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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Aqui há dias mudámos os brinquedos todos que andavam espalhados pela sala de estar para o quarto deles, pelo que agora eles acabam por ir brincar para lá. Anteontem, depois de estarem na galhofada um grande período no quarto, a Patapon aparece a querer envolver-me na brincadeira com uma carinha meio séria meio a rir, e a gritar:
-Anda ali um lobo! Mamã... salva-me!
-Um lobo? -perguntei eu- Deixa estar que eu vou já lá ralhar com ele!
E nisto, quando me levantava do sofá para onde tinha caído exausta há menos de 5 minutos, aparece o Pandinha, como que a galopar num cavalo imaginário e diz para a mana:
-Podes vir brincar, que eu comi o lobo! Nhaaaaaaaacccc!
Não poderia deixar passar em claro os já 70 anos de 'O Principezinho'. Certamente que já todos ouviram falar, mas infelizmente nem todos leram e por isso fica aqui o desafio para 2014: ler ou reler aquela que é a obra mais traduzida do século XX.
Apesar de ser considerado um livro infantil, foi já na minha adolescência que tomei contacto com ele. E marcou-me.
Numa versão mais simplicista fala de um príncipe que vive num pequeno asteróide, e que nas suas viagens interplanetárias calha de se encontrar com um piloto caído no deserto do Saara, e aproveita para contar a sua história.
Se o lermos de uma forma mais atenta e aprofundada, coloca-nos perante os inúmeros dilemas da vida, como o isolamento, a monotonia, o ter de se cuidar de algo frágil como uma rosa, e que nem sempre retribui da melhor forma. Fala da importância da disciplina, de não descuidarmos de cuidar de quem gostamos, e de apreciarmos cada pequena coisa, como um simples por do sol. Sobre os laços que se criam e a dificuldade que temos em dizer adeus a quem se gosta, que no fundo se traduz num certo egoísmo e egocentrismo que é preciso combater, quanto mais não seja por respeito a tudo aquilo de bom que essa pessoa trouxe à nossa vida.
Numa versão mais alternativa será apenas um E.T. deprimido e chato, que em vez de ligar para o 112 e pedir auxílio para o piloto caído, decide melgá-lo com uma história interminável enquanto exige desenhos.
Eu tenho dias que simplesmente nem tenho coragem para o ler e outros em que o leio e releio, tentando não me esquecer daqueles valores básicos da vida, e que fazem com que no fundo ela faça sentido, apesar de todas as adversidades. Em jeito de conclusão, e porque nada do que eu escrevesse aqui poderia sequer aproximar-se daquilo que foi escrito por Saint-Exupéry, ficam algumas frases chave, daquele que é o meu capítulo preferido, e que fala do encontro entre o Principezinho e uma 'simples' raposa astuta.
Dizia a raposa: 'Por enquanto, para mim, tu não és senão um rapazinho perfeitamente igual a outros cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto, para ti, eu não sou senão uma raposa igual a outras cem mil raposas. Mas, se tu me cativares, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E, para ti, eu também passo a ser única no mundo.' (...) 'Tenho uma vida terrivelmente monótona.' (...) 'Mas, se tu me cativares, a minha vida fica cheia de Sol. Fico a conhecer uns passos diferentes de todos os outros passos. Os outros passos fazem-me fugir para debaixo da terra. Os teus hão-de chamar-me para fora da toca, como uma música.' (...) 'Só conhecemos as coisas que cativamos.' (...) 'É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim, em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas todos os dias te podes sentar um bocadinho mais perto...'
Por isso, para evitar mal-entendidos por aqui me fico por hoje... votos de um dia cheio de Sol a todos os que me cativaram!!