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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
No meu tempo havia o Dia do Pai e o Dia da Mãe.
Hoje em dia leva-se na mesma com os colares de massa e porta moedas de caixas de ovos recicladas na data tradicional, mas depois somos obrigados a 'voltar à escola' no dia da família.
Podem-se até chocar com a minha frontalidade, mas quando se tem gémeos de 7 anos, constantemente a implicar um com o outro e já a ensaiar respostas de pré-adolescente vive-se a sonhar com o presente ideal de dia da mãe, que seria um fim de semana nas Caraíbas (sim, sozinha), ou no mínimo uma noite num Hotel com Spa e mini-bar abastecido. Com os pés na realidade, contento-me com ir almoçar ou jantar fora. Com um pouco de sorte não estou a trabalhar nesse dia - o que não foi o caso já que nestes últimos meses calhou-me na rifa trabalhar em vésperas de Natal, na Páscoa e no Dia da Mãe.
Assim sendo fiz questão de tirar o tal 'Dia da Família', do qual comecei a ouvir falar há meia dúzia de anos. Duas semanas antes e lá vem o papel para casa a apelar aos corações de quem tem de fazer o milagre de esticar os dias de férias para não deixar os catraios abandonados com uma Auxiliar a olharem para os outros catraios com as respectivas mães-modelo. Mas não importa. Dá-nos a hipótese certa para nos redimirmos de não termos estado com eles no Dia da Mãe, e por isso para mim serve.
O ter de passar a manhã na escola ainda é para mim tolerável já que o trauma não foi assim tão grande. Agora alguém me explica porque é que no convite diz ''O familiar participante da cada família deve apresentar-se com roupa prática e fresca e calçado adequado a actividades desportivas''? Meus senhores... eu fui para uma escola secundária em que NÃO HAVIA Educação Física por um motivo. Correr não é das coisa que mais gosto. Mais... Eu deito-me à hora da Cinderela para acordar 6 horas depois e passo os dias a trabalhar como uma mula. Depois venho a correr para casa de forma a chegar a uma hora decente para dar banhos, fazer o jantar, ajudar com os TPC, e tentar passar alguns momentos de qualidade com eles. E após deitá-los com beijos pouco depois das 9h, fico na esperança de ainda ver um filme com o co-irresponsável. Menos de meia hora depois e estamos os dois a dormir no sofá, com mais ou menos baba... depende dos dias. Mas juro que energia é mesmo MENOS. Isto não dá para mais!!!
E eis que a cena agrava quando me pedem para levar uma quiche e uma bebida para o almoço com os outros pais. PAROU!
A primeira questão que se coloca é... quem raio disse que eu quero almoçar com os outros pais em cadeiras onde fico com os joelhos pelo queixo? Acho que já por aqui disse que, de um modo geral, eu não gosto muito de pessoas, abro apenas excepções para aquelas de quem gosto. As outras podem-se manter longe e não tentar meter conversa e tocar no meu ombro quando subimos no elevador que eu fico grata. Se são socialmente desajustados e querem fazer amigos, vão para as redes sociais, malta. Mas deixem a minha bolha em paz!
Agora o pior... uma quiche??? Sei que para muitas mães (a minha irmã incluida) isto é a mesma coisa que fazer uma sandes de presunto, mas eu não tenho o chip da quiche. Não é que não goste de quiches. Confesso publicamente que adoro a quiche que a minha mana faz, mas por isso mesmo é ELA que a faz, e eu como. Eu faço as cabeças de borrego no forno, o pica-pau, as moelas, o empadão, o peixe assado/grelhado, o bacalhau tostadinho no forno com azeite e alho, as almôndegas, um belo de um risotto de cogumelos, uma pasta fresca salteada com camarão, e até me desenrasco com cachupa. Mas NÃO sei fazer quiches. Não sei, e não me interessa! É como a tarte de limão merengada. A-DO-RO! Mas todos os anos a encomendo para a festa dos mabecos, não a faço.
É como aquele anúncio em que há uma linha que separa o que queres ver... esta separa o que consegues fazer. Melhor...o que estás disposta a fazer. E eu não estou... não estava... Mas está no forno, pronto! Por este andar ainda dão por mim a fazer cupcakes um destes dias.
Agora amanhã não se queixem se a minha tentativa não estiver ao nível exigido. E sim, sinto-me tentada a levar uma garrafa de vinho tinto a acompanhar... mas os mabecos dizem que é suposto levar sumo. Bah!
Neste Dia da Mãe, que foi para mim passado como tantos outros dias do ano, mas com algumas palavras doces pelo meio, não poderia deixar de fazer, eu própria, homenagem a todas aquelas mulheres que, de uma forma ou outra, marcaram a minha vida enquanto mães.
Antes de mais à minha mãe. Lamento, como em tantos outros dias não ter podido estar com ela, mas ela sabe que estou sempre de coração. Foi dela que herdei esta pontada de loucura, a veia poética e a boa disposição (mesmo nas alturas mais complicadas). Sabes bem que por isso faço embora não seja fácil... Mas nunca é. E não tem sido para ti. E só por isso quero que saibas que te admiro muito, que te adoro muito, e que nunca encontro as palavras certas para te agradecer por tudo o que tens feito. Por mim, pela minha mana, e sobretudo pelo meu pai. Obrigada por ainda lutares por uma causa que tantos acham perdida... Obrigada por teres esse coração de ouro para cada ser humano, cada gatinho, cada Maria-Café que atravessa o teu caminho. Quero um dia ser como tu e quero voltar a ver-te sorrir assim...
Uma palavra também especial à minha mana. Por todas as vezes que me garantiste que eu tinha sido encontrada no caixote do lixo, por todas as brincadeiras de mercearias em que insististe ser a dona (ou não brincavas de todo), por todos os chupas e gelados que me arrancaste das mãos, por todas as vezes que me picaste à mesa ou de viagem no carro e me obrigaste a dar-te uns pontapés porque ainda não o sabia verbalizar (e depois disso porque lhe apanhei o jeito)... acredita que na altura me apetecia ir-te ao focinho, mas se hoje em dia nada me deixa de rastos é graças a ti.
E juntamente com esses momentos guardo bem fundo no coração tantas e tantas vezes que avançámos corredor fora, comigo sentada no carro das bonecas, a marcarmos as paredes todas à nossa passagem; estarmos deitadas no chão da sala a fazermos desenhos na parte de baixo da mesa (para a mãe não ver, quando ambas sabíamos que ela às econdidas ia lá admirar as nossas obras de arte); teres-me perdoado por ter cortado o cabelo da tua Nancy e partido a tua cozinha de brincar, e teres gasto uma boa parte do teu primeiro ordenado a comprares-me um relógio da Benetton. Já lá vão uns bons 25 anos e ainda o tenho, apesar de hoje em dia dever valer uns cobres valentes no OLX. Obrigada também por me dares dois dos homens mais importantes da minha vida... ADORO os meus sobrinhos! E por seres para mim um exemplo de mãe! Espero que de hoje em diante a vida te sorria um pouco mais, porque mereces!
Para a outra pessoa que tem sido como uma mãe para mim, que me adoptou e acarinhou assim que comecei a namorar com o filho dela, obrigada por toda a ajuda que me tem dado nesta fase tão exigente da minha vida. E porque para ela este início de ano tem sido particularmente complicado a nível de saúde, espero que continue em passo pequeno mas firme rumo à plena recuperação. Por todos os gestos maternos que tem para com os meus mabecos... obrigada!
Uma homenagem especial agora às que já partiram mas que terão sempre um lugar especial no meu coração.
À minha avó Vitória nada mais digo porque as saudades me toldam os olhos de lágrimas, mas sei que lá de cima onde estás vem sempre um raio de luz mais quente que os outros e que me faz sentir-te sempre perto.
À minha bisavó Maria cada vez mais pena de não a ter conhecido. Dela dizem que herdei o nariz empinado, não no sentido de me sentir acima dos demais, mas de sentir que sou importante q.b. para nunca me vergar a ninguém. Recordo-me muita vez da história de quando ela foi presa, simplesmente porque não se calou perante a prepotência policial que se fazia sentir (eu escrevi fazia-se, no pretérito, ok?). Eu ainda não cheguei a tanto, bisa... mas por este andar para lá caminho!
Um beijo enorme também para a estrelinha onde habita a minha avó Ana que me deixou de legado um anel que chegou com a notícia da morte dela... Não era suposto ser assim, avó... e sinto muito por isso. Herdei dela a mania de dar alcunhas a toda a gente e de certa forma, será então a ela que devo o facto de ter 2 mabecos...
Como não poderia deixar de ser, obrigada aos meus filhos. Acreditem que o desespero de descobrir que estava grávida de gémeos há muito que passou. Sei que não serei a melhor mãe do Mundo, mas não serei com certeza a pior. E o orgulho que sinto em ter dois mabecos tão giros, inteligentes e meigos (saem portanto à mãe!) é imensurável. E a cada sorriso, a cada beijo, a cada abraço, sinto que talvez não me tenham escolhido em vão. Adoro-vos muito, meus mabecos!
Para finalizar, uma palavra especial para todas aquelas mães que eu tenho conhecido de uma forma ou de outra ao longo da minha vida e que têm sido para mim um exemplo. Porque nem sempre as coisas correm bem, porque há dias em que apenas gostaria de voltar a ser pequenina e poder andar para sempre 'Nos pepés da mamã' sem sentir o peso do Mundo em cima dos meus ombros, sinto que não devemos nunca esquecer como é bom ser mãe! Um dia feliz para todas vós!