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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Contexto: Há um puto na aula de JuJutsu dos meus filhos que não só se porta mal como se arma em bully com todos os miúdos, mas claro que sobretudo com os mais pequenos, como é o caso dos meus.
Por diversas vezes avisei os meus para não irem para perto dele, de forma a evitar confusão, mas o puto não pára. Bate em todos, responde torto aos pais, atira coisas ao chão, bate com portas sem sequer ver se lá vem alguém. Estou sempre cheia de medo que se aleije ou que aleije alguém e nem sequer é meu filho.
Hoje depois da aula contava-me a Patapon que o tal puto tinha-se portado bem a aula quase toda.
-Quase? Então?
E explica o meu filho:
-Olha...estava a portar-se bem, mas depois veio ter comigo a dizer que tu e o pai eram bebés.
E remata a minha filha:
-E o mano deu-lhe um murro na cara!!
-O quê? Um murro?
-Já não me lembro bem... mas acho que depois o empurrei com o pé...
-Deste-lhe um murro e um pontapé?
-Não...só empurrei um bocadinho com o pé... e depois com as duas mãos...
Agora pergunto eu...será que me rio ou choro e será que quero perguntar mais alguma coisa??
Desculpem o testamento que se segue mas tenho de fazer uma homenagem a um grande homem que hoje me fez chorar.
Já por aqui comentei que os meus filhos quiseram seguir as pegadas do pai e resolveram ir para o JuJutsu. Até hoje tudo bem e andavam muito entusiasmados.
O meu filho nunca foi de se ficar ou de se calar e por isso hoje estranhei quando, já de quimono vestido, se recusou a entrar no Dojo e a dizer-me o porquê. Depois de muita insistência minha lá disse que estava cansado e ranhoso (anda meio constipado) e que por isso era complicado estar sempre a assoar-se. Concordei.
Nisto estava eu a informar o Mestre que ele não ia entrar hoje e que a mana ficava com o pai quando ele começa a dizer que não ia voltar mais. Um outro menino veio ter connosco, visivelmente preocupado. Deve ter cerca de 10 anos e têm uma deficiência que, não sendo profunda, o impede mesmo assim de treinar com os irmãos. Por isso vê as aulas de ambos e não resiste a fazer umas técnicas enquanto espera por um ou por outro (devido às idades estão em aulas diferentes), e parte-se sempre o meu coração de o ver a observá-los.
Hoje partiu-me o coração pelo que disse ao meu filho.
-Sabes...- disse ele no tom mais terno do Mundo- tu estás a querer desistir de uma coisa tão boa que tu podes fazer se quiseres. Eu... eu quero e não posso. Por isso... não desistas!
Juro que tive de me afastar naquele exacto momento. Apenas para não me agarrar a ele a chorar e a maldizer pelas injustiças deste Mundo. O meu filho não percebeu bem o que ele quiz dizer mas quando chegámos a casa fiz questão de explicar. Que há meninos que não vêem, outros que não andam, outros que se mexem de uma forma mais lenta, e que no fundo querem apenas ser como os outros meninos. E que se era por não gostar que queria desistir eu compreendia, mas que se fosse por alguma outra razão que era melhor ele pensar bem pois muitos meninos que gostavam de ir não podem.
O meu filho acabou por me explicar que alguns dos mais velhos andavam a magoá-lo e depois encheu o peito de ar e disse:
-Eu gosto de ir mamã! E quero ir na Quarta.
E por isso...obrigada! E sim... Quarta lá estaremos e, no que depender de mim, havemos de tentar encontrar uma solução para que a aula passe a ter mais um. Porque não há dúvida que de todos é o que mais merece ali estar.