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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Confesso que sempre gostei do meu 'Time out', de estar sozinha a descansar, a escrever, a babar-me no sofá. Hoje em dia tal torna-se cada vez mais difícil, e não... não é pelo simples facto de ser mãe, pois para tal existem os avós, o pai, a vida profissional e escolar que nos afasta deles em determinado momento. Continuo a ter os meus momentos sem eles (e claro que cheia de saudades deles, mas isso é outra conversa). O problema agora são mesmo os Pokémons.
Recordo-me do tempo em que estavam confinados a cartas, e sim, recordo-me bem pois - e oh! pasmem-se agora e abram as bocas de admiração- fui Gym Leader de Pokémon. Basicamente quer isto dizer que somos babysitter de putos que jogam às cartas, e que por muito que se tente explicar que não é apenas colocá-las ao molho e atirar uma a ver se aterra no topo, nem sempre somos bem sucedidos com a tarefa, e damos por nós a ajeitar o molho das ditas. Não importa pois era bem paga e o trabalho em si não era perigoso.
Ora, passam-se cerca de 20 anos e a coisa muda, e de que maneira. Hoje em dia vivo no terror. Quem me conhece sabe que o telemóvel que uso diariamente é um velhinho Nokia (que se carrega uma vez por semana, tem sempre rede e se cair é só encaixar de novo as peças), que obviamente não dá para instalar a App de que todos agora falam. Agora imaginem... como é que posso andar pela estrada fora sem ter a certeza que não estou a tropeçar num Snorlax? Como é que posso estar à vontade no wc sem saber se um Squirtle me mira de dentro da banheira, pronto a atacar com o seu jacto de água? Pior ainda... como sair à rua sem ser electrizada por um Pikachu?
Onde fica a nossa privacidade no meio de tanto Pokémon?
Quem nunca passou pela experiência de vestir um fato de mascote não sabe do que falo, mas para quem se considerar corajoso, é das experiências mais assustadoras que alguém pode ter.
Há muito, muito tempo, era eu praticamente uma criança (ou assim gostava de pensar), quando o jogo de cartas do Pokémon foi lançado. Estavamos a trabalhar para a editora, e tinhamos ao dispor (eu felizmente não, já que o meu papel na história era outro) um fato do Pikachu e um fato do Poliwhirl.
O do Pikachu era basicamente uma bola enorme e amarela e uns sapatões colossais (com que chegaram a fazer das corridas mais cómicas que alguma vez assisti), mas o outro... bem... imaginem-se num fato de lycra azul, com apenas um disco estilo chupa-chupa a proteger-vos da cara até à cintura. Mesmo assim, num dos eventos, quem sofreu mais foi o Pikachu, pois talvez por ser dos mais queridos das crianças, tinha direito a gelado simpaticamente enfiado pela boca dentro.
Ora... nem é preciso perceberem muito do assunto para saberem que é por aí que o desgraçado respira e vê. E foi assim que o meu amigo Isidro (desculpa lá de te identificar mas mereces a homenagem) teve que limpar o gelado que lhe toldava a visão e dificultava a respiração.
A parte mais entusiasmante da coisa -e fica a dica para quem precisar de fazer dieta- é que aquilo, mesmo em ambiente protegido dos raios solares e ventilado, é a coisinha mais quente que alguma vez vi. Ao fim de 1 semana o Isidro tinha vários quilos a menos e muito mais musculatura (não só pelo peso do bicho, mas por ter de fugir dos pequenos que ofereciam gelados).
E porque me recordo eu disto agora? Por causa do dia da criança, e por causa do Leo. O Leo foi hoje a vítima dos meus filhos. O Leo teve de fugir dos meus filhos, o que não foi tarefa fácil, já que estava um agarrado a cada perna.
E por isso, a quem quer que estivesse dentro do Leo, fica aqui o meu muito obrigada, e a minha sincera homenagem por ter ainda tido forças para lhes pegar ao colo e dar aquele sentido abraço que fez todas as celebrações do Dia da Criança valerem a pena. Por ter tido energia para rugir, por ter tido coragem para reaparecer depois da merecida pausa.
A todos os Pikachú, Panda, Sapo, Leo e afins desta vida: obrigada por fazerem tantas crianças felizes e obrigada por se conterem de lhes dar um pontapé!
São os meus heróis!