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Aventuras e desventuras de uma mamã de gémeos: Como me meti nesta enrascada; Relatos da (in)experiência; O dia-a-dia com 2 mabecos... Leiam e participem!!
Iamos de carro para a escola e já estavamos há algum tempo parados num cruzamento. Havia tanto trânsito que era difícil avançar de forma segura e quem tem filhos bem sabe que quando eles vão no carro não se arrisca. Por isso esperámos.
Ao fim de uns instantes diz a Patapon:
-São uns palhaços! Não nos deixam entrar.
Meio hesitante lá avancei mais um pouco a ver se uma alma caridosa nos deixava passar, mas a resposta que tive foi uma buzinadela. E nisto, da boca do Pandinha até então calmamente sentado no banco de trás, oiço um sonoro:
-Fo**-seeeee!!
Cenário de final de tarde: 2ª Circular com uma fila de bradar aos céus e eu encaixotada numa Peugeot com dois mabecos irrequietos sem possibilidade sequer de abrir as janelas por causa da chuvinha parva de Verão. Desde cantarolar, contar histórias, fazer macacadas, valia tudo. Mas nada resultava a 100% e por diversas vezes os miúdos diziam que queriam sair. Até que às tantas o Pandinha sai-se com esta:
-Ó mãe! Buzina para eles saírem da frente que estou farto de estar aqui!
-Não posso buzinar, querido! Estamos em fila e é mesmo assim. Temos de esperar.
-Claro que podes buzinar e eles saem! Carrega no leão!
Para evitar aqueles palavrões que nos saem boca fora quando vamos a conduzir com os mabecos a ocupar o banco de trás (e digo a ocupar o banco pois por muito que se tente encontrar não há banco suficientemente largo para comportar duas GRACO e mais um passageiro), comecei a usar a expressão 'palhaço' para todas aquelas situações em que alguém se atravessa no nosso caminho, ou vira sem fazer pisca (ainda estou para saber se esses fulanos tiveram aulas de condução como eu, ou se simplesmente tiveram azar por o carro vir sem as ditas luzes).
Acontece que esta manhã iamos a sair do estacionamento junto a casa quando vimos um casal que mora aqui no prédio na rampa de acesso. Prontamente, do alto da sua GRACO, o Pandinha exclamou:
-Ó palhaçoooooossss!
Claro que o repreendi e disse que não podiamos sair por aí a chamar palhaço a toda a gente, e que ainda para mais eram nossos vizinhos. Mas isto quando se tem gémeos é complicado, pois a Pespinetazinha saiu logo em auxílio do mano:
-São palhaços sim, mamã! Estavam no meio do caminho!!
Valha-me (espero eu) o facto de ser inverno e seguirmos de vidros fechados...
Há uns aninhos atrás, ainda nós nem imaginávamos que nos iriamos meter nesta aventura que é ser mãe/ pai de gémeos, fomos com um grupo de amigos ao teatro ver a peça Caveman, com o Jorge Mourato. Na altura achámos piada à forma divertida como faziam o comparativo entre os Homens actuais e os Homens das cavernas. Ilustrava o instinto de caçador ainda existente no sexo masculino pela forma como estes 'espécimens' seguem uma linha recta de acção, independentemente daquilo que pisam ou derrubam pelo caminho, e o instinto recolector do sexo feminino que acaba por se traduzir sobretudo nas idas às compras (é aquela velha questão do 'E mais isto que pode fazer falta', com a qual eu não me identifico de todo...lol).
Pois há dias numa das idas a pé para a escola ia o Pandinha pela minha mão a fazer-me festinhas e eu a elogiá-lo, completamente deliciada, quando vimos um melro a pousar na relva. Pode até ser difícil de imaginar um tal comportamento no dócil Pandinha, mas assim que eu chamei a atenção para tal animal parece que o miúdo se transformou num qualquer Caveman em segundos, e largando a minha mão começou a ameaçar o dito bichinho com a bola que transportava consigo. Não fosse eu conter-lhe os ânimos e teriamos jantado melro frito.
Tudo isto me levou a concluir que realmente por muito que a gente os eduque, há sempre um troglodita dentro de cada elemento do sexo masculino, e eu arriscaria dizer que assoma com frequência à superfície até pelo menos aos 40 anos. É vê-los por aí no trânsito a chegarem-se às traseiras das nossas viaturas enquanto buzinam frenéticamente, a não conseguirem recusar participar num concurso para emborcar cerveja, ou simplesmente a fuçangarem como pontas de lança de uma qualquer equipa futebolistica.
E claro que quando questionados haverá sempre um motivo muito válido para tais comportamentos, mas eu continuo a achar que no fundo andam é a sonhar com mamutes...