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O construtor

por twin_mummy, em 28.04.17

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Depois de me terem origado a mim e ao co-irresponsável a ir buscar incontáveis baldinhos de água para por na piscina escavada no areal da praia, a Patapon vira costas, atira-se para o areal e começa a agitar os braços para fazer anjinhos na areia. Diz o Pandinha:

-Então e a piscina?

-Já está boa.

-Não! Temos que alargar e fazer um muro a toda a volta.

-Olha! Faz tu! Eu estou farta.

-Mas a piscina é dos dois. Tens de ajudar.

-Eu? Eu não. Eu quero ser veterinária e não vejo aqui nenhum animal. Mas tu como queres ser construtor, constrói-me aí uma piscina.

Uma questão de sorte

por twin_mummy, em 29.12.13

Correndo o risco de ser apedrejada na rua há uma coisa que tenho mesmo muita necessidade de dizer: Nem tudo é fruto do acaso ou sorte!

 

Ultimamente deparo-me com imensas pessoas que, atraídas pelo 'factor gémeos', não se abstêm de comentar que acham imensa piada, mas também que eu tenho 'Muita sorte por eles serem assim calminhos', que é como quem diz... bem educados, certo? É que para mim não é uma questão de 'sorte' nem de genética, mas de educação. E de regras, e de rotinas, e... de trabalhinho! Como diriam em locais bem mais campestres há que semear para colher.

 

Reparem... com isto não quero dizer que não tive 'sorte' com os putos que me calharam. Claro que tive! Mas tive no sentido em que são saudáveis, o que facilita muito tudo o resto. Agora dêem-me um pouco de crédito e coloquem pelo menos a possibilidade de que o facto deles se encostarem ao fundo do elevador de imediato assim que entramos não será apenas acaso mas fruto da educação que lhe tentamos incutir. Foram meses a fio a jogar ao jogo das lapas. E sim... serem dois facilita no sentido em que há sempre uma competição para ver quem consegue imitar melhor uma lapa, encostadinho ao fundo do elevador. Mas mesmo com um também dá, desde que entremos na brincadeira também.

 

E claro que também tenho dias em que passo vergonhas perante um vasto auditório de pessoas que se escangalha a rir enquanto os mabecos se esfregam no chão da escola, esperneiam e dizem 'Não quero iiiiiirrrrrrreeeee!' ou 'Quero iiiiireeeeeeee a pé!' (sim...o 'quero' e o 'ir' costumam ser denominadores comuns nas birras dos meus putos, em que também temos a versão 'Quero iiiireeeeeeee para casa da avó' quando os repreendemos, ou 'Quero iiiireeeeeee para a praia', quando chove a potes), e claro que também há noites em que me dão a volta com muita pinta e me fazem trocar-lhes as fraldas 3 ou 4 vezes antes de dormir. Mas sei que é tanga, e tenho plena consciência de que ceder não é o melhor para eles, embora aquelas carinhas angelicais façam derreter o coração de qualquer um, e a experiência dos quase 3 anos lhes dêm já argumentos muito válidos. Recordo muitas vezes as respostas prontas da 'Mafalda'.

 

Por isso se cedo é sempre a excepção e não a regra. Porque as regras fazem falta a todos, e ainda mais quando se tem gémeos. Mesmo que nos doa um pouco por vezes termos de ser assim, há que pensar que será por um bem maior.

 

E sim, tenho forma de comparação, pois tenho dois sobrinhos que por serem de idades diferentes, e por os poder despachar ao fim do dia quando já estavam a ficar rabujas, pude mimar à vontade. Sobretudo com o mais velho tive a oportunidade de o embalar ao colo ao mínimo gemido, e ao mais novo gosto de lhe dar uma prendinha inesperada de quando em vez. E faço-lhes toneladas de lasanha, e deixo-os comer quilos de gelado se assim o quiserem. Mas por exemplo não os levo às cadeias de Fast Food nem que a vaca tussa. Porque acho que a comidinha de casa é bem mais saudável, e podemos fazer as nossas próprias pizzas e hamburgueres, mas felizmente também temos pertinho uma boa pizzaria e hamburgueria caso queiram arejar um pouco. É uma questão de princípio e sim, de início foi complicado não ceder à solução mais simples. Mas hoje em dia já nem pedem sequer e penso que já diferenciam bem as alternativas pela qualidade.

 

Também a hora de deitar por aqui é sagrada. Desde cedo lhes expliquei que para crescer e ter energia para o dia seguinte há que comer e depois descansar. Não pensem que os obrigo a comer pois se já era da opinião que essa não é de todo uma prática construtiva (muitas crianças há que assim ganham aversão à comida), o facto de ter gémeos faz com que não haja sequer tempo para se estar a insistir durante uma hora que o menino coma a carnixazita e a fazer aviõezinhos. Havendo duas bocas para alimentar, duas fraldas para mudar, e dois mabecos para por a dormir tudo o que possa facilitar a vida é bem vindo. E por isso recordo-me daqueles primeiros tempos em que colocava a comida no pratinho e era uma colherada a um e uma colherada a outro. Enquanto um abria a boca o outro mastigava. Assim que começaram a querer pegar na colher sozinhos tanto melhor. Fazem uma chavasquice a toda a volta mas aprendem a desenrascar-se, e isso a meu ver é essencial para a vida. E a rotina do dormir também está cada vez mais interiorizada. Embora haja dias e noites (e dias e noites e dias e noites) em que me salta um berro boca fora, com um rotundo 'ACABOUUU!', na maior parte das vezes confesso que me dá um certo gozo vê-los todos crescidinhos a pegarem num brinquedo e num livro, lerem por 5 minutos e depois dizerem 'Já estááááá, mamã!'.

 

Por isso quando me dizem que é mera sorte ou me sinto um pouco a rainha má, tento pensar que faço o melhor que sei, e que espero que os ajude pela vida fora a viverem numa sociedade com cada vez mais regras. E com as rotinas e o tempo bem gerido é sempre possível encaixar-se um período para as brincadeiras, para os mimos, ou simplesmente para desafinarmos em cantorias tolas, de músicas inventadas não só por mim, mas já por eles. É bom vê-los crescer, e sim... nesse sentido tenho uma grande sorte!!

As imagens utilizadas neste blog são na sua maioria de autoria própria ou de amigos e familiares, com o devido consentimento. A autoria daquelas que são retiradas da internet será indicada sempre que seja possível fazê-lo de forma inequívoca, mas mesmo assim poderão ser removidas caso o autor o entenda, bastando para tal contactar-me para o e-mail aqui indicado.


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