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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
A minha filha descobriu a verdade sobre o Pai Natal... Como as renas não voam é óbvio que o trenó é puxado por dragões.
Dizia há pouco a mabeca:
-Pai... o Pai Natal quando voa anda de rena?
-Sim.
-Achas que ele me pode emprestar uma?
No fim de semana passado fomos à festa de Natal da minha empresa. Para além de actividades para os miúdos num dos pisos, disseram-me que o Pai Natal estava a distribuir prendas no outro piso. E porque esse era o ponto alto que eles tanto ansiavam, lá decidimos atalhar caminho, mesmo porque a intensa chuvada que se fazia sentir nos tinha pregado uma partida e estavamos meio encharcados e ansiosos por regressar a casa.
Acontece que a fila para tirar fotografias com o dito barrigudo de vermelho era colossal e havia sempre um chico-esperto a atirar a criancinha para a frente das outras, sem qualquer respeito pela vez alheia. Nisto reparo que algumas crianças mais pequenas estavam a ir pela lateral buscar a prenda, entregue pelas mãos da Mãe-Natal/ Duende e achei que não seria má ideia dispensarmos a fotografia. Explicada a situação aos mabecos, de que a foto tardaria em chegar e que podiamos simplesmente ir receber a prenda e regressar a casa, eles concordaram comigo.
Sim, eu sei que todos os pais acham que os filhos deles são os mais lindos do Mundo. Mas acreditem que os meus são uns castiços e como são dois do mesmo tamanho têm uma piada acrescida. E por isso a Mãe-Natal/ Duende não parava de se meter com eles. A Patapon sorria, mas o Pandinha reparei que estava com ar bastante desconfiado, o que nem é normal para ele, que costuma ser um oferecido que mete dó, a distribuir beijos e abraços por toda a gente -mesmo ranhosa- que se encontre no recinto num raio de 2 kms (e nem as garinas se safam sem muitas vezes levar um beijo na boca, mas enfim... outras histórias essas!). Mas ok... todos temos os nossos dias e o puto estava molhado da chuvada...
Nisto, eles insistem que queriam abrir as prendas e eu deixei. Parámos um pouco mais à frente, noutra sala mais arejada, mas nem por isso com menos colegas e respectivos filhos a passarem constantemente de um lado para outro. E foi neste cenário que o puto começou alto e bom som...
-Sabes, mãe... aquela não era a Mãe-Natal. Era só uma senhora vestida com um fato esquisito!
-Hmmm.... pois... A Mãe-Natal se calhar não pôde vir. -tento eu explicar baixinho..
-Mas não eeeeeraaaa!
-Pois não, querido, mas não fales alto sobre isso que há meninos que estão felizes porque acham que é. -apelo eu.
E foi assim que evitei que o puto estragasse o Natal. Recebo uma prendinha extra por isso???
Passar o Natal e o Fim de Ano pelo campo tem destas coisas. Para além da comidinha tradicional, da família reunida, das prendas e da gestão de incidentes com o Pai Natal (pelas prendas que não trouxe e por aquelas que não deveria ter trazido... mas a isso voltaremos em altura mais oportuna), há todo um mundo que se nos depara porta fora. Bem... e porta dentro também, já que a lareira é das coisas que mais aprecio (devo ser descendente da Gata Borralheira).
Já tivemos oportunidade de ir visitar as ovelhas do vizinho e ver os cordeirinhos com pouco mais de 1 semana de vida, e já fomos passear à praia, onde os putos insistiam para irmos buscar uns baldinhos de água às ondas de 4 metros, e que terminou com eles a atirarem areia um ao outro (duhhh, claro que não deveria esperar outra coisa, mas ainda tenho a minha dose de ingenuidade).
Mas o ponto alto (até agora) foi a apanha da laranja. Não é que a malta tenha uma grande herdade, mas os crescidos da casa fizeram questão de esperar pela vinda dos meus mabecos para colherem as laranjitas da árvore que está no quintal. É apenas uma única e singela árvore, mas deu-nos que fazer por uns minutos, e os miúdos bem que se divertiram. E agora que bem que sabem para cortar o sabor dos doces! E a parte melhor? Eles poderem não só perceber todo o trajecto das ditas desde a origem até ao prato, mas poderem sobretudo afirmar com orgulho que foram eles que apanharam.
Fica a sugestão para uma actividade diferente e o incentivo para depois aqui partilharem!!
Amanhã será com certeza um dia interessante. As prendas das avós atrasaram-se e a de anos do Pandinha está retida na alfândega, que está em greve por tempo indeterminado. Claro que muitas surpresas haverá, mas não querendo por aqui levantar muito o véu (porque há cuscos que por aqui passam de vez em quando), anseio sobretudo por ver a cara dos mabecos ao desembrulharem as prendinhas.
Por entre a lista de prendas da Patapon surgem dois pedidos originais: 'Flores para as focas' e 'Mesa de fazer panelas', nenhum dos quais consegui satisfazer, mas terá uma Luna improvisada, conforme já vos tinha contado. Já o Pandinha pediu o catálogo quase completo do Toys'R'Us, que é óbvio que não vai ter, mas espero que a tão solicitada casa dos Playmobil o deixe a delirar ao ponto de não se lembrar sequer do resto.
Entretanto a Patapon, meio à socapa ainda tentava pedir mais umas coisinhas para adicionar à lista, e por entre prendas mais ou menos normais, e a ressalva de que o 'computador rosa' seria a mais importante, surge:
- Quero um baton!
- Querida... tu ainda és pequenina para usar baton...
- Então quero um baton pequenino!
Foi aí que eu vacilei no riso mas ainda me aguentei tempo suficiente para responder:
- Não, também não podes ter um baton pequenino! E olha... com tanto pedido que estás a fazer ainda não me perguntaste o que quero.
- Oohhh... mas tu já tens computador! -diz a Pespineta com ar decidido.
- Sim, tenho. Mas posso querer outra coisa, certo? Um colar, por exemplo... -tento eu convencê-la.
- Eu não sei se o Pai Natal tem moedas para o teu colar...
WHAAAAAAATTTTTT???
Claro que tem!!! Certo, Pai Natal??
Há dias estavamos numa daquelas ondas de perguntas e a Patapon era quase sempre a primeira a responder, como é hábito (já me estou a preparar para gerir o 'efeito marrona' na escola daqui a uns aninhos). Acontece que desta vez o Pandinha estava distraído e demorava muito mais que o normal para responder. Mas muito mesmo...
E nisto o co-irresponsável vira-se para o Pandinha e sai-se com esta:
-Bolas... pareces o internet explorer...
E eu confesso que em vez de o repreender por gozar com o filho acabei por me juntar à risota.
Por isso não será de admirar que este ano o Pai Natal não seja particularmente generoso connosco. Se fosse lá para terras nortenhas estes maus pais receberiam carvão... aqui por Lisboa acho que nem isso.
Resolvi aceitar o desafio 'inspira-me' do sapo e dar-vos a conhecer as nossas (de)corações de Natal, e assim as chamo porque todas elas nos tocam de alguma forma ao coração. Depois de mais uma semana sozinha com os mabecos, seguida de uma semana complicada de constipações e noites mal dormidas, a energia para tratarmos das decorações de Natal não era muita. Por isso confesso que adiei um pouco as coisas, mesmo porque queria que os mabecos fossem parte activa no processo, mas isso requer um grande controle a paciência da nossa parte e, enfim... perdoem-me se sou apenas humana.
Acontece que se muitas pessoas com crianças (hoje em dia é cada vez mais prudente não dizer 'casais') foram praticamente forçadas a colocar as decorações em Novembro (ou mesmo em Outubro, como confessou uma prima nossa no fim de semana passado), a maioria colocou no dia 1 de Dezembro, pelo que para nós começava a ser complicado gerir o entusiasmo dos miúdos. Perante a triste exclamação da Patapon ao ver a porta da vizinha da frente enfeitada:
-Olha, mãe! Ali já é Natal!
e tendo em conta que ultimamente o Pai Natal é uma constante das nossas conversas (a maior parte das vezes para fazer chantagem com eles e assim convencê-los de forma 'pedagógica' a portarem-se bem, mas isso também não vem ao caso...), entendemos que não havia de passar deste fim de semana.
Como a casa é pequena sempre tivemos uma árvore à medida, porque no fundo o que importa é o espírito, certo? Para evitar também grandes elaborações e acumulação de pó (viva as alergias!) recorriamos por isso a uma pequena árvore com galhos entrelaçados, pintada de dourado, a fazer pendent com a estrela que colocávamos na porta. Este ano, por iniciativa do co-irresponsável, metemos mão à obra com os miúdos e resolvemos fazer uma nova árvore. Com 2 folhas de cartão, lápis de cor, e uns tubos com gel e purpurina colorida, não poderiamos ter ficado mais orgulhosos do resultado.
De resto a estrela da porta permaneceu, e colocada em família como nos anos anteriores. Começa a ser uma tradição que eu espero que se mantenha por muitos anos (nem que tenha de os subornar!).
Persistem também as decorações que adquirimos quando remodelámos a sala e que combinam com a escandalosa parede vermelha (aproveito para dar um recadinho ao pintor que andou a sugerir salmão... não, ainda não estamos fartos!), e que no fundo nos recordam tudo o que passámos desde que estamos juntos (nunca se metam em obras!).
E a fada (ou duende ou lá o que quiseram chamar) que comprámos para 'o bebé' numa feira de artesanato quando descobrimos que estava grávida, mas longe de saber que seria de gémeos. Devia ter desconfiado ao ver que no cestinho ela traz mais que uma pinha...
Depois temos alguns apontamentos simples espalhados pela casa, como estas árvores de Natal que foram herança das decorações dos meus tempos de solteira (será muito mau dizer... que saudades?? hmmm...).
Temos as usuais luzes para não destoar dos outros lares portugueses e que tão bem conjugam com as edições especiais do Homem de Ferro e dos meus queridos Watchmen (este gosto das edições especiais é felizmente um dos muitos partilhado com o co-irresponsável).
Novidade das novidades, este ano uma excelente aquisição, na IKEA, por apenas 3,99€. Tem a grande vantagem de funcionar a pilhas, e graças às ventosas dá este efeito especial ao espelho da casa de banho. A desvantagem é que de vez em quando se solta uma ventosa e quando isso acontece à nossa passagem é difícil conter os gritinhos histéricos.
Gostava também de vos mostrar o Pai Natal e o boneco de neve que os pequeninos trouxeram do berçário no nosso primeiro natal em família, mas os bonecos são tão patuscos que eles ainda não os largaram, e até dormem com eles. E assim fica concluida a 'tour cá por casa.
Com isto até achámos que estava giro, simples e original. Até vermos a árvore dos nossos amigos Tiago e Alice. Graças à minha completa ignorância em relação às novas tecnologias (e por novas quero dizer desde o tempo do VHS até ao presente), não consigo carregar o vídeo, mas acreditem em mim que o efeito das luzes a passarem pelas rodas é sublime, pois dá uma sensação de movimento incomparável a qualquer outra 'árvore'.
A eles os meus parabéns pela originalidade e o desejo de que para os próximos anos, com a chegada do novo elemento da família, nos consigam continuar a surpreender... a 3!
E a todos vocês que por aqui andam, mais comunicativos ou mais envergonhados, votos de um Natal muito inspirado!!
Sim, é verdade que toda a gente fala no Pai Natal. Sim, é verdade que ele não existe e por isso todos vocês, ao invocarem a dita criatura, estarão a mentir aos vossos filhos, afilhados, sobrinhos... Shame on you! Mas aqui reconheço que levámos o fenómeno mais além e fazemos chantagem usando o senhor das barbas. Não, não é o António Ramos, fervoso adepto do Benfica, e proprietário do restaurante 'O Barbas' que mora na Costa da Caparica, é mesmo o Nicolau que vive no Pólo Norte e pelo que sei tem uma fábrica de brinquedos onde explora elfos ou duendes ou anõezinhos (já ouvi diferentes versões do fenómeno), e que se morasse na China era apedrejado, mas no Pólo Norte já não faz mal.
E o que tem isto a ver com Deus? Pois para além de dizerem que tem barba, à semelhança de Deus, o Pai Natal é omnipresente. E por isso vê qualquer disparate que eles estejam a fazer, mesmo quando a mamã e o papá não estão por perto (no meu tempo era o menino Jesus). E como é uma pessoa justa (tal como Deus... hmmm... começo a notar aqui demasiadas semelhanças... queres ver que... enfim!) também sabe recompensar quem se porta bem e castigar quem faz mal. Por isso risca prendas da lista a cada mau comportamento e acrescenta mais uma a cada gesto bondoso (esta última parte é a tal tanga da minha autoria... o resto não sei quem inventou).
Agora claro que os miúdos nestas coisas não são tão ingénuos como a gente pensa e -vá-se lá saber porquê- por vezes duvidam da sua existência (da do pai Natal, ok?). Não os critiquem por favor porque no fundo tantos católicos em momentos de maior dor também questionam a Sua existência (neste caso é mesmo a Deus que me refiro) e eu própria duvidei que o menino Jesus fosse real porque a chaminé da minha casa era demasiado estreita para ele espreitar por lá, e de qualquer forma também não me fazia sentido alguém tão virtuoso andar a espreitar para casa das pessoas. Por isso aqui há dias, num daqueles momentos de sarrafada entre os mabecos, dei por mim a repreendê-los e a alegar que o Pai Natal já estaria a questionar qual das prendas ia retirar da lista, quando o Pandinha se sai com esta:
-Não está nada a ver!
Ora como eu não gosto de passar por mentirosa e a chantagem do pai Natal tem dado tanto jeito, dei por mim a magicar como deveria convencê-lo do contrário, e já andava a planear ir a um qualquer Centro Comercial tirar uma foto com o velhote das barbas (o Pai Natal, certo?) para os convencer. Mas eis que surge uma oportunidade de luxo ao ir buscá-los à escolinha. Confesso que sou um pouco cusca e questiono-me sempre o que é que os meus filhotes farão por lá na minha ausência, e por isso quando eles estão no refeitório (que tem vidros espelhados) aproveito para os observar incógnita por alguns instantes. Então não é que assisto a um cenário dantesco de palmada e dentada entre o Pandinha e uma menina da turma dele? Assim que a educadora virava costas lá ia fiambre! E não pensem que era só ele a dar, mas seja como for, sempre lhes tentei ensinar que o facto dos outros nos baterem não pode ser nunca justificação para devolvermos o gesto. Pelo menos esse ensinamento de catequese ainda por aqui ficou gravado, já o dar a outra face... bem... não me estou própriamente a candidatar a santa, pois não?
Por isso assim que os mabecos vieram ao nosso encontro fiz um ar triste e pesaroso.
-O que foi, mamã? -perguntou logo a Patapon.
-Estou triste com o teu mano! O Pai Natal veio-me contar que ele bateu na Carolina quando estavam no refeitório. -e virando-me para ele perguntei- É verdade?
Pois garanto-vos que a cara de espanto que ele fez perante o confronto com a dura verdade mas, mais que isso, com a prova de que o Pai Natal era omnipresente, foi impagável. Acho que se o miúdo tivesse um buraquinho ali por perto iria de certeza imitar uma avestruz. Mas como em vez disso me tinha a mim a fitá-lo acabou por dizer:
-Eu não bato mais, mamã! Eu porto bem!
Sim, eu sei que esta ingenuidade não irá durar muito tempo, e sim também sei que mais cedo ou mais tarde ele irá perceber que se vê através daqueles vidros unidireccionais. Mas tal como dizem 'Até ao lavar dos cestos é vindima' e por isso a malta vai aproveitando para encher a barriga de uvas, ou seja, para o aldrabar. Melhor que isso é que ele tem procurado cumprir a promessa, e sempre que a mana (que esta semana, como já vos tinha referido, anda bastante afectada com a ausência do pai) se porta mal ou faz algum disparate para chamar a atenção ele argumenta logo:
-Não fui eu, Pai Natal! Eu porto bem!
Diz a Pespineta:
-Mamã! Quero um computador!
-Um computador é caro, querida. Custa muitas moedas. Mas sempre podes pedir ao Pai Natal.- digo eu.
-Sim, põe na lista de prendas que queres para o natal. Pode ser que o Pai Natal traga. - explica o co-irresponsável.
-Um para mim e um para o mano?
-Sim, podes pedir para ti e para o mano.
(pausa)
-O Natal é amanhã??