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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
A noite passada as coisas correram mal. O Pandinha desde há muito que percorre a cama toda a dormir e muitas vezes cai para cima da mana já que eles têm uma daquelas camas com gavetão e ela dorme em baixo. Desta vez foi pior porque... fez chichi. Foi a cama dele, a dela e... o Booo.
Para quem não é leitor assíduo do blog e perdeu alguns dos posts mais antigos ou quem simplesmente caiu aqui por acaso enquanto procurava saber um pouco mais sobre sotãos ou carros, fica a explicação. O Booo é como que o nosso filho mais velho já que como toda a gente à nossa volta andava a procriar comprámos uma meia dúzia desses ursinhos na IKEA para dar de prenda de nascimento aos fedelhos rabugentos muito antes de pensarmos que um dia seriamos pais de 2 fedelhos rabugentos. Sobraram 3. Um ficou para o Pandinha, outro para a Patapon, outro demos recentemente a um priminho do coração. Pois... a Patapon arrebanhou o dela e o do mano e anda com eles por todo o lado ao ponto de ficarem encardidos, mas não tão sujos como depois de levar uma mijadela em esguicho, claro!
Versão mais curta... o Booo é o sacana da imagem do lado.
Agora imaginem o cenário... a cama dele mijada, a dela, o Boo. Depois ela também faz chichi e como é gaja e esperta não está com meias medidas e tira as cuecas molhadas e os calções do pijama e vai-se embrulhar à única ponta do edredon que não estava mijada, que acabou por o ficar, mais o pano que tinha insistido em por a tapar o Boo. Perdoem-me a expressão mas em português não soa da mesma forma. Pissing all over!! E foi assim a minha noite.
De manhã, e 3 máquinas de roupa depois, a explicação:
-Filha... tu e o mano esta noite fizeram chichi e... bem... o Booo ficou molhado.
(sessão de choro exacerbado)
-Pronto, querida... não precisas ficar assim. A mamã já o lavou e agora fica a secar. Quando voltares da escola já está lavadinho. E tens o das bochechas gordas (é o que era do mano)... Este estava todo molhado no rabinho.
E nisto interrompe o Pandinha:
-O Booo estava molhado no rabo?
-Sim, estava.
-Ah! Então deve ter sido ele que fez chichi...
Aqui há dias quando os fui buscar à escola a Patapon lamentava-se pelo facto de, ao estar sentada na sanita a fazer chichi, ter saltado um pouco do dito para as cuecas e calções, o que fez com que tivesse de trocar de roupa. Expliquei que não fazia mal, que são acidentes que acontecem, e que para evitar situações futuras bastaria puxar a roupa mais para baixo.
À chegada a casa voltou a tocar no tema. Fiquei com aquela sensação que ela se tinha desiludido a ela mesma por ter feito chichi nas cuecas quando na realidade não terá sido propriamente um descuido mas um acidente. E voltei a dizer que não seria culpa dela.
-Mas é que tive de trocar de roupa e eu gostava dos outros calções.
-Pois... percebo, querida. Mas deixa estar que a mamã vai lavá-los já e se quiseres podes voltar a vesti-los amanhã.
E nisto a miúda, que começava a descentrar-se um pouco do lado negativo da coisa exclama entusiasmada:
-Mas as cuecas que me vestiram são giras. São aquelas do castelo e que têm brilhantes!
Nisto o Pandinha, que parecia brincar distraidamente enquanto as gajas falavam de... coisas de gajas... sai-se com esta:
-Mostra-mas!
-O quê? - pergunta a princesa.
-Mostra-me as cuecas!
E nisto algo em mim percebeu que um dia, em vez do pedido ser dirigido à irmã, poderia ser dirigido a uma qualquer flausina com outra qualquer intenção que não saciar a curiosidade em relação a um qualquer desenho. E assustei-me. Não, não vou deixar! Não... ele será SEMPRE o meu bebé! Certo? E então percebi uma outra coisa... um dia o pedido pode partir de um qualquer ranhoso.
E foi nesta altura que me dirigi à cozinha para me servir de uma tacinha de vinho tinto e engendrar o plano de acção para os próximos 30 anos... alguém conhece uma torre alta?
Imagem: uma bela sugestão de mobiliário infantil no site
http://www.decorativehomeinterior.com/
Ida ao pediatra e uma das sugestões (que eu já esperava) era que o Pandinha bebesse menos leite à noite (bebe entre 500-700 ml o que que é um abuso) para deixar de usar a fralda também de noite.
Sugestão? Pôr papa! Resultado?
-Mamã!! Este leite hoje está tão bom. Tem mais alguma coisa?
-Não. (sim, eu sei mentir)
-Mas está mesmo bom... quero mais!!!
Confesso que desconhecia de todo o local e o conceito antes de ser mãe. Mesmo em frente ao antigo Olivais Shopping -actual Spacio Shopping o que é muito mais esclarecedor que ter a localização no nome, mas adiante...- existe uma Quinta Pedagógica, igual a tantas outras, ou não seria pelo facto de ter lá uma Árvore das Chuchas.
Explicando melhor, é uma árvore perfeitamente banal, com tronco e ramos e miraculosamente folhas, pois que com tanta chucha que lá têm pendurado ao longo dos anos já mal se nota que é uma árvore.
Da primeira vez que visitei o espaço, e alheia a tal conceito, confesso que até achei aquilo um pouco 'creepy' (que é quase como quem diz arrepiante, mas não é bem a mesma coisa e por isso perdoem-me o estrangeirismo). Pior mesmo só o Chucky (para quem não viu o filme acho que não perderam nada a não ser pesadelos)!
Mas depois de passarmos pelas tentativas de desfralde e 'deschuche' (belo neologismo este!), já começamos a achar qualquer técnica interessante. E por isso no Domingo passado lá fomos nós à Quinta Pedagógica dos Olivais com o intuito de pendurarmos as chuchas nas árvores.
Confesso que hesitei muito. Afinal eles 'ainda' só têm 3 anos, afinal estamos também a tentar o desfralde e isso parece-me até mais prioritário que as chuchas, afinal a chucha facilita muito quando temos que os acalmar.
E acreditem que quando se tem 2 putos gémeos e apenas 2 braços por vezes ajuda por a chucha num enquanto se embala o outro, mesmo que esse outro tenha sido o causador daquela confusão toda!
Só que crescer também é isso, certo? Deixar os objectos de transição da infância e 'transitar'. Mais tarde ou mais cedo teria de ser, e já andávamos a falar nisso há tempo. Disse sempre que eles só iam lá por quando quisessem e se quisessem. Que no fundo era por já estarem tão crescidos e quase a deixar a fralda que não fazia sentido estarem sem fralda e com chucha, e olhem... para eles fez sentido. Na véspera, enquanto preparava umas fitas para pendurar as ditas confesso que ainda hesitei. Seria cedo demais? E como os iria depois acalmar? Mas voltei a questionar e eles foram muito convincentes na resposta.
Chegados à Quinta Pedagógica foram direitinhos à Árvore e pediram se podiam ser eles a pendurar. Claro que sim! Claro que a intenção era essa. E por isso lá os erguemos na direcção de um tímido sol, por entre ramos apinhados de chuchas (muitas delas em plena decomposição). Braços em riste, um sorriso nos lábios, e foi assim que eles disseram adeus às chuchas.
Enchi-me de orgulho naqueles pequenos bebés-crianças. E prometi que os iria recompensar com um miminho. A Patapon fez-me prometer que lá iriamos vê-las de vez em quando e não saiu sem, depois da voltinha da praxe para dar cenouras e pão aos animais, fazer mais um adeus à chuchinha.
Curiosamente o Pandinha, que era o que me parecia mais agarrado à chucha, encaixou por completo a ideia de que é crescido, e foi a Patapon que teve dificuldade em adormecer nessa tarde. Perante a choraminguice da noite já eu me questionava 'O que foste fazer minha parva?', mas o miminho também era apreciado (eles acabaram por escolher uns Estrunfes que andavam a namorar há muito) e foi a ele que recorri para justificar que uma devolução da chucha implicaria uma devolução do miminho.
Quem me valeu foi o Pandinha, que criticou a mana por estar a choramingar. Disse que já eram crescidos e que não precisavam. E depois de inicialmente dizer que não, lá acedeu a que a mana fosse para a caminha dele. Dormiram juntos nessa noite, como nos primeiros meses de vida. E na noite seguinte já a situação acalmou.
Desde quarta feira que ela não pede a chucha, mas eu sei que na terça ainda levou o estrunfe à boca para chuchar... minha pequena grande malandra!
O meu Pandinha anda naquela fase das graçolas. Acha que tem piada! E o pior disto tudo é que tem mesmo piada e começa a ficar para nós complicado não sorrirmos.
Na outra noite, assim que os deitei, apaguei a luz e virei costas, ambos decidiram que ainda queriam ir fazer chichi à sanita. Que bom! -pensam vocês.
Certo! É bom que queiram fazer chichi na sanita e sim, com o tempo quentinho (e por isso menos roupa vestida e mais probabilidade de a secar rapidamente) voltámos à tentativa de desfralde, e nesse sentido é sinal que as coisas estão a correr bem... Mas treinar o desfralde com gémeos não é tão simples e linear...
Como a Patapon assim que se senta na sanita lembra-se que já agora também aproveita para fazer cocó, acabo por deixar ir sempre primeiro o Pandinha. A questão é que depois dele se despachar (em menos de 1 minuto! -já agora tenho de reconhecer-lhe o crédito das mijadelas à Speedy Gonzalez) fica ali a meter-se com a irmã, e ela a cantar para ele.
Parece uma qualquer cena de uma comédia de baixo orçamento, e eu mortinha de sono à espera que eles se despachem, para depois ainda ir tratar do jantar dos 'crescidos', comer o dito e adormecer a babar-me no sofá cerca das 22h00, com o co-irresponsável a cutucar-me para eu me ir deitar na cama (ora se eu conseguisse andar não estava ali a babar-me, certo?).
Pois aqui há dias (ou noites) estava eu mesmo KO e a rezar para que os miúdos se despachassem na casa de banho, quando já em desespero me viro para a Patapon e pergunto:
-Já está, querida?
E nisto reparo no sorrisinho parvo do irmão -que nessa altura deixou a tarefa de investigar o rolo do papel higiénico de parte- enquanto ela responde:
-Ainda não, mamã!
Pois o graçolas pega então no Boo dela -que estava em cima do lavatório à espera- e estende-o direito à mana enquanto diz em tom meloso:
-Toma o teu Boozinho, querida!
-Ahhhhh! Obrigadaaaaa! -responde ela.
-De nada, minha querida! E agora já está, querida? -torna o Pandinha.
Perante os risos completamente cúmplices de ambos, tive a certeza que qualquer coisa ali havia, e meio hesitante virei-me para o puto e perguntei:
-Estás a imitar-me?
-Sim, querida!
Fim de semana de Páscoa e eu a trabalhar. Como ninguém devia ficar de castigo por minha causa achei por bem que eles fossem com a avó Gija até paragens mais solarengas e lá fiquei eu de coração despedaçado.
Como as saudades apertavam, aproveitei para ir jantar com eles no sábado à noite e logo me apressei a perguntar o que tinham feito. E fo a desfazer-se em riso que a avó me contou que na véspera tinha andado a treinar o desfralde.
Como a Patapon se estava a aguentar bem e ia fazer xixi à sanita ela tentou convencer o Pandinha, mas este insistia que queria o bacio. Até que a avó decidiu usar aquela estratégia pedagógica que é comprar os putos e ofereceu-lhe uma moeda para ele ir à sanita.
-Quero o bacioooo! -insistia ele.
-...e se forem duas moedas?- perguntava a avó.
-Dá-me três que eu vou! -exigia ele.
E a avó lá concordou e ele lá foi.
Mas conforme a avó me contava o sucedido o mabeco, que até esta altura estava a escutar em silêncio, diz com voz grossa e decidida:
-Pois foi! E tu ainda não me deste!
E assim se consegue por uma avó a correr para o porta-moedas...
Bacio:IKEA
Não, não sou apologista de tirar as fraldinhas num dia e dizer 'Agora desenrasca-te', e por isso, mas também porque nasceram prematuros, tenho dado algum desconto aos mabecos e procurado respeitar o seu ritmo. Acontece que agora com a conversa do 'És crescido porque já fizeste 3 anos.', que eu ando a tentar vender como a desculpa para se portarem bem (o Pai Natal já lá vai), calhou da Patapon pedir ontem para tirar a fralda e usar cuecas. Nada que não andássemos a fazer no verão passado, quer em casa quer na escola mas entretanto, porque nestas coisas o calor é sempre melhor aliado, aderimos à pausa de inverno proposta pela escola. Só que a um pedido tão directo é claro que eu não poderia dizer que não.
E foi assim que, depois de uma temporada festiva em casa dos avós, com sacos ainda para arrumar, roupa para lavar, fazer o milagre de secar debaixo desta chuva e depois passar, com milhentos brinquedos para reorganizar (tirar os do ano passado e colocar alguns dos que lhes deram este ano), e depois de uma festa de aniversário (a terceira da semana e prometo voltar a este assunto em breve) inteiramente organizada por mim no que isso tem de bom e mau, dei por mim ontem a arranjar mais lenha para me queimar.
Porque não sou muito fã dos bacios (a parte do limpar depois da criancinha fazer lá aterrar o poio não é de todo agradável), coloquei o redutor na sanita e alertei os mabecos de que deveriam lá ir com regularidade. Em menos de 10 minutos a Patapon pediu 2 vezes para fazer xixi, e eu achei que a coisa até poderia correr bem. Até que oiço o co-irresponsável:
-Cheira-me a cocó... quem está a fazer cocó?
-Eu não tenho! -responde o Pandinha com ar de quem não tem mesmo nada a ver com o assunto.
E nisto, eu a achar que ela também ia dizer que não, e que depois teriamos que brincar ao 'deixa cheirar a fralda', exclama a mabeca com ar orgulhoso:
-Sou eu, mamã! Sou eu que estou a fazer cocó!!
E com um misto de estupefação e desespero lá lhe digo:
-Querida... mas estás feliz porquê?
-Porque estou a fazer nas cuecas!! -responde ela de sorriso cada vez mais rasgado.
-Mas não é suposto fazeres nas cuecas...tinhas que pedir. Não era o que estava combinado?
-Ohhh... não era? Que chatice!!
Pois eu não diria melhor. Foi uma chatice limpar aquilo das cuecas, e limpar o rabo da miúda (alguém tem uma técnica boa para elevar os putos no ar enquanto se lhes limpa o rabo??), para 10 minutos depois ouvir o Pandinha exclamar:
-Olha aqui! Olha aqui!
...enquanto apontava para uma poça de xixi acabadinho de fazer no chão da sala.
NOTA MENTAL 1: voltar a treinar o desfralde em Abril.
NOTA MENTAL 2: respirar fundo pois está melhor que há uns meses atrás (ver posts 'O poio' e 'O pilas')
Nos meus tempos de monitora cantava-se nos autocarros a caminho da praia a seguinte canção (cuja coreografia não consigo aqui exemplificar mas que é igualmente bela...lol):
Era uma vaca leiteira,
não era uma vaca qualquer.
Dava leite e manteiguinha,
mas que vaca tão fofinha
DALÃO DALÃO.... DALÃO DALÃO
Um chocalho se comprou,
e a vaquinha até gostou.
Dava passeios pelo prado,
matava moscas com o rabo
DALÃO DALÃO... DALÃO DALÃO
Um passarinho voou,
e na vaquinha pousou,
A vaquinha sacudiu,
passarinho não saiu
DALÃO DALÃO... DALÃO DALÃO!
Como poderão perceber é uma música muito apreciada em faixas etárias mais baixas, mas os cromos de 10-12 anos não achavam tanta piada, e por isso cantavam de socapa (lá nos banquinhos do fundo) uma versão alternativa que terminava assim:
...um passarinho voou,
e um GRANDE POIO MANDOU
a vaquinha sacudiu,
MAS O POIO NÃO CAIU
DALÃO DALÃO... DALÃO DALÃO!
E porque raio me fui eu lembrar disto agora?? Ora...por causa da noite de ontem, claro!
Estavamos em familia reunidos nos salões a fazer os chatos dos puzzles (sim...já estou farta daquilo...lol) quando os putos se começam a queixar de calor. Vai daí autorizei a que tirassem a t-shirt e ficassem apenas de fralda. Mas o Pandinha, encalorado como é, queria tirar a fralda. Inicialmente disse um rotundo não, mas depois pensei... eles estão a fazer o desfralde na escola, a educadora diz que estão a portar-se muito bem, e caramba.... mais tarde ou mais cedo terei que experimentar, e hoje está taaaaanto calor e...
-OK, podem tirar a fralda MAAAASSSS têm que pedir quando quiserem fazer chichi, ok??
-Eu quero fazer chichi!- diz a pespineta!
-Bacioooooooooo!- vai logo o Pandinha a correr buscá-lo.
E foi assim que começou a minha agonia. Faziam umas pinguitas e queriam ir depejar e lavar. Também queriam toalhetes para limpar, e depois ir deitá-los ao lixo. Ao fim de 5min queriam fazer novamente e eu pensei que iria ficar naquilo a noite toda, mas não... volvidos talvez uns 20min (em que também deu para o Panda brincar com a pilinha) voltaram aos puzzles. Entretanto o papá (que está tão ''Helgast'' quanto eu) aproveitou para ir descansar um pouco e eu fiquei sozinha com eles.
Tudo a correr bem e de repente a Pespineta vai buscar um boneco e estanca em cima do tapete de actividades (felizmente não é de pêlo mas sim daqueles de borracha q encaixam).
-Queres fazer cocó, querida?
-Não, mamã!
-Então porque estás aí parada?
-Olha, mamã! O que é? (e aponta para a rua onde passava uma ambulância)
-É uma ambulância, para levar para o hospital quem está doente. Apita para os carros a deixarem passar. Mas... tens a certeza que é só por isso que estás parada? Parece-me que estás a fazer força...
(silêncio)
-Querida... não achas melhor a mamã ir buscar o bacio??
(silêncio)
..e eu decido ir buscar o bacio. Dou 4 passos e oiço num tom entusiasmado:
-Mamã!!! Mamã!! Olha um cocó!
E eu olhei e vi um POOOOOOOIIIIOOOOO de todo o tamanho no tapete de actividades.
Riam-se, riam-se!! Não perdem pela espera!!