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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Por certo já repararam que as bicicletas, em tempos quase esquecidas, estão agora na moda e quase se tornaram objectos de culto. Mas o cenário é bem diferente do que era há uns anos atrás.
Recordo-me daqueles velhos tempos em que andávamos de BMX e pasteleiras -estas últimas herdadas dos pais ou dos irmãos mais velhos- pela rua fora, simplesmente porque sim. Ouvia-se o barulho das velhas buzinas, ou da última novidade que eram as campainhas infantis (na altura haveriam, se tanto, 2 ou 3 modelos diferentes mas nem por isso a malta reclamava da falta de diversidade), mas sobretudo das cartas.
Sim... tempos houve que as 'modificações' que se faziam nas bicicletas não mais eram que o trocar do selim por um mais confortável ou o decidir se punhamos um Às de copas ou um 7 de espadas a trinar plos raios. E a forma de os prender era com um daqueles objectos de design sofisticados chamados... molas da roupa, gentilmente cedidas pelas nossas mães.
Pois eu tinha uma linda BMX White que, como o nome indica, era branquinha. Desde o selim ao quadro, passando pelos pneus, era tudo de um branco alvo e, sem qualquer amortecedor, contrastava com um modelo mais 'popularucho', a famosa BMX Sirla, em tons de amarelo e vermelho e com um amortecedor descomunal. Custou uma pequena fortuna aos meus pais, e uma viagem inesperada a Torres Vedras, onde tinhamos ido fazer a escritura de um terreno. Vi-a numa montra e não resisti.... pedi! E pedi, e pedi e... e depois não te queixes, Twin, dos putos terem herdado esta faceta...
Mas foi uma boa compra, deu-me para toda a infância e adolescência, deu para a dos meus sobrinhos e, de pneus trocados, espero que ainda dê para os meus filhos. Não será é da mesma forma...
No meu tempo não havia capacetes (quer dizer... havia mas ninguém usava, correndo o risco de ser vaiado por todos e apelidado de 'florzinha de estufa'), muito menos protecções para joelhos e cotovelos, e as armaduras eram coisa daqueles poucos malucos que participavam em campeonatos todo o terreno. Lembro-me de andar esfolada, de joelhos em sangue, a combinar com os dos meus amigos. Lembro-me do Pedro, que caiu na gravilha e foi a derrapar por alguns metros de focinho no chão. O equipamento era o de quem passava as férias de Verão a alguns metros da praia, ou seja, calções... e por isso a brincadeira custou-lhe uns banhos de mar um pouco mais... interessantes. Mas acham que algum de nós se queixava? Que nada! Fazia parte! Não eramos ciclistas profissionais nem tinhamos qualquer ânsia de o ser... eramos apenas 'Biciclistas' a passear de bicicleta...
Hoje em dia é impensável deixar-se um puto ir para a rua sem praticamente se conseguir mexer de tanto equipamento (e hoje em dia há equipamento girissimo para miúdos!). Por um lado porque pai que é pai deve mostrar que se preocupa com estas coisas da segurança infantil, por outro porque -convenhamos- os carros já não se desviam. Melhor ainda... recentemente o marido da minha sogra foi vítima de atropelamento ao circular de bicicleta porque uma senhora condutora de um enlatado, para se desviar de um autocarro, atirou-se para cima dele.
Mas ainda há outro fenómeno... é que hoje em dia há bicicletas de titânio, com pisa-pés de competição para as manobras, guiador e selim feitos por encomenda, e mesmo nas versões base atingem velocidades que antigamente seriam parte de algum filme de ficção científica, de anos muito distantes tipo 'Espaço 1999'. Não são baratas, é certo... são bem mais caras que a minha BMX White (embora com esta moda dos anos 80 a proliferar, qualquer dia ainda me sinto tentada a vender a minha por umas centenas de euros), mas mesmo assim estão disponíveis para o cidadão comum. E há campeonatos, claro, e há skate parks, e há manobras em corrimões e... Ai! isto vai-me custar tanto!
Depois... depois há uma nova classe, em tudo semelhantes aos ciclistas mas com um extra na atitude, e não necessariamente para melhor. Os 'Ultraciclistas' serão aquele tipo de gente que anda de bicicleta mas completamente equipados como se estivessem na Volta a Portugal, e com a mania que andam de tanque, isto é, que podem passar por todo o lado, abalroar quem quiserem e respeitar apenas as regras de trânsito que lhes forem convenientes. Na Expo há aos magotes! É vê-los barafustar com os automobilistas que, à luz da nova lei, não lhes dão a devida prioridade nas rotundas para depois, metros à frente, subirem o passeio em plena passagem de peões ou rasgarem um sinal vermelho. Porque para umas coisas são ciclistas, ou mesmo 'biciclistas', para outras uns inatingíveis 'Ultraciclistas'. E isto irrita-me!
Irrita-me ao ponto de ter vontade de os abalroar com o UMM que tive em tempos, não para os magoar ou fazer cair, mas para apenas os fazer parar, saltar do meu UMM de baralho de cartas em riste e perguntar:
-Então escolhe lá se queres que te prenda um Às de copas ou um 7 de espadas à pala do capacete? Só para ires a levar estaladões na focinheira todo o caminho...
E depois de tantas destas manobras que presenciei nos ultimos tempos não é de admirar ter visto há dias uma patrulha da GNR de bicicleta (e esta não me arrisco a catalogar porque conheço um e não lhe quero ferir o ego -ahahaha!) mandar parar um puto que -Ai, meu Deus!- circulava de bicicleta fora da pista das ditas. Meus senhores... há que distinguir que era apenas um Biciclista, um puto que tinha o azar de morar num dos Bairros mais finórios de Lisboa, mas... apenas e tão só um puto que andava a dar uma voltinhas na sua 'bina'! O Ultraciclista, esse... já lá ia à frente, por ter passado com o vermelho!