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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
A miúda hoje deu-lhe para dizer que tem medo do escuro.
Azar ter uma mãe como eu... Depois de cerca de 5 min a concordar que é mesmo perigoso porque podemos ser atacados por elefantes cor de rosa com asinhas de morcego que usam o escuro para dar com as trombinhas na cara das pessoas e provocar hematomas (é essa a minha teoria para o aparecimento do sarampo) esmifrou-se a rir e foi-se deitar... às escuras!!
Seguindo o desafio do Jardim Zoológico, no ano em que se celebram os 130 anos desta Instituição, resolvemos levar as nossas feras a ver as deles. Não fica barato, mas vale bem a pena.
Confesso que já há muitos anos que lá não ia e embora já tivesse ouvido dizer que o Zoo estava diferente, foi em quase tudo uma surpresa agradável. Recordo-me com saudade do velho elefante que tocava o sino a troco de moedas, mas por muitos anos que passem não consigo apagar a imagem daquele enorme gorila enjaulado em poucos metros quadrados. Pois esse Zoo já não existe.
Longe de ter as condições ideais para todos os animais, nota-se o enorme esforço que tem vindo a ser desenvolvido para lhes proporcionar um local o mais semelhante possivel ao habitat natural. Nota positiva também para as novas iniciativas que tornam o zoo mais aberto à comunidade, como o Pet Hotel, as Festas de Aniversário, os Sábados Selvagens, o ATL do Zoo, os diversos Workshops, e a possibilidade de se apadrinhar um animal, com direito a kit que pode ou não incluir o bilhete.
Gostei particularmente de ver os primatas numa zona ampla e com cordas para se passearem livremente. Um deles era de tal forma activo e brincalhão que fez as delícias de miúdos e graúdos que por ali passavam.
Mas comecemos pelo princípio...
O motivo principal de andarmos sistematicamente a adiar a ida ao Zoo é porque -convenhamos- não sai barato. Sobretudo tendo em conta que as crianças a partir dos 2 anos (que é precisamente quendo eu acho que começa a ter piada eles lá irem) já pagam, e se 13€ não é para mim nenhum preço simbólico, muito menos é quando multiplicamos isso por 2 mabecos e depois somamos mais 18.50€ de cada adulto. Contas feitas, uma familia de 4 pessoas paga 63€, o que acaba por ser mais que 1/10 do ordenado mínimo nacional.
Claro que a manutenção de todo o espaço e o cuidado que parecem ter com os animais é de valor incalculável, mas... não é fácil nem sequer para uma família da quase-extinta classe média. Por isso confesso que, ao saber que para Sócios do clube Olá (mais tarde percebi que também se aplica aos sócios dos Clubes Rik & Rok e Pelicas, e aos membros do ACP Júnior) a entrada era gratuita, foi em menos de 2 minutos que inscrevi os meus filhos e decidi que lá iriamos na semana seguinte. Tudo muito simples... ir ao site da Olá, inscrever os miúdos gratuitamente, imprimir o cartão e levar juntamente com o documento de identificação deles. Por vezes aquilo que parece ser bom demais para ser verdade é mesmo verdade, pelo que fica aqui a dica. E ainda adianto que também fazem descontos em algumas das lojas.
Talvez por isso, e porque a entrada agora é mais para o interior dos muros, passam apenas à memória aquelas filas intermináveis de pessoas que se acotovelavam junto ao portão de entrada, ladeado pelas duas torres. Agora passa-se impunemente por entre as torres, para deparar com uns macacos amarelos (certamente que devem ter um nome bem mais interessante, mas com 2 mabecos a saltarem mais que eles fica difícil ler a placa) a darem um espectáculo completamente gratuito para quem anda pela zona de restauração.
Também as gaivotas a pedal, que nos permitem passear pelo lago, estão acessíveis a todos os que tenham curiosidade em entrar, e reconheço que aquele pequeno espaço parece quase um oásis quando o calor aperta. Por isso mesmo para um passeio domingueiro, com um mínimo de investimento, recomenda-se a ida ao 'Oásis' do Zoo.
Na entrada propriamente dita, a tal que é agora mais recuada, fazem-se passar os visitantes por uma zona estilo garrafão que desemboca... nas aves com quem podemos tirar uma foto (que no fim nos vendem a 5€ mas nem questiono o valor pela piada da recordação e pelo sorriso com que os meus filhos ficaram) e nos carrinhos de aluguer. Ora para quem tenciona passar ao lado recomendo o uso de vendas já que os estúpidos dos carros são amarelos e estão mesmo em frente ao nosso focinho.
Não podendo vencê-los, e porque também queria que fosse um dia especial, ainda consegui negociar que fossemos primeiro dar uma volta e ver o espectáculo dos golfinhos, e só depois viessemos buscar os carros. E faz todo o sentido já que para a zona dos golfinhos nem carrinhos bengala podem seguir.
Também neste departamento foi agradável perceber que a entrada para os golfinhos não é paga (é impressão minha ou em tempos foi??), mas como tem hora marcada, ainda deu para cerca de 1h de visita.
Depois de uma primeira passagem pelos tigres, optámos por subir direito às girafas e elefantes, espreitar os leões, e depois ir descendo pelo lado dos macacos. Pode parecer um trajecto pequeno, mas com 2 mabecos a saltitarem a cada animal acreditem que leva o seu tempo. E também não queriamos chegar atrasados aos golfinhos...
Do espectáculo dos golfinhos e leões marinhos -há que fazer justiça a estes últimos- fica um misto de emoções. A Patapon vibrou a cada momento, mas o Pandinha passou o tempo a queixar-se do som. E tem razão o puto... a música roça ali os limites da intolerância pois as colunas ficam mesmo por cima de nós, e o facto das tratadoras serem todas mulheres de voz... pouco grave... também não ajuda. Mas recusou-se a sair, o meu macaquito. Agarradinho ao colo da avó paterna e de ouvidos tapados por lá ficou até ao fim.
Terminado o espectáculo lá nos rendemos à loja de elembranças, estratégicamente colocada junto à saída da Baía dos Golfinhos, para que pudessem ficar com uma recordação do zoo. Ele escolheu um leão, ela um golfinho num credível tom de cor de rosa...
Passagem breve por debaixo de um vaporizador de água, que nos permitiu refrescar daquela manhã de calor intenso, e paragem para comer qualquer coisa ali à sombrinha. E sim, há pequenos quiosques dispersos pelo recinto, mas se formos juntar esse extra à conta então bem podem começar a engordar já um porquinho mealheiro daqueles maiores.
Já o restaurante Savanna, com menus para adultos a partir de 3,95€ (com algumas opções mais caras mas bem mais saudáveis) e o menu Kids por 4,35€ com direito a caixinha para take away e golfinho miniatura, pode não ser de qualidade gourmet nem ficar no rol das experiências inesquecíveis, mas é uma alternativa a considerar pois facilita muito na hora de almoço (nós optámos por lá passar à saída, mas o novo sistema de carimbos ultravioleta permite que se aceda à zona de restauração mesmo a meio da visista).
E perante o trigésimo quinto pedido dos mabecos, lá fomos então buscar os carrinhos de aluguer. Fica o alerta para quem tencionar alugar um de que a hora limite será ali mesmo a seguir ao show dos golfinhos, pois minutos depois já todos tinham desaparecido e havia pais desesperados por arranjar um. Optámos por alugar por apenas uma hora, pois contas feitas a 3€ cada um (a primeira hora é a mais cara) seria já 6€ em carrinhos que não enchem a barriga nem dão depois para levar para casa, mas são engraçados, sim... e dá para lá levar as nossas mochilas penduradas.
Foi assim que seguimos direito às chitas, via koalas, tartarugas, jacarés e bisontes, e que descobrimos que os carrinhos são bem mais divertidos à descida que à subida porque, não tendo eles motor nem sequer pedais é só somar o peso do carro ao do puto, mas o das coisas que transportamos às costas ou no carro (acreditem que quando subimos a pique com o sol a bater na focinheira pouco importa onde as coisas estão porque o peso sente-se duplamente em qualquer lado) e sacar da garrafa de água para mais uma litrada enquanto se sua a estopinhas por aquelas veredas acima.
Não me recordo do zoo ter estas subidas quando eu tinha a energia de uma criança de 4 anos, nem de ser assim tão pequeno. Mas é assim que percebemos que tudo tem uma outra dimensão quando crescemos...
E o sentimento também muda quando somos pais. Confesso que me veio a fera ao de cima quando a chita decidiu caçar os meus filhos, e é graças à rede que delimita aquele espaço que hoje em dia ainda ali podem ver a chita. É que eu ia-me a ela à patada se necessário! Ai, ia!!
- Mamã! Encontrei um 'fantasma'! -dizia entusiasmada a Patapon.
- Não é fantasma, querida... é fantoche...
- O pai anda a dizer que não é elefante, que é Elly.
- É elefante, sim... mas chama-se Elly. Elly é o nome do elefante.
- É uma elefanta Elly?
- Sim.
- Olha aqui!! Tem uma 'tômbola'!!!
- Tromba, querida... tromba...
Tsc tsc... por vezes a miúda não parece minha filha.
Realmente nesta vida tudo é relativo.
Há uns anos atrás (bem mais do que aqueles que gostaria de admitir), estava eu responsável por um dos stands na Forum Estudante, na velhinha FIL da Junqueira quando, por um estúpido atraso, me vi forçada a estacionar o carro junto ao rio e atravessar a passagem aérea sobre a Av. da Índia. Para um comum cidadão nada de mais, mas eu tenho uma fobia estranha de alturas. Eu explico... não me faz de todo confusão estar num local alto, desde que tenha uma guarda reforçada e opaca entre mim e o precipício (seja ele de 200 metros ou de apenas 2 metros), mas tudo o que é em traves ou em rede faz-me tremer de pânico. E sim, eu sei que as terapias cognitivo-comportamentais são extremamente eficazes nestes casos, e que poderia simplesmente 'dessensibilizar', mas é tão mais fácil evitar, e como por norma consigo, tenho-me safo assim...
Acontece que naquele dia não haveria escapatória possível pois quem já esteve numa forum estudante sabe que quando se abrem aquelas portas é o caos e pior mesmo só um elefante trancado numa loja Vista Alegre. E sendo eu a pessoa responsável que sou simplesmente imaginei uma linha central naquela passagem aérea e segui sem me desviar de ninguém, pois aproximar-me um passo que fosse do gradeamento e seria a morte do artista. Claro que quem vinha em sentido contrário deve-me ter achado estranha, mas eu também nunca disse que sou uma pessoa normal, pois não? E a verdade é que resultou... cheguei bem a tempo de abrir o stand a horas e evitar a pilhagem.
Desde então, e por estranho que pareça, acabei até por me voluntariar para uma actividade profissional que com frequência exigia que me expusesse a esse tipo de situações e, mais uma vez, quando a necessidade apertou (por sorte foi caso único em 7 anos), lá enfrentei eu o meu medo em prole de um bem maior.
Agora com os miúdos eu bem tento não exagerar e passar-lhes esta minha fobia, mas é inevitável que sinta receio em algumas situações. Ora em casa da minha sogra há uma escadaria íngreme sem protecções laterais que me deixa em pânico. Quando os gémeos eram pequenos simplesmente evitava subi-la, mas agora que eles já opinam e exigem ir ao piso superior sinto-me forçada a levá-los ao colo.
Filmar-me a fazer tal trajecto daria de certeza um dos vídeos com mais visualizações do youtube, pois sigo com eles ao colo, olhos postos no fim do trajecto, a avançar lenta mas uniformemente junto à parede. Já calhou de ter de parar a meio por algum motivo, e nessas alturas o que faço (sim...confesso!!) é pedir ajuda a alguém pois tenho dificuldade em avançar. A quem me via há uns meses atrás e a quem me vê agora as melhorias são notórias, mas ainda não atingi o ponto de perfeição. De qualquer forma como ainda não dei alta a mim própria desta auto-terapia, a esperança continua a existir e a mover este meu Mundo.
Seja como for, fobias aparte, acho a escada perigosa para os miúdos, e se bem que a gente explique que não podem passar do 2º degrau e eles acatem por terem já também consciência do perigo, o sistema não será 100% eficaz. Por um lado porque são miúdos, por outro porque podem até tropeçar inadvertidamente. Mas enquanto se pede orçamentos e se engorda o porquinho para a obra é com esta situação que temos e lidar, pelo que quando subo com eles peço sempre para se agarrarem bem a mim.
Ontem ia a subir com a Pespineta e mesmo antes de eu abrir a boca ela sai-se com esta:
-Agarro-me bem para a mamã não cair, não é? A mamã tem medo da escada.
e eu simplesmente soltei uma gargalhada e respondi:
-Sim...é isso, querida! Segura bem a mãe...
E lá fomos agarradinhas feito lapas escada acima.