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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
O meu Pandinha anda naquela fase das graçolas. Acha que tem piada! E o pior disto tudo é que tem mesmo piada e começa a ficar para nós complicado não sorrirmos.
Na outra noite, assim que os deitei, apaguei a luz e virei costas, ambos decidiram que ainda queriam ir fazer chichi à sanita. Que bom! -pensam vocês.
Certo! É bom que queiram fazer chichi na sanita e sim, com o tempo quentinho (e por isso menos roupa vestida e mais probabilidade de a secar rapidamente) voltámos à tentativa de desfralde, e nesse sentido é sinal que as coisas estão a correr bem... Mas treinar o desfralde com gémeos não é tão simples e linear...
Como a Patapon assim que se senta na sanita lembra-se que já agora também aproveita para fazer cocó, acabo por deixar ir sempre primeiro o Pandinha. A questão é que depois dele se despachar (em menos de 1 minuto! -já agora tenho de reconhecer-lhe o crédito das mijadelas à Speedy Gonzalez) fica ali a meter-se com a irmã, e ela a cantar para ele.
Parece uma qualquer cena de uma comédia de baixo orçamento, e eu mortinha de sono à espera que eles se despachem, para depois ainda ir tratar do jantar dos 'crescidos', comer o dito e adormecer a babar-me no sofá cerca das 22h00, com o co-irresponsável a cutucar-me para eu me ir deitar na cama (ora se eu conseguisse andar não estava ali a babar-me, certo?).
Pois aqui há dias (ou noites) estava eu mesmo KO e a rezar para que os miúdos se despachassem na casa de banho, quando já em desespero me viro para a Patapon e pergunto:
-Já está, querida?
E nisto reparo no sorrisinho parvo do irmão -que nessa altura deixou a tarefa de investigar o rolo do papel higiénico de parte- enquanto ela responde:
-Ainda não, mamã!
Pois o graçolas pega então no Boo dela -que estava em cima do lavatório à espera- e estende-o direito à mana enquanto diz em tom meloso:
-Toma o teu Boozinho, querida!
-Ahhhhh! Obrigadaaaaa! -responde ela.
-De nada, minha querida! E agora já está, querida? -torna o Pandinha.
Perante os risos completamente cúmplices de ambos, tive a certeza que qualquer coisa ali havia, e meio hesitante virei-me para o puto e perguntei:
-Estás a imitar-me?
-Sim, querida!
Há quem tenha queda para a música, quem tenha para o teatro ou mesmo para a escrita. Há quem declame poemas a fio de memória, e quem saiba dar toques na bola e fintar como ninguém. E há a minha filha... que tem queda para pisar cocó de cão!
Pois hoje, para não variar, num passeio pelo parque com os avós paternos, calhou de acertar em cheio com um dos ténis novos (que embora tenham sido estreados na semana passada quase parecem ter feito já todo o inverno, ter sido atirados para o lixo, e depois resgatados numa qualquer reciclagem) num enorme poio. Não que eu o tivesse visto, pois por essa altura estava eu ainda no trabalho, mas dei por ele quando apertava os elaborados cintos da Graco, para iniciarmos a viagem de carro de regresso a casa.
Pais que são pais têm sempre toalhetes à mão, e pais de gémeos por norma têm um pack inteiro deles (e quando digo pack é sempre acima de 200 unidades dos ditos), e por isso respirei de alívio e fui buscar os toalhetes ao porta bagagens. Mas nem mesmo se tivesse gasto um pack deles conseguiria tirar o dito cocó, de tão agarrado e seco que estava (nota mental... não é boa ideia comprar ténis com solas de elaborados relevos). A solução passou mesmo por lhe tirar o ténis para, pelo menos, não sujar as costas do meu banco, como tinha acontecido no incidente anterior e que envolveu uma igual (senão maior) quantidade de caca.
Mas claro que isso não nos impediu -pelo contrário- que pudessemos gozar com a situação e com a pontaria da miúda. Mas bastou percorrer alguns metros, com a conversa de crescidos e Pandinha a roçar o limite da estupidez -sim, a malta reconhece!- para a resposta-pronta da Pespineta se fazer ouvir. Do alto do seu metrinho de altura, com voz segura e bem colocada, como se falasse para uma plateia sai-se com esta:
-Sabes... eu acho que é um disparate os cães fazerem cocó na rua. Os donos deviam ensiná-los a ir à sanita para eu não pisar mais cocó!
Pois... eu também acho! E subscrevo!
Não, não sou apologista de tirar as fraldinhas num dia e dizer 'Agora desenrasca-te', e por isso, mas também porque nasceram prematuros, tenho dado algum desconto aos mabecos e procurado respeitar o seu ritmo. Acontece que agora com a conversa do 'És crescido porque já fizeste 3 anos.', que eu ando a tentar vender como a desculpa para se portarem bem (o Pai Natal já lá vai), calhou da Patapon pedir ontem para tirar a fralda e usar cuecas. Nada que não andássemos a fazer no verão passado, quer em casa quer na escola mas entretanto, porque nestas coisas o calor é sempre melhor aliado, aderimos à pausa de inverno proposta pela escola. Só que a um pedido tão directo é claro que eu não poderia dizer que não.
E foi assim que, depois de uma temporada festiva em casa dos avós, com sacos ainda para arrumar, roupa para lavar, fazer o milagre de secar debaixo desta chuva e depois passar, com milhentos brinquedos para reorganizar (tirar os do ano passado e colocar alguns dos que lhes deram este ano), e depois de uma festa de aniversário (a terceira da semana e prometo voltar a este assunto em breve) inteiramente organizada por mim no que isso tem de bom e mau, dei por mim ontem a arranjar mais lenha para me queimar.
Porque não sou muito fã dos bacios (a parte do limpar depois da criancinha fazer lá aterrar o poio não é de todo agradável), coloquei o redutor na sanita e alertei os mabecos de que deveriam lá ir com regularidade. Em menos de 10 minutos a Patapon pediu 2 vezes para fazer xixi, e eu achei que a coisa até poderia correr bem. Até que oiço o co-irresponsável:
-Cheira-me a cocó... quem está a fazer cocó?
-Eu não tenho! -responde o Pandinha com ar de quem não tem mesmo nada a ver com o assunto.
E nisto, eu a achar que ela também ia dizer que não, e que depois teriamos que brincar ao 'deixa cheirar a fralda', exclama a mabeca com ar orgulhoso:
-Sou eu, mamã! Sou eu que estou a fazer cocó!!
E com um misto de estupefação e desespero lá lhe digo:
-Querida... mas estás feliz porquê?
-Porque estou a fazer nas cuecas!! -responde ela de sorriso cada vez mais rasgado.
-Mas não é suposto fazeres nas cuecas...tinhas que pedir. Não era o que estava combinado?
-Ohhh... não era? Que chatice!!
Pois eu não diria melhor. Foi uma chatice limpar aquilo das cuecas, e limpar o rabo da miúda (alguém tem uma técnica boa para elevar os putos no ar enquanto se lhes limpa o rabo??), para 10 minutos depois ouvir o Pandinha exclamar:
-Olha aqui! Olha aqui!
...enquanto apontava para uma poça de xixi acabadinho de fazer no chão da sala.
NOTA MENTAL 1: voltar a treinar o desfralde em Abril.
NOTA MENTAL 2: respirar fundo pois está melhor que há uns meses atrás (ver posts 'O poio' e 'O pilas')
Eu sei que coração de mãe é assim. Para mim mesmo com 20 anos eles serão sempre os meus 'bebés'. E por entre as mudas de fraldas e os biberons de leite que ainda os consigo convencer a beber, o certo é que cada vez mais se afastam daquelas meias-lecas que me puseram no colo há cerca de 2 anos e meio atrás.
Se a Patapon sempre foi muito senhora e pespineta, confesso que ainda vejo o Pandinha como mais um gajo que, tão e somente por essa condição, irá certamente amadurecer só lá para os 40 anos. Mas a realidade pega-nos de surpresa... e por vezes tenho mesmo de encarar que ele está a crescer. Como... hoje de manhã.
Pois... hoje de madrugada, e quem sabe para não se ficar atrás da mana, saí de rompante da cama porque o Pandinha semi-acordou a pedir água. Assim que cheguei ao quarto de copinho do cão em riste (é um da IKEA que tem tampa em forma de cão, o que dá imenso jeito para que, no meio dos tombos do sono, o dito liquido não verta), nua e descalça, e me aproximo do berço sinto os pés molhados. De imediato pensei: ''Porra! Andas tão a dormir que não fechaste bem a tampa.'' mas de repente, quando ele estava já a sorver o conteúdo do copinho num trago, reparo que ele também estava nú. Não é que tenha tirado o pijama pois com este calor têm mesmo dormido só de fralda, mas o problema era ter mesmo tirado a dita cuja.
E de repente, com os pés de molho, faz-se luz. E pergunto... ''Fizeste chichi para fora da cama??!!!''
Conselho?? Nunca fazer perguntas para as quais seja melhor não sabermos a resposta.
Mas felizmente ao contrário da mana, que queria ir para a escola contar (no maior dos orgulhos) que tinha conseguido fazer cocó no tapete, o puto lá percebeu que não era coisa para bradar aos céus e ficou de ar envergolhado a olhar para a mãe a limpar o chão. Depois virou-se para o lado e voltou ao seu soninho. Afinal, nada de mais... Só deu uso à 'PILAAAAAA' como ele costuma dizer, certo? E no fundo... não sujou a cama ;)
Nos meus tempos de monitora cantava-se nos autocarros a caminho da praia a seguinte canção (cuja coreografia não consigo aqui exemplificar mas que é igualmente bela...lol):
Era uma vaca leiteira,
não era uma vaca qualquer.
Dava leite e manteiguinha,
mas que vaca tão fofinha
DALÃO DALÃO.... DALÃO DALÃO
Um chocalho se comprou,
e a vaquinha até gostou.
Dava passeios pelo prado,
matava moscas com o rabo
DALÃO DALÃO... DALÃO DALÃO
Um passarinho voou,
e na vaquinha pousou,
A vaquinha sacudiu,
passarinho não saiu
DALÃO DALÃO... DALÃO DALÃO!
Como poderão perceber é uma música muito apreciada em faixas etárias mais baixas, mas os cromos de 10-12 anos não achavam tanta piada, e por isso cantavam de socapa (lá nos banquinhos do fundo) uma versão alternativa que terminava assim:
...um passarinho voou,
e um GRANDE POIO MANDOU
a vaquinha sacudiu,
MAS O POIO NÃO CAIU
DALÃO DALÃO... DALÃO DALÃO!
E porque raio me fui eu lembrar disto agora?? Ora...por causa da noite de ontem, claro!
Estavamos em familia reunidos nos salões a fazer os chatos dos puzzles (sim...já estou farta daquilo...lol) quando os putos se começam a queixar de calor. Vai daí autorizei a que tirassem a t-shirt e ficassem apenas de fralda. Mas o Pandinha, encalorado como é, queria tirar a fralda. Inicialmente disse um rotundo não, mas depois pensei... eles estão a fazer o desfralde na escola, a educadora diz que estão a portar-se muito bem, e caramba.... mais tarde ou mais cedo terei que experimentar, e hoje está taaaaanto calor e...
-OK, podem tirar a fralda MAAAASSSS têm que pedir quando quiserem fazer chichi, ok??
-Eu quero fazer chichi!- diz a pespineta!
-Bacioooooooooo!- vai logo o Pandinha a correr buscá-lo.
E foi assim que começou a minha agonia. Faziam umas pinguitas e queriam ir depejar e lavar. Também queriam toalhetes para limpar, e depois ir deitá-los ao lixo. Ao fim de 5min queriam fazer novamente e eu pensei que iria ficar naquilo a noite toda, mas não... volvidos talvez uns 20min (em que também deu para o Panda brincar com a pilinha) voltaram aos puzzles. Entretanto o papá (que está tão ''Helgast'' quanto eu) aproveitou para ir descansar um pouco e eu fiquei sozinha com eles.
Tudo a correr bem e de repente a Pespineta vai buscar um boneco e estanca em cima do tapete de actividades (felizmente não é de pêlo mas sim daqueles de borracha q encaixam).
-Queres fazer cocó, querida?
-Não, mamã!
-Então porque estás aí parada?
-Olha, mamã! O que é? (e aponta para a rua onde passava uma ambulância)
-É uma ambulância, para levar para o hospital quem está doente. Apita para os carros a deixarem passar. Mas... tens a certeza que é só por isso que estás parada? Parece-me que estás a fazer força...
(silêncio)
-Querida... não achas melhor a mamã ir buscar o bacio??
(silêncio)
..e eu decido ir buscar o bacio. Dou 4 passos e oiço num tom entusiasmado:
-Mamã!!! Mamã!! Olha um cocó!
E eu olhei e vi um POOOOOOOIIIIOOOOO de todo o tamanho no tapete de actividades.
Riam-se, riam-se!! Não perdem pela espera!!