqui há dias ela assim que me viu veio ter comigo:
-Tu moras em minha casa, não é?
-Não é bem em tua casa, querida... -tentei eu explicar- é no teu prédio.
-Sim, mas moras junto à minha casa.
-Pois moro. Moro mesmo pertinho.
-Então porque é que eu nunca vou a tua casa?
-Já lá foste algumas vezes há algum tempo atrás, com os teus papás e o mano. Mas tens razão... deviamos combinar mais vezes para vocês brincarem juntos, não é?
-Pois! Posso ir contigo hoje? Leva-me! -pede ela com aqueles olhinhos doces que me desarmam.
-Ohhh... não posso levar-te.
-Porquê?
-Porque só tenho duas cadeirinhas no carro e porque só te pode levar quem a tua mamã disser ali que pode levar, percebes? Mas quando a tua mamã chegar pergunta se podes lá ir, está bem?
E assim ficou a conversa. Uma meia hora depois de termos chegado a casa ouvimos a campainha. A mãe dela, muito envergonhada, tentava explicar que ela nao se tinha calado desde a escola até casa, que tinha combinado comigo lá ir. Confirmei que sim, e que os meus já estavam à espera dela e assim a mãe a deixou entregue aos mabecos pela meia horinha seguinte, porque entretanto também era quase hora de jantar.
Estava eu precisamente a fazer o dito (o jantar) quando o Pandinha me vem perguntar o que havia para comer. Expliquei que era entrecosto que, contra todas as expectativas, é da comida que eles mais adoram, porque apanharam a mania de roer os ossos e acham piada à situação.
E nisto o sacana do puto, que volta a correr entusiasmado para o quarto pergunta à amiga:
-Também comes cá?
-Não sei...
-Come!!! Vamos jantar ossos!
E quando eu pensava que ele já tinha apresentado o pior cartão de visita possível o mabeco ainda acrescenta:
-A mãe ri-se e diz que parecemos cães quando comemos os ossos!
Agora digam lá que a miúda saiu daqui com boa impressão e digam várias vezes a ver se me convencem!
Já anteriormente referi aqui a paixão doentia que os meus filhos sentem por cães (ver post 'A menina Blackie'). São várias as fotos que temos com eles a abraçarem, beijarem, ou simplesmente a rebolarem com eles. Pois é tanta paixão que ainda há dias a levaram ao extremo.
Se aqui no prédio até há bastantes cães que fazem as delícias dos meus filhos, na rua então nem se fala, e nessas coisas eles não são nada envergonhados e avançam indiscriminadamente para qualquer animal de 4 patas que abane a cauda para eles. Por acaso desta vez o alvo foi o 'Óscar', que calha de ser o animal de estimação de uma ex-colega de escola, o que me facilitou a vida. É que o Óscar, apesar da sua idade, é muito brincalhão, e como ainda tem um tamanho considerável, é bom saber que ela tenta logo acalmá-lo assim que os gémeos entram no campo de visão dele. E eu, pela minha parte, tento acalmar 'os meus animais'. Mas não é fácil... sobretudo o Pandinha delira mesmo com os cães.
Acontece que desta vez o Óscar tinha acabado de chegar de uma looonga caminhada pelo mato e estava sujo e transpirado, pelo que a dona apressou-se a alertar os miúdos de que não deveriam tocar-lhe para não se sujarem. Olha a quem... alguma vez o pandinha deixaria de tocar no amigo dele? Não só tocou, como abraçou e deu BEIJOSSS! E eu bem tentei separá-los, mas o Pandinha alegava:
-Ó mamã... está só sujo...
Como o puto não deixava de ter razão e sujidade não é doença, lá os deixei a partilhar os germes durante alguns minutos antes de retomarmos o caminho para casa.
Não passaram nem dois dias e voltámos a cruzar-nos com outro canídeo. Desta vez o Tommy, um barbaças (arraçado de podengo de pelo cerdoso- ai! que a miúda percebe de cães) que reside cá no prédio e que tem uma história deliciosa de vida e igual a tantas outras (onde é que já ouvi uma assim?). O dono do Tommy teve um outro cão antes que se chamava... Tommy. E esse Tommy faleceu. E claro que o dono proferiu aquela célebre frase 'Não quero mais nenhum!' Mas eis que aparece este cão abandonado e maltratado umas semanas depois e o segue para casa. E por aqui ficou o Tommy2, gozando de todos os mimos que o outro já gozava e mais alguns. E por muito que ande pela rua, não sei como é que o cão sai tanto ao dono que chega junto a nós sempre bem aprumado e cheiroso.
Mas quem tem miúdos de 2 anos e meio, mesmo que não sejam gémeos, bem sabe que é dificil (leia-se impossível) termos algum controlo sobre o que dizem, e invocando a memória mais recente que tinha o Pandinha sai-se com esta:
-Olha o Tommy! Ele está sujo?
E perante o meu olhar de pânico e vergonha o dono do Tommy lá se riu e explicou que o Tommy toma banho com frequência, mas que era normal vir um pouco sujo da rua.
-Não faz mal!- diz o Pandinha enquanto se abraça ao Tommy aos beijos.
A paixão por cães deve ter destas consequências... ontem estava a Patapon com um caderninho, armada em senhora a fazer o nome (eles agora andam com a manina que se fizerem uma linha ondulada estão a escrever e nós só temos é mais que perceber o que lá está escrito ou mais vale voltarmos à escola) quando o Pandinha diz que também queria.
-A mana vai buscar uma caneta para ti. - diz ela enquanto se dirige à gaveta.
E nisto ele sai disparado atrás dela, ao que ela responde:
-Deixa estar que eu 'bosco' !!!
Vamos então conjugar o verbo BOSCAR: eu bosco, tu boscas, ele bosca, nós boscamos, vós boscais, eles boscam. Ufa!! Afinal eu não preciso voltar à primária!!!