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ESCAPADELA SEMI-ROMÂNTICA - Parte 4: O regresso

por twin_mummy, em 29.08.13

Logo para abrir as hostilidades o dia começou bem. Se no dia anterior tinhamos tomado banho num compartimento minusculo que tremia, desta vez tinhamos um chuveiro enorme com hidromassagem, e o facto de termos acordado cedo dava-nos tempo suficiente para o aproveitar. Pois... acontece que o ralo do dito chuveiro não estaria pensado para escoar tanta água, e se não tivessemos colocado uma toalha no limite do chuveiro tinhamos inundado o quarto num ápice, já que o estupido do arquitecto o projectou num plano inferior ao do wc. Mas que espertos são estes espanhóis...

 

E nisto resolvemos deixar-nos de romantismos, despachar e descer à cave para o tão ansiado pequeno almoço. Curiosamente até hoje ainda não percebi como é que em hoteis deste género, com uma vista linda sobre a cidade, não projectam uma sala de refeições panorâmica... Mais uma do arquitecto??

 

Seja como for o que importa é que deparámos com uma vasta escolha no buffet. Café, leite, chás e sumos para beber, e para degustar tinhamos pão variado, tostas, iogurtes (por acaso reparei que até tinham de soja) e cereais, e uma ampla zona de fruta fresca. E se num cantinho percebiamos que estaria o famoso English Breakfast (o que é compreensível já que estavamos apenas a cerca de 1250 kms de Londres...lol... NOT), numa travessa colocada em destaque uma cambada de churros acabados de fritar pareciam olhar para mim como que a desafiar toda a lógica. Mas quem iria comer aquilo num hotel de luxo às 8h00 da manhã??

 

Como fomos os primeiros a chegar servimo-nos e escolhemos mesa à vontade e não fosse o facto de não haver lá colheres (faltava só esse pormenor) nem teria provavelmente visto a empregada que só vinha de vez em quando cá fora a fingir que controlava quem entrava. Não sei porquê mas fiquei com a sensação que podiamos ter poupado o extra do 'pequeno almoço incluido' e ter lá comido na mesma...

 

Perdidos num prato repleto de frutas reparámos numa familia com 4 filhos que tinha acabado de chegar e se servir. E se em alguns casos não percebemos de onde vem a obesidade infantil, ao olhar para aquela menina, que não deveria ter mais que 4 anos, a comer 2 churros cobertos de açúcar em pó faz-se uma grande luz. E não pensem que os mais velhos davam o exemplo pois eram só tostas com diferentes compotas, bacon e ovos mexidos. Não havia uma taça de cereais, um copo de leite ou um pedaço de fruta naquela mesa.

 

Mas como até pareceria mal criticar e não provar, e aquela seria provavelmente a ultima oportunidade que teriamos para provar (e de borla, o que em Madrid conta muito) lá tentámos dividir um churro por nós os dois. Não era mau, estava até bem escorrido, mas decididamente... não é comida de pequeno almoço!!

 

Como não sabiamos quanto tempo iriamos demorar no passeio dessa manhã (o último em Madrid) fizemos então o check out e pedimos mais uma vez para nos guardarem as bagagens. Nada a apontar relativamente à simpatia e eficiência dos empregados que se apressaram a etiquetar e recolher as nossas malas.

 

E bem mais leves mas de barriguinha cheia lá fomos nós direito ao Rastro para umas pechinchas... ou assim eu esperava.

 

Para começar parece que os espanhóis não são tão madrugadores quanto nós pelo que, apesar de no Guia indicarem que as bancas estariam já postas cerca das 9h00 foi com muita estranheza que ao chegarmos a Tirso de Molina cerca das 9h30 deparámos com uma praceta vazia. Seguimos até La Latina onde alguns comerciantes já estavam a montar as bancas de artesanato. Uma das bancas estava repleta de mochilas iguais às que tinha comprado no dia anterior e pareceu-me boa ideia trazer mais uma de cores diferentes. Mas ao perguntar o preço, em vez dos 15€ que me haviam pedido pela minha numa banca fixa junto à estátua de Cervantes (e que acabei por trazer por 12€) pediram... 22€! Duas bancas à frente, mochilas idênticas por 18 ou 20€. Comecei a achar que talvez o Rastro servisse para caçar turistas e foi um pouco desolada que virei para uma ruela lateral que desembocava numa zona de antiquários.

 

Por entre o comércio mais local (no fundo eram os próprios donos das lojas circundantes que montavam banca no exterior, prolongando a zona de feira) lá encontrámos artigos mais em conta. Havia também uma tasquinha com preços muito acessiveis onde entrámos para comprar água (ahhh! o calor de Madrid!!). Aproveitei para enfeirar um leque para a minha mãe numa das lojas, e apesar de muito haver ali para ver não tinhamos espaço de bagagem que nos permitisse trazer antiguidades ou livros, pelo que regressámos a La Latina, de forma a completar o trajecto até à Porta de Toledo. Pelo caminho roupas 'de marca' a amontoarem-se e, por 4€ acabei por trazer 2 blusas girissimas. 

 

Começando a descida para Toledo lá percebemos que além das banquinhas móveis muito comércio existe por ali, e pelo que percebemos distribuido por zonas. Tinhamos a zona das lojas de animais, a de material de escalada/ campismo, até acessórios de arte equestre. Pelos vistos o Rasto tem de tudo um pouco.

Ainda comprámos uns colares para trazer de lembrança a um preço irresistivel, mas de resto não achei que compensasse assim tanto em relação por exemplo à nossa velhinha 'Feira da Ladra'. E depois de mais uma paragem para café (um belo café Delta que descobrimos perfeitamente por acaso) lá iniciámos o caminho de regresso à Plaza Mayor para decidirmos onde seria o almoço, que a fome já apertava!

 

E como nenhuma viagem a Madrid pode dispensar o típico presunto lá nos dirigimos ao Museo del Jamon, na Plaza Mayor. A escolha é muita, de entre simples pratos com fatias de umas 5 ou 6 variedades de presunto à medida dos gostos e das carteiras dos clientes, até pratos mais elaborados onde o presunto é também estrela.


Optámos por um pratinho de presunto, seguido de uns bons cogumelos recheados e assados no forno, onde o presunto ficava crocante e...divinal. E para acompanhar, uma bela surpresa chamada 'Tinto de Verano'. Melhor que eu estar para aqui a descrever é irem lá provar, porque vale bem a pena! Será que exportam??

 

E para terminar em beleza fomos novamente ao Mercado de San Miguel onde o co-irresponsável se deliciou com uma frutinha e eu com um mini-gelado de violeta. Gulosa!!

 

Tempo depois para uma rápida visita à lojinha do Geppetto, sita na Calle Mayor e com uma fachada inconfundível, onde obviamente comprámos... Pinóquios para os miudos. Mas havia de tudo um pouco em madeira, até uma mota que obviamente despertou a atenção do co-irresponsável.


Aproveitámos para descansar mais um pouco da volta matinal numa esplanada mesmo em frente ao hotel e disfrutar dos últimos momentos em Madrid. A conta mais uma vez deixou-nos a pensar que mais valia termos comido lagosta a beber café, mas na verdade o café até nem estava mau, e nós bem que estávamos a precisar de acordar (nota: não é verdade que eu tenha adormecido na esplanada e hei-de negá-lo até ao fim dos meus dias).

 

Levantadas as malas no hotel, aguardava-nos o regresso ao famoso quilómetro zero de Espanha (sito na Plaza del Sol) e o trajecto de regresso a casa, desta vez no tradicional avião de uma Low Cost. Contas feitas, entre o valor do bilhete, o extra do seguro e o extra do check-in online (onde tivemos que pagar o upgrade do fast boarding porque já não havia mais lugares disponíveis para check-in online a não ser esses) para evitar filas, acabámos por pagar pouco menos de 100€ por pessoa. E isto porque não transportávamos bagagem de porão. E se acham que o upgrade do Fast boarding poderia eventualmente valer a pena, na prática apenas significou que esperámos pelo embarque na mesma em pé como os outros, mas 2 metros à frente. Assim de repente, o valor pago no Lusitânia Expresso, com a cabine com dormida e wc, o jantar de luxo e o farto pequeno almoço de luxuosa vista incluidos parecia-me uma pechincha!

 

Mal tinhamos partido já estávamos a chegar a Lisboa (até nisso o combóio é bem mais interessante), onde nos esperava um labirinto. Devemos ter demorado mais a fazer aquele percurso por entre lojas caça-turista no renovadíssimo aeroporto do que própriamente na viagem de avião.

 

E a parte melhor? É que em casa eramos aguardados por dois pares de bracinhos ansiosos por matarem saudadinhas....

 

Saldo final... valeu bem a pena, mas depois deste fim de semana alucinante precisávamos de uns dias para recuperar das férias... ;)

 

 

ESCAPADELA SEMI-ROMÂNTICA - Parte 3: A estadia

por twin_mummy, em 13.08.13

 

Depois daquele almoço 'bem regado' na Plaza Mayor iniciámos a caminhada da tarde. Tinhamos planeado fazer uma visita breve ao Museu do Prado para ver as áreas principais e comprar uma souvenir especial para a minha mamã que fará anos em breve. Seguiriamos para o Museu da Rainha Sofia também para uma breve visita, e terminariamos a tarde com um merecido descanso no Parque do Retiro. Este era o plano...

 

Seguimos por isso pela Calle Mayor e depois pela Calle de Alcalá até à Praça das Cibelles. Apesar das muitas bancas com réplicas de quadros que lá abundavam a preços acessíveis não nos detivemos com contemplações já que pretendo guardar distância de qualquer Deusa da fertilidade que se me atravesse pelo caminho. Do outro lado da estrada uma fila brutal de gente que aguardava à porta do Prado fazia-nos perceber que a entrada nos Museus em final de tarde de sábado ser gratuita não seria um segredo bem guardado. Ainda tentei pedir ao segurança para ir à loja, mas a solução que me deram era pagar bilhete e entrar de imediato ou esperar na fila compacta de centenas de metros que eles me garantiam que se escoaria em 10 minutos. Não sei porquê mas não me apeteceu ficar lá para cronometrar.

 

E na descida até Atocha, onde se situava o 2º museu a ser visitado, resolvemos deixar-nos de frescuras e virar logo para o Parque do Retiro, onde eu esperava encontrar as 'árvores pompom' (é o nome que inventei para umas árvores que eles cortam estilo...pompom). Ao subir a Calle Claudio Moyano deparámos com uma série de alfarrabistas. Claaaaaro que tinha sido mais que planeado, não foi perfeitamente por acaso que deparámos com aquela cerca de duzia e meia de stands fixos com as mais deliciosas pérolas de literatura. Ainda pensámos comprar alguma BD mas lembrámo-nos a tempo que estaria em espanhol... e os preços não seriam assim tão convidativos. De qualquer forma o co-(ir)responsável lá aproveitou para comprar a primeira de muitas placas de aluminio 'Para afixar na garagem' (esta era a 1ª versão já que depois passou o caminho de regresso a fazer planos para as afixar no corredor).

 

Chegados ao Parque rendemo-nos ao espírito Madrileno e, completamente exaustos da caminhada sob aquele sol escaldante, deixámo-nos cair na relva, onde me apressei a descalçar os sapatinhos. E apesar de estar humida de alguma rega recente nem me importei de ficar com alguns pedaços da dita colados às pernas. Ter ficado com o rabo molhado também não foi de todo desagradável e o vestido escuro escondia a mancha de água, pelo que ao fim de alguns minutos lá seguimos até à famosa estátua do Anjo Caído, que eu confesso que imaginava bem mais grandiosa... 


Ainda estivemos sentados num banquinho de jardim por alguns minutos a beber uma aguinha fresquinha enquanto observávamos os skaters e in liners que contornavam a estátua. Inicialmente seriam uns 3 ou 4 mas pouco depois ultrapassavam a dezena e já havia até circuitos de pinos para contornar. Curiosamente um deles tinha a constituição de um orangotango e o equilibrio de um elefante a saltar de nenúfar em nenúfar, mas não era isso que o impedia de dar milhentas voltas à estátua sem cair. Ao senhor desconhecido os meus parabéns pois eu não faria melhor. Não mesmo!! 

E dali foi uma maratona até ao Palácio de Cristal, que pouco mais era que uma estufa abandonada, à porta da qual se vendia artesanato, mas valeu o desvio pelo laguinho que o acompanhava. E não pude deixar de me lembrar dos miúdos ao ver os patinhos que eles tanto adoram.

 

Não sei se também por influência do calor que se fazia sentir, debaixo das árvores do Retiro conclui que os parques de Madrid são lindos. E ali também não se nota tanto a sujidade das 'calle'...


Seguia-se uma pequena esplanada manhosa e depois... bem... este cenário...

Muita gente a andar de barquinho a remos, muito comércio de rua, muitos... espanhóis. Mais uma vez achei um exemplo a seguir por portugueses em terras lusas.

 

E como a fome já ia apertando lá iniciámos o caminho de regresso ao hotel, com a tristeza estampada no rosto por não termos encontrado as famosas árvores. Seriam umas 18h00 e as lajes do pavimento queimavam através das solas dos sapatos. Incrível! Nessa altura questionei-me porque não teriamos nós levado as bicicletas cedidas gratuitamente pelo hotel (mesmo porque até foi um dos critérios de selecção do mesmo), mas o co-(ir)responsável calou-me com uma simples observação... 'E a coragem para andar de bicicleta nestas ruas??' Pois... e tinha razão já que o trânsito em Madrid parecia infernal.

 

Devagarinho, e depois de duas ou três paragens para água e sumos lá chegámos ao hotel. Soube bem pensar que o jantar seria ali mesmo em frente, no famoso mercado de San Miguel. E que depois poderiamos simplesmente fazer o caminho de volta a passo de caracol.

 

Quanto ao mercado só pelo edifício em si valeria a pena visitar, mas os petiscos que se comem no interior, e por um preço bastante mais acessível que a empregada do hotel nos faria adivinhar, foi para mim o ponto alto de Madrid. Desde tapas a 1€ até aos mais variados tipos de ostra. Há de tudo. Deliciei-me com um bom camarão daquele pequenino e roliço que fazia lembrar o de Espinho, enquanto o co-(ir)responsável se atirou a um prato de ostras. Para acompanhar vinho e mais uma vez a certeza que o nosso é melhor...

 

Também não resistimos a visitar a banca do mozzarella artesanal feito ali mesmo, e provar uns tapas enormes do mesmo. Delicioso, mas pecava pelo excesso de mozzarella que acabava por ser enjoativo ao fim de 4 ou 5 dentadas.

 

Para sobremesa havia frutas frescas numa das bancas onde uma pilha de cerejas a 16€ nos olhava. Seriam de ouro? Não... simplesmente alguém lhes tinha tirado o pezinho e pimba... mais 10eur por kg só por isso. Caramba que estes espanhóis fazem-se pagar bem!! Mas nada que um geladinho com sabor caseiro não resolva, consumido, como qualquer bom turista o faria, sentado numa das portas de acesso ao Mercado já que os lugares sentados lá dentro escasseiam.

 

E nisto faltava o café que acabámos por ir beber a um Pub mesmo em frente. Ao olhar para a ementa, e pela pouca diferença de preço, optámos pelo café com natas. Dificil para o senhor foi bater as natas com aquele calor, mas o espirito das férias não esmoreceu, mesmo porque não havia energia sequer para isso.  Tinhamos de nos arrastar até ao hotel enquanto tinhamos uma pontinha de energia.

 

E foi neste cenário que parecia retirado de uma nave espacial de um qualquer filme de ficção científica (não, não consumimos qualquer tipo de cogumelos nesse dia) que passámos uma bela noite. A cama king size era verdadeiramente confortável. Ou então estávamos muito cansados...

 

 

ESCAPADELA SEMI-ROMÂNTICA - Parte 2: A chegada

por twin_mummy, em 07.08.13

Chegados a Chamartin lá fomos à procura do Metro, mas encontrámos a entrada barrada por torniquetes e do nosso lado nem uma só máquina para tirar bilhete. Voltámos atrás e tentámos ver se pelos elevadores se conseguiria aceder à gare onde se vendiam os bilhetes, mas depois de mais umas curvas iam desembocar exactamente no mesmo local. Até que percebemos… aquilo não era entrada para o Metro mas ainda a saída do comboio, e bastava avançar que os torniquetes abriam.

 

E pronto…agora que já estávamos no Metro toca de tirar bilhete na primeira máquina que encontrámos, mas antes de prosseguir caminho gaja que é gaja, mesmo de guia de Madrid em riste, com o mapa do Metro escarrapachado, pergunta sempre a alguém mais entendido se estaríamos a fazer o melhor caminho indo por aquela linha que obrigava apenas a uma mudança, ao contrário das outras sugeridas na net, que obrigavam a duas. E qual não é o meu espanto quando o segurança do Metro, depois de me obrigar a falar inglês, me explicou que seria melhor prosseguir de comboio já que seriam só duas estações e 5 minutos de caminho. Pois… mas já tínhamos tirado o bilhete para o Metro, certo? Errado!! Na ânsia de ir para a primeira máquina que apanhámos nem reparámos que era uma da Renfe… as do Metro estavam mais à frente. E foi assim que um erro nos atalhou caminho…

 

Tal com o haviam indicado cerca de 5 minutos depois estávamos na estação Sol, em plena Madrid. Saímos para tomar café numa esplanada ranhosa e, para nossa admiração, o café não era assim tão mau. Estávamos a tentar orientar-nos com o Guia, para sabermos em que direcção era o hotel, e não pudemos deixar de reparar na quantidade de fritos (estilo churros) que se consomem ao pequeno-almoço em terras espanholas. E de repente o café já nem estava a cair tão bem, pelo que resolvemos seguir caminho mas não sem antes nos sentirmos completamente enganados ao pagar 2,50€ por café! 

 

Tínhamos planeado ir com poucas bagagens de forma a facilitar o trajecto, mas andar sem bagagem é melhor pelo que insisti que deveríamos ir ao hotel pedir guarda de bagagens, apear do check-in ser apenas às 14h00. ‘’De certeza que não dá’’, dizia o co-(ir)responsável de mochilinha às costas e mãos livres, mas eu, com o meu trólei pequenito mas nem por isso tão prático, insisti que tentássemos já que tinha planeada uma grande volta nessa manhã. E foi com grande alívio que percebi que tinha razão.

 

No Hotel Petit Palace Mayor Plaza, situado no coração de Madrid, junto à Plaza Mayor e ao tão afamado mercado de San Miguel, foram simpatiquíssimos e não só nos guardaram as bagagens como nos ofereceram um mini mapa da zona e indicaram onde deveríamos almoçar.

 

Antes de mais… a toda a gente que achou estranho querermos ver paisagens numa escapadela romântica deixem que vos diga que Madrid é linda! Suja, mas linda! E andar a ver tudo com calma, sem miúdos a puxarem o vestido e a pedirem colo é um tal raro luxo, que há que aproveitar bem quando tal acontece.

 

Seguimos por isso até ao final da Calle Mayor, não resistindo a tirar fotografias a todas as praças e edifícios excepcionalmente bem conservados, e depois de andar uns bons kms lá nos deixámos cair numa esplanada junto ao rio, a beber um belo batido de fruta que soube magistralmente, e que não foi muito mais caro que o café bebido à chegada.


Não pudemos deixar de reparar na quantidade de pessoas que passeava pelo Parque de Atenas, ou que simplesmente estava deitada na relva a aproveitar o sol escaldante para trabalhar no bronzeado. E mais uma vez a percentagem de espanhóis naquela que será uma zona nobre de Madrid era bem superior à de estrangeiros, muito diferente do que observamos em Lisboa. A calma também era imensa, quer nas pessoas que passavam quer nos empregados da esplanada que levaram mais de 20 minutos para trazer a conta. Mas como diz uma prima nossa que tem um restaurante a beira de uma conhecida praia algarvia quando é interpelada por algum turista lisboeta mais insistente ''Está com pressa para apanhar o comboio??'' e a resposta era... não, claro. Por acaso até tinhamos acabado de sair do comboio... e por isso resolvemos aproveitar o sol e esperar...

 
Analisado entretanto o mapa (onde está assinalado o trajecto daquela manhã) percebemos que o teleférico que queriamos apanhar para ir da zona da Casa de Campo até ao Parque do Oeste ficava ainda longe e por isso (não vou dizer que era também porque tenho medo de alturas...lol) resolvemos atalhar caminho até aos Jardins de Sabatini. Seguimos por uma das ruas principais e ainda parámos frente a um centro comercial junto a uma vendedora de pipas (a quem não sabe é o nome dado às sementes de girassol e afins, naquele caso cobertas de açúcar e com as quais me deliciei) muito simpática que estava admiradíssima de percebermos o que ela estava a dizer. Desculpem-me os espanhóis, mas por muito que me garantam que só nós é que conseguimos ultrapassar a barreira linguística continuo a ter dificuldade em acreditar nisso... Ou terão algum chip a menos que nós???

 

Seja como for a passagem pela zona mais porca de uma cidade que eu alguma vez espero encontrar (passámos por debaixo de um viaduto que estava negro, e sim... a cor original seria o branco, não é só o meu mau feitio a falar) e a subida íngreme (e juro que fuzilo a próxima pessoa que me disser que Madrid é plano) valeram a pena para deparar com este cenário à entrada do Templo de Debod, cujo inteiror também tivemos oportunidade de visitar. Para além do Templo uma paisagem de cortar a respiração que eu não vou mostrar só para vos obrigar a ir lá...

 

Seguimos depois pela Praça de Espanha (pelos vistos também há lá uma...lol)  e descemos a Grand Via a regatear coisinhas no comércio local (tenho uma mochila lindaaaaaa!!!) até à Praça de Santo Domingo (ele não estava lá provavelmente porque era sábado, senão teria aproveitado para pedir uns favorzitos divinos), e depois à famosa Ópera. Tivemos pena não ficar por lá mais dias para podermos apreciar um espectáculo, mas o edifício já de si é grandioso.

 

E com isto estavamos quase na hora do check-in pelo que aproveitámos para descer até ao hotel, passando primeiro por uma das mais antigas casas de Torrão de Alicante para comprar umas 'souvenirs' para a família mais chegada. Recomendamos! O rapaz era simpatiquissimo e os chocolates já me disseram que são muito bons.

 

Feito o check-in deparámos com um quarto muito confortável, que vale de certeza pela localização mas, chamem-me exigente, não acho que o 'Pack Romântico' tenha valido a diferença de preço. Como vivemos amantizados não tivemos lua de mel florida e eu andava com um pouco de desejo de mimo, pelo que quando referiam chocolates (que eu até nem aprecio mas que o gajo devora às paletes) e Champanhe aquilo pareceu-me bem. E toca de imaginar um cenário edílico com a cama coberta de pétalas de rosa e um cabaz de laçarote à espera na cama. Em vez disso a espanhola da recepção disse em tom seco ''Lo Pack Romantico está en el frige''. E sim....  é certo que estava calor e até podiam ter algum receio daquela porcaria derreter, mas custava muito embrulharem os chocolates num papel semelhante (estavam uns com um pacotinho janota e os outros presos por um elástico!!!)?? 

E nisto decido trocar de sapatos e descalço-me, mas antes de me calçar vou ao wc. Erro crasso!! É que junto ao wc havia uma rampa e o chão era alcatifado... daquelas alcatifas meio acetinadas (e sujas como seria de esperar em Madrid), que escorregam comó..... resultado? Se não fosse a cama tamanho XL estar à frente tinha-me logo ali esparramado no chão do quarto sem experimentar sequer o estupido do Champanhe.


Mas deve ter sido o São Sábado que me protegeu e lá me apressei a preparar para almoço. Aproveitámos o PC com net que nos facultam no quartinho (sim, esse luxo foi muito apreciado) para saber dos bebés. Já comeram? Estão bem? Perguntam por nós? Claro que as respostas já sabemos e mais valia nem perguntar... o certo é que quando não estão connosco portam-se bem, comem bem e estão-se a borrifar para a mamã e o papá, mas enfim... ainda temos esperança de um dia alguém nos dizer que fazemos falta... 

 

E nisto lá fomos nós a caminho da Plaza Mayor, que ficava mesmo ali ao lado do hotel, para almoçarmos no tal local indicado pela recepcionista pois, segundo ela, era mais barato que em qualquer outro local e bem mais barato que o mercado de São Miguel onde estávamos a pensar ir mais à noitinha. Chegados à Praça percebemos que aquilo era tudo do mesmo... esplanadas com menus caríssimos, e entre o restaurante recomendado e os outros pouca ou nenhuma diferença havia. Mas pronto... como era recomendado, não conheciamos nada e estavamos estoirados do passeio matinal, lá nos acomodámos debaixo de um amplo chapéu de sol...

 

Facto giro...logo nos apercebemos que os chapéus ali à volta vaporizavam água para cima dos clientes. 

O co-(ir)responsável de ar satisfeito e douto lá explicou que era por causa da falta de humidade em Madrid, mas nem seria necessário porque dava para perceber que um ovinho naquela calçada estrelava em 10 segundos.

 

E falando em ovinhos decidimos optar pelo Menu do Dia (entrada+prato+sobremesa+bebida) e abrir as hostilidades com uns ovos com camarão e umas alcachofras panadas com presunto. Entre uma garfada e outra eis que decidem ligar os aspersores do nosso chapéu de sol e -claro que nestas coisas eu tenho sempre uma graaaaaaande pontaria- não repararam que o tubo estava desencaixado. Nós feitos parvos a olhar e um daqueles jactos a atingir os ovinhos e a respingar para cima do meu gajo!! Já estão a rir? Pois mais giro ainda... máquina fotográfica, carteira e vida inteira em cima da mesa (sabem como o sexo masculino tem aquele automatismo de colocar tudo em cima da mesa??) e eu armada em heroína a tentar resgatar tudo e PIMBA!!! Mais um jacto de água, porque os asnos dos empregados não se tinham ainda apercebido do problema.

 

Mas gaja que é gaja sabe gritar e lá mandei um daqueles avisos sonoros à navegação que até os que estavam lá dentro sairam tipo caracol. Seguiram-se as desculpas, trocaram-nos de mesa, e refizeram as entradinhas em tempo record. Poissssss.... mas e o vinho?? Tinhamos os copos cheios e sobrou-nos o restinho da garrafa.... E diz o empregado que se for preciso vai buscar mais. E eu respondo que nem era preciso perguntar... era preciso!! Mas tadinho... andou tão distraído que tive que fazer carinha de má e chamar outro a exigir o meu branquelas deslavado (não valia nada mas estava fresquito e com aquele calor que bem que sabia só por isso). No final, generosos como são, ofereceram... os cafés!!! lol Mas pronto... já não foi mau, e a comida estava boa, e assim... olha... sempre fiquei com algo diferente para contar.

ESCAPADELA SEMI-ROMÂNTICA - Parte 1: A partida

por twin_mummy, em 05.08.13

Porque antes de sermos pais eramos namorados fazemos questão de celebrar anualmente a data a dois. E se nos anos anteriores o ‘a dois’ resumiu-se a um jantar (um belo jantar, diga-se de passagem, mas ainda assim apenas um jantar) depois dos miúdos estarem na caminha, este ano, e porque a data era também especial, resolvemos aventurar-nos por terras de Espanha.

 

Mas quem tem filhos sabe que nestas coisas nada é simples, e por entre doenças à vez (começou o Pandinha, depois eu e para terminar a Patapon) faltava pouco mais de uma semana quando decidimos arriscar e fazer as reservas. Contra toda a lógica de se viajar rápido quando o tempo é escasso, e porque o interesse era fugir da azáfama diária, optámos pela viagem nocturna no Lusitânia Comboio Hotel. Obvio que tão em cima da hora já não havia o alojamento mais barato e por isso tivemos de desembolsar 146eur por uma viagem em Grand Classe, mas deve ter sido dos valores mais bem gastos da minha vida.

 

Eram 20h00 e já andávamos pela Gare do Oriente meio ansiosos, a pensar o que iria falhar. Por diversas vezes conferimos o bilhete, perguntámos a seguranças e ao pessoal da CP qual a linha e se era necessário mais alguma coisa além das folhas A4 impressas da net (que saudades dos bilhetes à moda antiga!). E não sem uns dias antes nos ter dado um piripaico (como diriam os gestores do Sapo) por constatar que os bilhetes não tinham números contíguos. Sim… eu sei que no comboio, como em tantos outros locais, os pares são ao lado dos pares e os ímpares ao lado dos ímpares, mas nós tínhamos 2 ímpares que não eram seguidos. Foram telefonemas para a CP (que apesar de também vender os bilhetes não sabia informar porque a empresa que gere o Lusitânia é espanhola), e-mails para a Renfe (que nos respondeu que deveríamos escrever em inglês pois não percebem português), até que quase na véspera num telefonema para a linha deles, nos conseguiram desencantar um qualquer estrangeiro com sotaque de leste que falava abrasileirado. Embora não soubesse explicar porquê, garantiu-nos que o compartimento era o mesmo e que eu não teria que dormir com um desconhecido… e eu lá acalmei. 

 

Mas confesso que só às 21h27 em ponto (mais uma vantagem das viagens de comboio é não haver atrasos) ao entregar os bilhete
s ao… bem… não posso chamar simplesmente revisor porque era mais que isso… talvez ‘Gestor de Acolhimento’ (porque aquilo parece MESMO tratamento VIP de Hotel de 5 estrelas) e sermos encaminhados até ao compartimento é que acreditei ser mesmo verdade. Íamos fazer uma viagem de comboio nocturna Lisboa-Madrid durante 10h00 num compartimento exíguo com 2 cadeirões confortáveis que desapareciam por baixo das camas estilo beliche que saíam da parede, e um wc completo colocado em pouco mais de 1m2

Naquele breve instante ainda pensei… se sobrevivermos a isto, talvez seja possível aguentar o convívio por mais 18 anos.

E no entanto todos os receios desapareceram quando ao perguntar ao tal Gestor ‘‘Como é que as camas saem?’’ me respondeu ‘’Não necessita fazer nada, o bilhete inclui jantar e pequeno-almoço pelo que podem ir para a carruagem-restaurante quando quiserem que o jantar já está a ser servido, e enquanto lá estiverem vem cá alguém preparar o quarto e abrir as camas.’’…e PLIM!! Fez-se luz… estava no céu!!

 

Chegados à carruagem restaurante já o comboio estava em movimento e nós ainda a tentarmos equilibrar-nos pelo que foi muto agradável acompanharem-nos de imediato ao lugar. O jantar incluía bebidas, pão, café, entrada, prato principal e sobremesa, escolhidos de entre uma meia dúzia de opções, todas elas com uma descrição deliciosa. E eu só pensava como raio é que a garrafa de vinho se iria equilibrar com o balanço…

 

Apesar da estação do Oriente estar repleta de pessoas que embarcaram para o Lusitânia, a carruagem restaurante ia praticamente vazia, talvez fruto dos preços praticados que me fizeram dar graças pela reserva de última hora nos ter levado a comprar o pacote Grand Classe.

 

Mas na mesa do lado estava um casal de brasileiros com 2 filhos que, não tendo o menu incluído no bilhete, se queixavam não apenas dos preços como da quantidade de comida. ‘’Mamãe!! Você reparou que dizia brócolo em vez de brócolos? Cá está porquê!’’, dizia o rapaz a apontar para um exemplar isolado daquele vegetal, num canto do seu prato. Apesar do pão quentinho estar divinal barrado com a manteiga, ainda questionei se iriamos passar fome. Mas longe disso… A entrada de tomate e cebola estava simples mas apetitosa, o ‘entrecôte’ era servido numa quantidade generosa e não houve qualquer razão de queixa das deliciosas sobremesas. E sabem o melhor? Apesar dos solavancos que faziam oscilar o vinho nas taças não entornámos qualquer gota!! E tudo isto a viajar com uma paisagem nocturna em constante movimento. Haverá melhor?

 

Depois de tal repasto e de bebermos calmamente aquele quer seria, provavelmente, o último café de jeito dos próximos dias, recolhemos ao compartimento onde duas caminhas abertas estilo camarata nos aguardavam. Apesar do espaço exíguo eram muito confortáveis, e cerca de 2horas depois já estávamos perfeitamente adaptados aos embalos.

 

Acordámos noutra terra, com outra paisagem que fazia lembrar o Alentejo. Apressamo-nos a tomar banho naquela que terá sido a casa de banho mais minúscula em que já estive, mas nem por isso deixava de ter todas as comodidades. Desde um kit de higiene que faria envergonhar muitos hotéis de luxo, até secador de cabelo. Tinha de tudo. E tinha um poste no duche, que se numa primeira observação poderíamos pensar ser um acessório para animar a festa, assim que sofríamos o primeiro solavanco ao tomar duche o motivo de tal acessório era mais que evidente. E foi assim, por entre solavancos e abanicos, com uma mão no poste e outra no gel de banho, que lá conseguimos tomar um belo duche e rumar, já completamente restabelecidos, cheirosos e fresquinhos, à carruagem restaurante, onde um farto pequeno-almoço nos aguardava.

 

Deu para comer calmamente, trocar dois dedos de conversa com o empregado de mesa, e constatar que, a meio da noite, o comboio tinha sido invadido por turistas. Curiosamente, ao contrário do que acontece em Portugal, eram na sua maioria, turistas espanhóis a viajarem por terras de Espanha. Seguíssemos nós este exemplo e talvez a economia nacional não andasse tanto pelas ruas da amargura.

 

Mais uma vez com a pontualidade de carril lá chegámos a Madrid às 8h10 da manhã, hora local, corrigida em mais uma hora que a portuguesa. A preguicite aguda que me invadia é que não deixava enganar o corpo, de que era bem mais cedo do que aquilo que me tentavam convencer, e foi com muita nostalgia de deixar para trás a caminha de embalo que pusemos o pé na estação de Chamartin.

As imagens utilizadas neste blog são na sua maioria de autoria própria ou de amigos e familiares, com o devido consentimento. A autoria daquelas que são retiradas da internet será indicada sempre que seja possível fazê-lo de forma inequívoca, mas mesmo assim poderão ser removidas caso o autor o entenda, bastando para tal contactar-me para o e-mail aqui indicado.


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