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Síndrome de Peter Pan

por twin_mummy, em 02.07.14

Cada vez mais chego à conclusão que estamos rodeados de Peter Pans, e por isto entenda-se... pessoas que se recusaram a crescer, autênticas criançolas. Infelizmente não apenas no sentido mais lúdico, e passo desde já a explicar.

 

Trabalho desde há muitos anos -mais do que gosto de admitir...- em funções de Atendimento ao Cliente, pelo que compreendo o quão difícil certas situações podem ser, mas nem sempre é o cliente que falha e senti isso na pele recentemente.

 

Sempre fui bem tratada no supermercado aqui do bairro. Noto que sempre tiveram um cuidado especial na contratação de pessoas com um mínimo de educação e bom senso, mas infelizmente também por aqui as coisas estão a mudar. Raro é o mês em que não se vê por lá uma cara nova e por diversas vezes tive de reorganizar as coisas dentro dos sacos.

 

Não é que seja demasiado obsessiva -já sofri mais desse mal, mas parece que ser mãe de gémeos nos deixa pouco tempo para comichices- mas gosto das coisas com um mínimo de organização. Os frescos num saco, as garrafas no outro separadas por um outro saco para não irem a bater, as coisas mais pesadas no fundo e mais leves no cimo, e por isso até gosto de ir a locais onde seja eu a arrumar tudo, mas em supermercados de Bairro já estou habituada a ser atendida de outra forma e até gosto da mordomia para variar.

 

Pois este terá sido um final de dia particularmente cansativo para mim, e perante a eminência de ter de sair do trabalho a correr e ir buscar os miúdos à escola optei por despachar o jantar no supermercado e comprei uns pastelinhos de bacalhau já cozinhados e prontinhos a comer.

 

A senhora da charcutaria, como de costume, foi uma querida e retirou-os cuidadosamente da bandeja para uma couvete. A senhora da caixa, no meio de um enfiar atabalhoado de coisas nos sacos colocou a couvete no cimo de um dos sacos e pressionou para baixo para a encaixar melhor.

 

Ora... como os pasteis estavam entre a couvete e a mão da dita senhora não é preciso ser licenciado em Física Nuclear para perceber que perante uma acção sobre um corpo este reage com uma reacção. Dito de outra forma... esborrachou-me 2 pastéis sem qualquer piedade!

 

Sim... ainda respirei fundo, mas perante o ar de espeto da dita (para quem não sabe é aquele ar endireitadinho e de cara séria, semelhante a um frango no espeto, mas com o extra da cara que o dito frango não tem) a esticar-me o terminal de pagamento e a mandar-me digitar o código (juro que se não foi essa a intenção foi assim que soou) achei que deveria dizer alguma coisa.

 

-Sabe que dizer desculpe não lhe fica mal? -perguntei assim suavemente.

(nada)

-Não é que não se comam os pastéis esborrachados na mesma, mas já que a sua colega teve tanto cuidado a colocá-los aí, se não tem respeito pelo cliente ao menos tenha respeito por ela. -insisti.

-Mas eu não fiz de propósito! -responde ela finalmente de ar enjoado e agressivo.

-Mesmo assim, acho que não ficaria mal assumir o erro e pedir desculpa, certo? É que se tem pressa para terminar o turno ou se está chateada por por algum motivo a culpa não é de certeza minha...

 

Pois ela não só não pediu desculpa como continuou com aquele ar enjoado de quem parece talhado para o Atendimento ao Cliente, desde que o cliente se chame Babe e faca óinc!

 

Sinceramente não estive para me chatear e vim para casa a pensar que não deve demorar muito para ir para lá outra, mas foi curioso que dois dias depois os gémeos se tenham envolvido numa discussão que, tendo lugar no quarto deles, ecoava pela casa toda.

 

Chegada a mamã lá, a Patapon apressou-se a explicar que tinha um livro que o Pandinha entretanto decidiu que queria, e como esta não lho deu, ele resolveu tirar-lho. Como o sacana do puto é um brutamontes de primeira, a princesinha caiu no chão e a discussão era por ele não lhe ter pedido desculpa. E quando eu o repreendo pelo sucedido e lhe pergunto porque é que não pediu desculpa à mana ele sai-se com esta:

-Porque eu não fiz de propósito!

 

E nessa altura percebi que o que o separava esta criança daquela senhora não seriam propriamente 30 anos mas uns 50 centrímetros. E é triste constatar isto... Mas não é de propósito! Juro!

Dose diária paciência

por twin_mummy, em 26.10.13

Aqui há tempos, num daqueles momentos em que achamos que os miúdos parecem ter tirado o dia para nos infernizar a vida, o co-irresponsável queixava-se por já não saber o que fazer, e que já teria esgotado a paciência. Acabámos por ter (bem depois deles se terem ido deitar e de termos conseguido recuperar neurónios suficientes para voltar a falar) uma daquelas conversas mais filosóficas em que introduzimos o conceito da 'dose diária de paciência'. 


A teoria é simples... imaginem como que uma caixa onde cabem todas aquelas respostas 'Que giro, amor' que vociferamos entre-dentes quando deparamos com o Pandinha a fazer obras de arte na parede, ou quando percebemos que a Patapon, ao tentar comer sozinha, parece ter rebentado com uma bomba no prato da comida e espalhado quase todo o conteúdo no metro quadrado que a circunda, num chão acabadinho de lavar. Ora a caixa tem um limite. Podem caber lá 10 frases fofuxas, 20 inspirações profundas, e 40 desviar de olhos, ou até mesmo o dobro destas doses, mas haverá um ponto a partir do qual já não haverá conteúdo na caixa, e acabamos por explodir, ou implodir... sei lá!

 

E por muito conteúdo que haja, por muito treino e preparação para termos uma graaaaaande caixa, acreditem que quando se tem gémeos na fase dos 2 anos (os famosos 'terrible two') aquilo esgota-se num instante.

 

Acontece que quando somos mães parece que a tal caixa se torna quase ilimitada. Não é que por vezes não acabe por perder a paciência mas isso ocorre bem mais ocasionalmente do que eu pensava alguma vez ser possível. Acho que nestes quase 3 anos de convívio com os mabecos deve ter acontecido umas 5 ou 6 vezes. E como se consegue isto? Não sei... Mas dou por mim às vezes, no meio do caos, com os gémeos a gritarem um com o outro e a morderem-se, a sussurrar: 'Pronto, pronto! Vamos lá falar um pouco.' E juro que nao me reconheço. Onde está a Miss Impulsiva? Onde está aquela pessoa que nunca teve paciência para estar horas a fio na mesma actividade, quando acabo por ficar uma eternidade a brincar com legos ou a ser vítima dos penteados deles?


O co-irresponsável tem momentos. Tem momentos em que consegue e acaba por me salvar, e outros em que parece ficar vermelho como os desenhos animados. E eu nem me posso queixar porque ele avisa: 'Tenho que sair', e vai quanto mais não seja para o wc. É uma sublimação engraçada esta, em que a cumplicidade que desenvolvemos ao longo destes 18 anos (daasssssss) acaba por se reflectir nas palavras que não necessitam ser proferidas. Sei, quando ele diz isto, que está no limite, e que precisa de respirar.


As quantidades monumentais de fraldas que se gastam cá por casa também lhe dão uma desculpa muito válida para ir à rua. E eu percebo-o. Filho único, sempre brincou sozinho a fazer diálogos de um tropinha para outro (claro que já desconfiei disso, mas ainda não tenho provas que seja esquizofrénico), que sempre foi mimado pela titi, pela mamã, pela vovó... e agora vê-se com dois mabecos que até lhe roubam os 'brinquedos' dele, que sujam, dessarrumam, gritam e barafustam, e quebram aquele silêncio que ele tanto valoriza. Muito equilibrado anda ele... lol

 

E eu? Eu tenho uma mana mais velha. Ela torturava-me com as brincadeiras das mercearias em que ela era sempre a dona 'Ou não brinco contigo'. Nunca soube o que era estar sozinha até ir para a faculdade. E bem que gostei desse tempo, e bem que por vezes sinto também necessidade de fugir, e saudades do silêncio, mas quando eles estão presentes juro que já tentei, mas não consigo. Porque por muito que o papá tente reconfortar... faz-me lembrar aquela série infantil 'Os Dinossauros' (sim... fazendo a analogia e a piadinha barata eu sou desse tempo dos dinossauros) em que quando o pai se tentava aproximar do bebé levava sempre com uma frigideira na cabeça e a explicação 'Tu não és a mamã!'.


Claro que não é uma questão de falta de confiança, e já os tenho deixado sozinhos com o pai. Também com a minha sogra chegam a passar fins de semana e uns dias de férias. Mas durante todo esse tempo o espírito não descansa. Se eu não estou por perto e me ligam imagino logo o cenário mais tenebroso e que irei ser apedrejada por não ter estado presente. Mas a verdade é que eles também gostam de estar sem a mamã, e eu terei de encarar isso com naturalidade. Por vezes nem querem falar comigo ao telefone, estes sacanas!!

 

Não... no meio de tudo isto percebo que, para mim, o pior não é ter a dose diária de paciência suficiente para as 24h, mesmo porque eu tenho uma técnica bem desenvolvida no sentido de os fazer dormir pelo menos metade desse tempo, o que facilita muito no doseamento. O problema maior é a 'dose diária de energia', que no meu caso confesso que anda sempre no limite. E mesmo assim, quando achamos que vai acabar, e que temporáriamente culmina com um cair para o sofá a babar-me cerca das 21h30, renasce a qualquer choro ou mesmo sussurro vindo do quarto dos mabecos. Como é que isto é possível?


E já agora... alguém me explica como é que se consegue desviar este automatismo para as tarefas domésticas? Estilo... cerca das 3h00 da matina acordar electrizado para ir passar a ferro ou limpar o chão? Isso dava cá um jeito!!

Pooode?

por twin_mummy, em 11.08.13

O meu filho é um 'arrebanhador de primeira'.

 

E com isto quero dizer que para ele não basta um livro, mas tem de ter sempre 'Muitos', como ele diz. E não anda com uma chucha mas duas, e come às 2 bolachas de cada vez.

 

Claro que na hora do banho não é excepção e acaba por querer levar este Mundo e o outro para dentro da banheira. Ora como ainda partilham a banheira mas já estão tamanho extra-large, tivemos que restringir a quantidade de brinquedos que cada um pode levar. Para além disso a dada altura levaram um livro de esponja que se estragou e acabaram por perceber que nem tudo dá para levar, pelo que em caso de dúvida perguntam se o brinquedo A ou B pode ir para o banho.

 

Acontece que por muito que se tente refrear o puto ele vai sempre tentando. A conversa aqui há dias foi assim:

-Mãããããããeeeeee!! A mota pode?

-Não, querido. A mota não pode.

-Mããããããeeeee!! O copo pode?

-Sim, o copo pode.

-E isto?

-Sim, a colher também pode.

-E o pato?

-O pato também pode.

-E o polvo?

-Sim, pode.

-E aqui?

-Não, o pano não pode.

-E  isto?

-Sim, a caixa pode.

-E eu???

 

E de repente apercebi-me que o puto tinha razão... com tanta coisa será que haveria espaço para ele?

PERSPICÁCIA

por twin_mummy, em 30.06.13

Viagem de carro sozinha com os mabecos, em plena via rápida. Diz a Patapon:

-Quero bolo, mamã!

-Sim, a mamã amanhã faz bolo. Queres de quê?

-Quero booooooolo, mamã!

-Já percebi, querida e amanhã faço. Prometo que sim. Mas podem escolher de que querem o bolo. Querem de cenoura? De chocolate?- pergunto eu a tentar ganhar tempo e controlar a situação.

-De chocolate, responde a Patapon.

-'culate', concorda o pandinha.

Passados 5min a pespineta volta à carga...

-Quero bolo!

-Querida, a mamã vai a conduzir e está sozinha com vocês. Já falámos sobre isso, certo? Tenho que ir com atenção. E já disse que faço o bolo amanhã.  Leva ovos, farinha, chocolate, marga...

-NÃÃÃÃOOOOOO! -Grita a Patapon. - Leva leite!

-Sim, posso fazer com leite também. leite, ovos, cho...

-Leite e chocolate!!!!

-Ok, leite e chocolate, mas parece-me que só assim fica um bolo muito liquido...

-Também qué leitinho!- concorda o assistente de bordo.

(calam-se por mais 5 min)

-Mamã!!! E o bolo? Pode comer?

-Sim, querida!! Amanhã a mãe faz. Recorda lá a mamã que anda esquecida...queres bolo de quê?

-Bolo de caixa!

-De caixa?? Que bolo é esse???

-É dessa caixa de bolos que está aí ao pé da mamã...

{#emotions_dlg.barf}

E nessa altura é que me apercebi que trazia junto ao banco do pendura a caixa com o resto dos bolos do lanche e que a perspineta já tinha topado a kms.

 

A brincadeira custou-me 4 biscoitos e 2 paragens na via rápida, ora para entrega de bolos, ora para limpar o ranho que escorria plo nariz do Pandinha abaixo e que já se misturava com o saborzinho da canela. Não é que ele estivesse muito preocupado, mas confesso que a mim me dava a volta às entranhas...

As imagens utilizadas neste blog são na sua maioria de autoria própria ou de amigos e familiares, com o devido consentimento. A autoria daquelas que são retiradas da internet será indicada sempre que seja possível fazê-lo de forma inequívoca, mas mesmo assim poderão ser removidas caso o autor o entenda, bastando para tal contactar-me para o e-mail aqui indicado.


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