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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Trancada em casa com ambos os putos com varicela e.... constipados 'comócaraças'! (acho que ainda não tinha referido esta segunda parte). A água já faltou 2 vezes esta semana, e ontem, depois de ter a muito custo conciliado as tarefas domésticas diárias todas de forma a ainda me sobrar 5 minutos para limpar o chão da cozinha e da casa de banho, até fiquei admirada de termos conseguido jantar sossegadamente e dos putos terem ido para a cama sem chatice.
Mas fiquei por pouco tempo. Eram umas 23h00 quando oiço o Pandinha a tossir fortemente por causa da expectoração. Cheguei 1 minuto tarde demais, quando a cama já estava parcialmente vomitada. Depois foi o pijama dele, o meu e claro... o chão da casa de banho! Tudo limpo, medicação dada à meia noite e lá vou eu tentar descansar. Tudo calmo até às 6h00. Já deveria perceber o que me esperava... vou para dar a medicação das 6h00 e ele estava cheio de chichi. Ele, a cama, o edredon...
E depois de uma manhã a arrumar roupa, respiro um pouco de alívio com os putos a dormirem a sesta e até ouso sentar-me no sofá a ver um programa de 'crescidos'. Nisto ela acorda aos gritos:
-Mamããããããã!! Fiz chichi na cama!
Já lá vão 3 máquinas de roupa e ainda não vejo a casa com ar de arrumada. Não posso deixar de pensar naquelas duas frases que tanto tenho ouvido na última semana:
-Ainda bem que estão os dois com varicela ao mesmo tempo!
-Mais vale terem agora que mais tarde!
E aqui fico eu, ansiosa pela Escarlatina, Papeira, Sarampo...
Sorte? Sorte era ganhar o Euromilhões!
Os dois putos com varicela e constipados (para ajudar à festa), eu trancada com eles em casa desde terça e com noites mal dormidas já desde Domingo, depois de uma semana em que eu própria estive com uma infecção nos brônquios que mal me deixava mexer e respirar.
De 5 em 5 minutos pedem-me alguma coisa, embirram um com o outro ou simplesmente deixam cair alguma coisa que eu depois tenho de limpar. Depois de uma manhã atribulada dizem que vão para o quarto brincar os dois.
Sento-me na sala e pego no PC a ver se descanso a cabeça um pouco, enquanto o chão da cozinha seca e a máquina acaba de lavar. Já perdi a conta ao número de vezes que limpei ranho, rabos, pus pomada e dei medicação. Já não tenho força nos braços nem nas pernas. E nisto aparece-me o Pandinha:
-O que estás a fazer?
-Estou a ver se descanso um bocadinho.
-Então dá-me o meu computador que eu venho descansar para ao pé de ti!
Isto foi há 2 minutos e já cá está também a Patapon... Acho que vou limpar o pó...
Nova secção do blog para animar a malta. 'Técnicas dos Mabecos' foca aquele tipo de situações em que nos tentam dar a volta (e que por norma resulta). Por favor não deixem os vossos putos tirar daqui ideias. Eu não me responsabilizo, ok?
Pois nesta manhã soalheira dedicada às tarefas domésticas (a propósito... era bom que em todas as penas de trabalho comunitário houvesse uma percentagem de trabalho doméstico que era para eles verem como custa e para nós termos uma folga, mas enfim... outras lutas) fiquei com a plena consciência de que uma das armas mais válidas que os meus mabecos têm é a 'cara de biscoito'. Ou de bolacha, ou como lhe queiram chamar. Basicamente é aquele tipo de carinha que eles fazem quando querem uma guloseima.
Claro que tudo isto só faz sentido depois de umas horinhas de bom comportamento, e resulta sobretudo se nos apanharem a meio de alguma tarefa que gostaríamos de ver terminada.
Estava eu quase a acabar de limpar o fogão quando me aparece o Pandinha a sorrir cozinha adentro. De repente põe aquele ar de criança esfomeada, encolhe o ombrinho, faz um esgar de boca enquanto franze o nariz, e diz:
-Dá-me um biscoito!
Assim... como se o resultado em si fosse já uma certeza. E eu juro que tentei manter-me séria e rígida, e ainda comecei a explicar que estava quase na hora de almoço. Mas ele intensificou o olhar, e eu dei por mim a esticar a mão direito ao frasco dos biscoitos. Mesmo para quem ainda não tem mabecos a cirandar pla casa, é senso comum que não se nega comida a uma criança esfomeada, certo? E essa foi a minha desculpa.
Confesso que depois de uma gravidez gemelar e 3 anos de convivência com estes dois projectos de gente, sempre que as coisas correm bem e eu os consigo dominar no meio do caos me sinto um pouco a Super-Mulher. Mas hoje, depois de 2 biscoitos, 3 bolachas Maria e 2 bolachas do gato (são as bolachas infantis do Jumbo que têm a forma de...gato!) tive a plena consciência que a 'cara de biscoito' é a minha kriptonite.
Por isso acho que vou passar a andar de óculos escuros em casa...
Aqui há tempos, num daqueles momentos em que achamos que os miúdos parecem ter tirado o dia para nos infernizar a vida, o co-irresponsável queixava-se por já não saber o que fazer, e que já teria esgotado a paciência. Acabámos por ter (bem depois deles se terem ido deitar e de termos conseguido recuperar neurónios suficientes para voltar a falar) uma daquelas conversas mais filosóficas em que introduzimos o conceito da 'dose diária de paciência'.
A teoria é simples... imaginem como que uma caixa onde cabem todas aquelas respostas 'Que giro, amor' que vociferamos entre-dentes quando deparamos com o Pandinha a fazer obras de arte na parede, ou quando percebemos que a Patapon, ao tentar comer sozinha, parece ter rebentado com uma bomba no prato da comida e espalhado quase todo o conteúdo no metro quadrado que a circunda, num chão acabadinho de lavar. Ora a caixa tem um limite. Podem caber lá 10 frases fofuxas, 20 inspirações profundas, e 40 desviar de olhos, ou até mesmo o dobro destas doses, mas haverá um ponto a partir do qual já não haverá conteúdo na caixa, e acabamos por explodir, ou implodir... sei lá!
E por muito conteúdo que haja, por muito treino e preparação para termos uma graaaaaande caixa, acreditem que quando se tem gémeos na fase dos 2 anos (os famosos 'terrible two') aquilo esgota-se num instante.
Acontece que quando somos mães parece que a tal caixa se torna quase ilimitada. Não é que por vezes não acabe por perder a paciência mas isso ocorre bem mais ocasionalmente do que eu pensava alguma vez ser possível. Acho que nestes quase 3 anos de convívio com os mabecos deve ter acontecido umas 5 ou 6 vezes. E como se consegue isto? Não sei... Mas dou por mim às vezes, no meio do caos, com os gémeos a gritarem um com o outro e a morderem-se, a sussurrar: 'Pronto, pronto! Vamos lá falar um pouco.' E juro que nao me reconheço. Onde está a Miss Impulsiva? Onde está aquela pessoa que nunca teve paciência para estar horas a fio na mesma actividade, quando acabo por ficar uma eternidade a brincar com legos ou a ser vítima dos penteados deles?
O co-irresponsável tem momentos. Tem momentos em que consegue e acaba por me salvar, e outros em que parece ficar vermelho como os desenhos animados. E eu nem me posso queixar porque ele avisa: 'Tenho que sair', e vai quanto mais não seja para o wc. É uma sublimação engraçada esta, em que a cumplicidade que desenvolvemos ao longo destes 18 anos (daasssssss) acaba por se reflectir nas palavras que não necessitam ser proferidas. Sei, quando ele diz isto, que está no limite, e que precisa de respirar.
As quantidades monumentais de fraldas que se gastam cá por casa também lhe dão uma desculpa muito válida para ir à rua. E eu percebo-o. Filho único, sempre brincou sozinho a fazer diálogos de um tropinha para outro (claro que já desconfiei disso, mas ainda não tenho provas que seja esquizofrénico), que sempre foi mimado pela titi, pela mamã, pela vovó... e agora vê-se com dois mabecos que até lhe roubam os 'brinquedos' dele, que sujam, dessarrumam, gritam e barafustam, e quebram aquele silêncio que ele tanto valoriza. Muito equilibrado anda ele... lol
E eu? Eu tenho uma mana mais velha. Ela torturava-me com as brincadeiras das mercearias em que ela era sempre a dona 'Ou não brinco contigo'. Nunca soube o que era estar sozinha até ir para a faculdade. E bem que gostei desse tempo, e bem que por vezes sinto também necessidade de fugir, e saudades do silêncio, mas quando eles estão presentes juro que já tentei, mas não consigo. Porque por muito que o papá tente reconfortar... faz-me lembrar aquela série infantil 'Os Dinossauros' (sim... fazendo a analogia e a piadinha barata eu sou desse tempo dos dinossauros) em que quando o pai se tentava aproximar do bebé levava sempre com uma frigideira na cabeça e a explicação 'Tu não és a mamã!'.
Claro que não é uma questão de falta de confiança, e já os tenho deixado sozinhos com o pai. Também com a minha sogra chegam a passar fins de semana e uns dias de férias. Mas durante todo esse tempo o espírito não descansa. Se eu não estou por perto e me ligam imagino logo o cenário mais tenebroso e que irei ser apedrejada por não ter estado presente. Mas a verdade é que eles também gostam de estar sem a mamã, e eu terei de encarar isso com naturalidade. Por vezes nem querem falar comigo ao telefone, estes sacanas!!
Não... no meio de tudo isto percebo que, para mim, o pior não é ter a dose diária de paciência suficiente para as 24h, mesmo porque eu tenho uma técnica bem desenvolvida no sentido de os fazer dormir pelo menos metade desse tempo, o que facilita muito no doseamento. O problema maior é a 'dose diária de energia', que no meu caso confesso que anda sempre no limite. E mesmo assim, quando achamos que vai acabar, e que temporáriamente culmina com um cair para o sofá a babar-me cerca das 21h30, renasce a qualquer choro ou mesmo sussurro vindo do quarto dos mabecos. Como é que isto é possível?
E já agora... alguém me explica como é que se consegue desviar este automatismo para as tarefas domésticas? Estilo... cerca das 3h00 da matina acordar electrizado para ir passar a ferro ou limpar o chão? Isso dava cá um jeito!!