Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Correndo o risco de deturpar completamente o imaginário infantil da minha mãe, há certas coisas que acabamos por constatar e que precisam ser ditas publicamente, e mais publicamente que isto não seria possível: Há bebedeiras e bebedeiras.
Recordo-me que a minha primeira bebedeira foi com amêndoa amarga em casa de uma amiga minha. Meus caríssimos teenagers que me estejam a ler (neles incluo o meu querido sobrinho Gonçalo, que o Vasquinho ainda não tem idade para essas coisas) por favor se ainda não tentaram...evitem! É a pior bebedeira que podem apanhar, e ainda hoje me recordo daquela ressaca como se fosse a última da minha vida. Claro que não foi! Mas de amêndoa amarga garanto que sim! Por essa altura o Halloween era apenas mais uma desculpa para bebermos e uma triste oportunidade para sermos confundidos com os membros da No Name Boys.
Depois destas 'estreias' mais tolas acabamos por passar por um período de uma certa acalmia, e olhem que para quem não gosta de cerveja como eu e por isso recorre às bebidas brancas, acreditem que não é fácil ficar sóbria. Mas lá consegui sobreviver às festas iniciais da faculdade (no meu tempo eram pelo menos 5 anos a festejar) com alguma 'verticalidade'. O problema é que quando não estamos bêbados acabamos por ter mais dificuldade em aturar as bebedeiras dos outros, e calha-nos sempre a nós ainda termos de os distribuir pelos diferentes lares. Nessa altura felizmente já não nos compete acalmar os incautos progenitores porque muitos dos colegas vivem sozinhos (pelo menos na maior parte do tempo ou 'oficialmente') e os outros... bem... nessa altura já os pais tiveram tempo para conhecer as encomendas que tinham lá por casa. Mas mesmo assim é chato, e por isso voltei a beber (leia-se 'voltei a beber muito', que parar nunca deixei). Vêm como estas coisas são? Tivessem eles aderido aos Alcóolicos Anónimos e eu não estaria hoje de ressaca.
Seguiram-se por isso alguns anos Smirnofianos e conheci algo extraordinário que se chama 'Black Russian'. De que vale ter uns conhecimentos no Gandum's, Conventual e no extinto Seagull, se não para apanhar bebedeiras interessantes? O mesmo não deve ter achado o polícia que nos mandou parar certa vez logo à saída de Setúbal, mas aí curiosamente garanto que foi a tosta mista que me caiu mal (onde é que já ouvi esta da tosta??) e por esse motivo não era eu que ia a conduzir.
Entretanto inicia-se a vida profissional e aquele beber mais social, ao jantar. Surge o gosto por um bom vinho tinto e o prazer de se beber moscateis de qualidade. Prima-se não só pela qualidade da bebida como pela da comida, mas sobretudo pela da companhia. Não imaginem no entanto algo muito selecto pois com os vizinhos que temos não é estranho ter surgido um 'Livrinho de vinhos' com o intuito de classificar o que nos passava pela mesa, e que tenha acabado por descambar em provas escritas dos excessos alcóolicos.
E claro que qualquer festividade passa a incluir trajes bem mais elaborados, mesas bem mais fartas, mas nem por isso o álcool deixa de assumir lugar de destaque. Que o digam os convivas do célebre Halloween de 2009 que tiveram a coragem de provar aquele gellyvodka. Óbvio que não me poderei nunca responsabilizar pelos comportamentos que se seguiram, e eu própria assumo a minha quota parte de disparate. Mas que a malta se divertia... divertia! E tenho por aqui guardado um vídeo feito quase de madrugada, com os elementos que ainda restavam a fazerem diálogos com gomas em forma de minhoca, que tenciono guardar religiosamente para um dia vos poder envergonhar à frente dos vossos filhos.
E por falar em filhos... preparem-se, pois é aí que tudo muda. Não é que seja menos divertido assistir às mabecadas dos miúdos prédio acima e abaixo, enquanto pedimos doces gritando 'Doçura ou travessura', ou como a minha filha prefere 'Sou um esqueleto maaaaaau' (ver post 'Personalidade'). Mas claro que aí já não poderemos estar alcoolizados, ou ainda trazemos a bruxa errada para casa. A parte boa é que se para tudo na vida existe uma solução, a deste caso chama-se avós, e foi a eles que recorremos para tentar passar uma sexta feira romântica a dois, a comer calmamente, sem pausas para contar 'Mais uma história' ou mudar fraldas, e a beber sem peso na consciência.
A escolha recaiu sobre um tinto de nome 'Guadalupe' de 2010, de rótulo estrelado, com a inscrição 'A magia de um lugar' a fazer-nos perder na mística e esquecer o que dizia no verso 'Ideal para acompanhar pratos intensos'. Pois... o prato não era intenso. Era uma bela salada de búzios, uns camarões e sim... eu sei que deveria ter sido acompanhado com um rosé ou quanto muito um frisante, e não é que a garrafeira não estivesse abastecida, mas cabeça de mãe torna-se esquecida e já não fui a tempo de colocar uma dessas garrafinhas mais... leves no frigorífico. E por isso marchou mesmo o tintinho. Bem leve por sinal. Agora... não sei se terá sido da comida pouco intensa, ou dos 14% de teor alcóolico, ou simplesmente porque hoje em dia a diferença já não está apenas na quantidade e qualidade do álcool ingerido mas sobretudo no efeito. Se antes nos dava ritmo para a 'night', agora tira-nos o ritmo e deixa-nos a babar no sofá.
Claro que quando imaginamos uma noite de sexta feira sem os miúdos nunca é isto que nos passa pela cabeça, mas sim... é isto que muitas vezes acaba por acontecer. E lá nos acabamos por arrastar a meio da noite para a cama, pelo menos com a certeza de que durante a noite não teremos que os socorrer de mais um pesadelo e que no dia seguinte poderemos dormir mais um pouco para curar a ressaca. Ainda bem que não foi amêndoa amarga!
Aqui há tempos, num daqueles momentos em que achamos que os miúdos parecem ter tirado o dia para nos infernizar a vida, o co-irresponsável queixava-se por já não saber o que fazer, e que já teria esgotado a paciência. Acabámos por ter (bem depois deles se terem ido deitar e de termos conseguido recuperar neurónios suficientes para voltar a falar) uma daquelas conversas mais filosóficas em que introduzimos o conceito da 'dose diária de paciência'.
A teoria é simples... imaginem como que uma caixa onde cabem todas aquelas respostas 'Que giro, amor' que vociferamos entre-dentes quando deparamos com o Pandinha a fazer obras de arte na parede, ou quando percebemos que a Patapon, ao tentar comer sozinha, parece ter rebentado com uma bomba no prato da comida e espalhado quase todo o conteúdo no metro quadrado que a circunda, num chão acabadinho de lavar. Ora a caixa tem um limite. Podem caber lá 10 frases fofuxas, 20 inspirações profundas, e 40 desviar de olhos, ou até mesmo o dobro destas doses, mas haverá um ponto a partir do qual já não haverá conteúdo na caixa, e acabamos por explodir, ou implodir... sei lá!
E por muito conteúdo que haja, por muito treino e preparação para termos uma graaaaaande caixa, acreditem que quando se tem gémeos na fase dos 2 anos (os famosos 'terrible two') aquilo esgota-se num instante.
Acontece que quando somos mães parece que a tal caixa se torna quase ilimitada. Não é que por vezes não acabe por perder a paciência mas isso ocorre bem mais ocasionalmente do que eu pensava alguma vez ser possível. Acho que nestes quase 3 anos de convívio com os mabecos deve ter acontecido umas 5 ou 6 vezes. E como se consegue isto? Não sei... Mas dou por mim às vezes, no meio do caos, com os gémeos a gritarem um com o outro e a morderem-se, a sussurrar: 'Pronto, pronto! Vamos lá falar um pouco.' E juro que nao me reconheço. Onde está a Miss Impulsiva? Onde está aquela pessoa que nunca teve paciência para estar horas a fio na mesma actividade, quando acabo por ficar uma eternidade a brincar com legos ou a ser vítima dos penteados deles?
O co-irresponsável tem momentos. Tem momentos em que consegue e acaba por me salvar, e outros em que parece ficar vermelho como os desenhos animados. E eu nem me posso queixar porque ele avisa: 'Tenho que sair', e vai quanto mais não seja para o wc. É uma sublimação engraçada esta, em que a cumplicidade que desenvolvemos ao longo destes 18 anos (daasssssss) acaba por se reflectir nas palavras que não necessitam ser proferidas. Sei, quando ele diz isto, que está no limite, e que precisa de respirar.
As quantidades monumentais de fraldas que se gastam cá por casa também lhe dão uma desculpa muito válida para ir à rua. E eu percebo-o. Filho único, sempre brincou sozinho a fazer diálogos de um tropinha para outro (claro que já desconfiei disso, mas ainda não tenho provas que seja esquizofrénico), que sempre foi mimado pela titi, pela mamã, pela vovó... e agora vê-se com dois mabecos que até lhe roubam os 'brinquedos' dele, que sujam, dessarrumam, gritam e barafustam, e quebram aquele silêncio que ele tanto valoriza. Muito equilibrado anda ele... lol
E eu? Eu tenho uma mana mais velha. Ela torturava-me com as brincadeiras das mercearias em que ela era sempre a dona 'Ou não brinco contigo'. Nunca soube o que era estar sozinha até ir para a faculdade. E bem que gostei desse tempo, e bem que por vezes sinto também necessidade de fugir, e saudades do silêncio, mas quando eles estão presentes juro que já tentei, mas não consigo. Porque por muito que o papá tente reconfortar... faz-me lembrar aquela série infantil 'Os Dinossauros' (sim... fazendo a analogia e a piadinha barata eu sou desse tempo dos dinossauros) em que quando o pai se tentava aproximar do bebé levava sempre com uma frigideira na cabeça e a explicação 'Tu não és a mamã!'.
Claro que não é uma questão de falta de confiança, e já os tenho deixado sozinhos com o pai. Também com a minha sogra chegam a passar fins de semana e uns dias de férias. Mas durante todo esse tempo o espírito não descansa. Se eu não estou por perto e me ligam imagino logo o cenário mais tenebroso e que irei ser apedrejada por não ter estado presente. Mas a verdade é que eles também gostam de estar sem a mamã, e eu terei de encarar isso com naturalidade. Por vezes nem querem falar comigo ao telefone, estes sacanas!!
Não... no meio de tudo isto percebo que, para mim, o pior não é ter a dose diária de paciência suficiente para as 24h, mesmo porque eu tenho uma técnica bem desenvolvida no sentido de os fazer dormir pelo menos metade desse tempo, o que facilita muito no doseamento. O problema maior é a 'dose diária de energia', que no meu caso confesso que anda sempre no limite. E mesmo assim, quando achamos que vai acabar, e que temporáriamente culmina com um cair para o sofá a babar-me cerca das 21h30, renasce a qualquer choro ou mesmo sussurro vindo do quarto dos mabecos. Como é que isto é possível?
E já agora... alguém me explica como é que se consegue desviar este automatismo para as tarefas domésticas? Estilo... cerca das 3h00 da matina acordar electrizado para ir passar a ferro ou limpar o chão? Isso dava cá um jeito!!
*PS: Para quem não percebeu estas aqui ficam os links
http://www.youtube.com/watch?v=UtWsO8FMZXw
A quem, como eu, compra fraldas Pingo Doce gostava de lançar um apelo para ajudarem na revolta nacional das fraldas. Eu explico...
Depois de terem alterado para bem menos o tamanho do pacote das fraldas normais (e ajustado o preço para cima, claro) eis que desaparecem as fraldas tamanho 5 das prateleiras. Para quem tem gémeos como eu isto é caótico... Ainda pensei que como era verão elas de dia iam à praia, mas fui lá de noite e continuavam sem aparecer.
A sorte foi que como andamos a treinar o desfralde também tinha fraldas cueca e fomos gastando mais dessas (deixei as outras apenas para a noite já que são mais justas e fáceis de trocar com eles a dormir), mas mesmo essas desapareceram entretanto do supermercado. E não é que hoje fui dar com uns mini-pacotes ridiculos dessas fraldas à venda com o preço igualmente ajustado?? Quase dá a impressão que um graaaande pacote foi tomar banhos de mar e encolheu com a água... ou será virose?
Neste caso foi o tamanho 5, que é exactamente o que os meus usam, mas não sei até que ponto isto irá alastrar aos restantes tamanhos e quem sabe aos toalhetes. Já que costumam estar todos na mesma prateleira tenho algum receio que o vírus do encolhimento os atinja de igual forma.
Por isso ajudem a espalhar palavra entre os pacotes de fraldas e toalhetes Pingo Doce para que fujam antes que seja tarde demais!!!
Fraldinhas, revoltem-se!!!
Numa noite como tantas outras, à hora de deitar, e assim que sento as nalgas no sofá pela enésima vez, ouve-se a mabeca:
-Mamã, mamã! Tenho chichi!
-Querida... a mamã mudou-te a fralda há menos de 5min. Não podes ter assim tanto chichi...
-Eu também tenho chichi!- alega o Pandinha.
-A mamã vai então ver quem tem chichi...
(ele tinha mas pouco e ela nem isso)
-Princesa...tu ACHAS que tens chichi, mas não tens. A fralda está seca. A mãe vai trocar a do mano e depois quero os dois calados, que está na hora de dormir e cheira-me a aldrabice vossa...
Ela cala-se então por um pouco enquanto eu troco a fralda dele e nisto regressa à carga:
-Mamããããã!! Tem chichi, tem!
-Querida...eu já vi e não tem!!
-Mas eu não posso ficar assim cheeeeeeeeeeia de chichi. Depois não dorme!
(e lá troquei eu mais uma fralda....)